Temos aqui mais um clássico exemplo de um game que claramente evolui sobre bases sólidas. Quem tem um Xbox One ou acompanha o mundo dos jogos de corrida sabe que a franquia Forza anda de vento em popa, com um lançamento após o outro, fazendo a festa dos fãs da velocidade digital com o anúncio de um novo game logo quando eles já estão começando a se cansar do anterior.
São diferentes as abordagens aqui, e o fato de a Microsoft ter mais de um time de desenvolvimento trabalhando na série permite não apenas games com diferentes pegadas – Motorsport, mais focado na simulação, e Horizon, voltado para os fãs do arcade – mas também uma produção cruzada, com os avanços de um influenciando o futuro de outro.
E então, chegamos a Forza Horizon 3, o mais recente título da saga e, também, um dos games de corrida mais “personalizáveis” de todos os tempos. Com opções para todo tipo de piloto, o título continua a comprovar que, pelo menos por enquanto, o Xbox One ainda é a plataforma com mais opções para os fãs da velocidade.
O jogador chega a Forza Horizon 3 como um veterano do festival de velocidade, que já correu o mundo e agora aterrissa na Austrália. Isso permite que a Playground Games, desenvolvedora do título, coloque tudo, efetivamente, nas mãos de quem está com o controle, abrindo todo um leque de novas opções que vão desde as opções de dificuldade e simulação até o andamento do evento em si.
Agora, é possível contribuir diretamente para o desenvolvimento de Horizon, com o aumento no número de fãs permitindo a expansão do festival para novas zonas do mapa. Isso, também, abre as portas para a variação nos estilos de corrida, que agora, envolvem desde o asfalto até as areias e florestas, com provas que vão de simples corridas de velocidade até rallies ou disputas de habilidade no drift – tudo potencializado por gráficos belíssimos e grande quantidade de particular para tornar tudo ainda mais realista.
Isso sem falar, claro, nas competições contra helicópteros ou trens de carga, apenas para citar alguns exemplos. Se assemelhando mais a corridas de exibição do que a provas propriamente ditas, tais eventos mostram a criatividade da produtora, convergindo para os momentos mais divertidos de toda a experiência com Forza Horizon 3.
O jogo permanece em cima do muro que divide o trabalho realista com os veículos de um mundo mais arcade.
Alterações na dificuldade também contam aqui, e mais do que permitir que o jogador teste as próprias habilidades, garantem pontos extras. Aumentar as capacidades da IA ou desligar assistências de freio, por exemplo, garantem uma evolução mais rápida, além de permitirem que o jogo se adapte de forma mais adequada a cada um.
Esse aspecto de customização também se aplica aos veículos. São mais de 300 carros disponíveis para serem utilizados, e por mais que alguns eventos exijam categorias específicas, você sempre terá uma grande quantidade deles para escolher. Opções de ajustes permitem que os veteranos adaptem a performance a seu gosto, enquanto os loucos pela customização podem criar designs ou baixar desenhos prontos da internet.
A posição de “líder” do festival também abre espaço para momentos criados de forma quase orgânica. Como um dos corredores mais famosos desta edição do Horizon, já tendo acumulado vitórias nos eventos anteriores, é possível desafiar corredores diretamente nas pistas, mesmo durante o caminho de uma prova a outra, trazendo novos competidores para seu time e garantindo pontos extras por isso.
Forza Horizon 3 acaba se consagrando como uma das melhores opções do ano para os amantes da velocidade.
Rachas também podem ser criados em tempo real com o sistema de comboios. Viu um carro buzinando enquanto você passa? Responda para que ele se junte a você, e quando uma meia dúzia estiver te acompanhando, inicie uma corrida rápida para ver quem é o melhor
Entretanto, tente não se incomodar com a péssima inteligência artificial dos competidores, que causam verdadeiros engavetamentos por não saberem lidar com os populares que tentam viver na cidade, apesar do festival.
Da mesma forma, abrem-se as portas também do modo multiplayer, que apesar de acessado por um menu dedicado, tem seu progresso unido à campanha central. Da mesma forma que acontece com os companheiros controlados pela IA, dá para desafiar a galera para uma corrida, criar equipes para encarar os desafios da história ou simplesmente andar pelo mundo encontrando outros corredores pelo festival.
São tantos aspectos em Forza Horizon 3 que fica até difícil definir qual é o melhor. As opções de configuração e diferentes modos acontecem de forma orgânica e exigem poucos pressionamentos pelo jogador para começarem a funcionar. Os tempos de carregamento são adequados e, em alguns segundos, é possível partir de um passeio livre para uma corrida intensa, ou ativar o modo multiplayer e continuar jogando enquanto uma partida é localizada.
Essa grande quantidade de opções também gera certa confusão no mapa do mundo, e muitas vezes, o jogador acabará selecionando uma prova que já concluiu pelo simples fato de que elas não desaparecem do mapa após serem completadas. Algum tipo de filtragem ou visualização diferente, aqui, não faria mal a ninguém e daria aquela força no progresso.
Por trás dos belíssimos gráficos e da quantidade esmagadora de opções, entretanto, esconde-se um aspecto que pode ser criticado desde o primeiro game da série. Por ser baseado em uma franquia de simulação, e herdar muito do desenvolvimento feito nela, Forza Horizon 3 acaba permanecendo em cima do muro que divide o trabalho realista com os veículos de um mundo mais arcade, que exige mais do que apenas a existência de assistências ou mudanças nos danos dos carros.
O título continua a comprovar que, por enquanto, o Xbox One ainda é a plataforma com mais opções para os fãs da velocidade.
Essa questão se traduz em aspectos físicos que não funcionam de forma consistente, por exemplo. Algumas árvores podem ser quebradas pelos carros, outras não, e é complicado distinguir uma da outra. Batidas podem gerar diferentes reações, desde lançar o carro para a frente em alta velocidade, faze-lo parar completamente ou não gerar nenhum tipo de reflexo.
Quem gosta dos muscle cars também terá um grande desafio pela frente, já que tais alterações nos mecanismos da física fazem com que eles sejam bem complicados de serem domados. A grande quantidade de curvas fechadas nas cidades onde o festival se passa gera, também, muitas saídas de traseira e batidas nas laterais das pistas, dificultando o processo de evolução e se tornando uma armadilha para jogadores iniciantes, já que estes são os veículos mais legais disponíveis no início de Forza Horizon 3.
Desligar todas as assistências, claro, pode tornar a experiência um pouco mais funcional, mas, ao mesmo tempo, complicada para iniciantes. Por isso, o ideal é escolher um veículo esportivo e permanecer com ele, optando pelos muscle cars apenas caso saiba exatamente o que estiver fazendo – e tenha paciência para lidar com os problemas em utilizá-los.
Apesar de seus problemas, alguns menores, outros mais graves, Forza Horizon 3 acaba se consagrando como uma das melhores opções do ano para os amantes da velocidade. O título apresenta opções o suficiente para manter qualquer jogador ligado por horas, e carros e alternativas o bastante para compensar uma certa repetição de cenários e propostas ao longo da experiência.
Os gráficos belíssimos e a variação de cenários, ao som de uma trilha sonora licenciada muito bem escolhida, dão o toque final a um game que se mostra bastante superior a seu antecessor, e ainda com um grande espaço para evoluir. O progresso é como o de uma equipe de ponta, que já está na liderança há algum tempo e permanece ampliando a diferença em relação aos rivais.
O jogo foi analisado no Xbox One.