Outra demonstração a portas fechadas que surpreendeu durante a BGS 2016 foi a de Detroit: Become Human, novo título da Quantic Dream (de Heavy Rain e Beyond: Two Souls). Apesar de a mesma apresentação já ter sido feita durante a E3, aqui tivemos a oportunidade de ver, dentro de uma janela de 30 minutos, dois dos incontáveis desfechos que subvertem das inúmeras escolhas que teremos durante o game. A apresentação foi conduzida pelo produtor Daimion Pinnock, e logo no início, ele deixou claro que todas as escolhas abrirão novos caminhos e poderão salvar vidas ou não.

O game se passa na cidade de Detroit, em um futuro onde androides se integraram à sociedade, e exercem diferentes funções. Alguns deles, entretanto, começaram a ter repostas emocionais, e até ter atitudes ou executar ações das quais não foram designados para. No gameplay mostrado vemos Connor, que trabalha para a polícia, atuando mais como um consultor em casos envolvendo androides, e não como um agente propriamente dito.

A emergência a que ele atende na demonstração tem ação no terraço de um prédio, e cabe a ele chegar até o local e conseguir negociar com o infrator (chamado de deviant). Todavia, até apresentar-se no ponto em questão, é necessário coletar algumas pistas sobre a situação. Aqui, tudo pode variar de acordo com a vontade do jogador em explorar e aprofundar-se ou não no caso, uma vez que juntar as informações certas podem fazer toda a diferença. Isso quer dizer que, não basta apenas conhecer o criminoso e saber quem ele está ameaçando; vasculhar suas memórias e encontrar o motivo que o fez partir para tamanha barbárie pode ser muito mais efetivo.

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Quando Connor chega ao prédio e o adentra, há inúmeras interações com o cenário, que vão desde ações simples como checar a porta e as janelas e conversar com os demais oficiais, por exemplo, até a salvar a vida de um peixe que foi jogado para fora do aquário.

Algo muito interessante mostrado é a frieza e o julgamento com a qual o protagonista desta missão é tratado pelos demais personagens em cena. Por ser um androide, mesmo que esteja do lado da justiça, Connor é encarado com certa relutância, e chega até mesmo a ser discriminado pela mãe da garotinha que deve ser salva, e que está sendo feita de refém no terraço. O trabalho de atuação e de captura de feições faciais beira ao inacreditável nestes pequenos fragmentos de gameplay, o que só exalta ainda mais a qualidade do título.

Prosseguindo então com a breve investigação, somos apresentados a uma habilidade especial que apenas Connor possui: uma visão panorâmica do cenário reconstruído feito de frames, tal como uma espécie de raio X do ambiente, que permite enxergar objetos ou áreas pertinentes para a coleta de informação. Explicando melhor, ao utilizar esta artimanha, toda a visão da tela do jogo se transforma, assumindo tons de cinza, e apenas os objetos ou as pessoas importantes se destacam.

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Com esta técnica, é possível reconstruir eventos que aconteceram anteriormente, e assim agregar alguma pista útil. Um bom exemplo disso foi quando Connor averiguou o corpo baleado de um dos policiais. Analisando os pontos de impacto do projétil que atingiu o oficial e quais órgãos foram perfurados, o androide conseguiu recriar uma provável origem daquela cena. É possível ainda controlar a câmera desta recriação com o touch pad do joystick, e também rebobinar ou avançar a sequência, para assim, descobrir algo importante, que mais tarde irá ajudá-lo em sua argumentação contra o deviant.

A probabilidade de a missão dar certo vai caindo ou aumentando conforme as escolhas tomadas, e também conforme as pistas coletadas, afinal, como já comentado antes, as informações certas garantem mais chance de a missão ser um sucesso ou não. Nesta primeira jogada, o produtor da Sony que nos acompanhava, infelizmente fracassou no objetivo, mesmo tomando toda a precaução possível, e o androide criminoso se jogou do terraço do prédio com a refém.

Já na segunda jogada, porém, ao invés de coletar informações apenas sobre o deviant, ele optou por juntar pistas sobre a vítima. Isto abriu um novo leque de opções de diálogo, e também aumentou a chance de a missão dar certo, uma vez que descobrimos que o infrator na verdade era amigo da menina que estava sendo feita de refém. Mas o que teria feito ele se voltar contra ela daquela forma?

A resposta logo veio enquanto encontramos o corpo do patriarca da família, estirado na sala do apartamento. Com a reconstrução daquela cena, tudo passou a fazer sentido, e então todas as peças se encaixaram: o deviant era uma espécie de empregado da família, e havia desenvolvido certo afeto por eles, mas acabou descobrindo que seria substituído, e por isso se revoltou e tomou atitudes tão drásticas.

Após todo este processo, hora de ir para o terraço uma vez mais. Desta vez, as chances de Connor eram maiores, e a cada escolha de argumento, uma nova árvore de diálogos nascia – algumas respostas estavam inclusive com um cadeado, indicando que, com uma investigação ainda mais profunda, outras possibilidades seriam destravadas. Com todas as informações coletadas, porém, foi um pouco mais fácil – e muito mais tenso – conseguir fazer o deviant desistir de sua ideia, e logo, a missão foi concluída com sucesso, muito embora, não tenha sido exatamente feliz, já que o infrator foi alvejado pelos oficiais tão logo soltou sua refém.

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Pinnock comentou que Connor será o segundo personagem jogável de Detroit: Become Human, contrastando com Kara, que conhecemos nos primeiros trailers apresentados. O produtor também explicou que os dois protagonistas terão suas próprias histórias, mas elas se entrelaçarão em algum momento, e que possuem paralelos em alguns trechos.

Quando perguntado a respeito do tempo limite para coletar pistas, Pinnock falou que isso se aplica apenas à história do Connor, já que Kara terá uma narrativa diferente. Entretanto, com o consultor de polícia, o tempo pode influenciar sim a probabilidade de a missão ser bem-sucedida ou não.

Detroit: Become Human ainda não possui uma data de lançamento certa para o PlayStation 4, e tampouco sabemos se virá com legendas em português; mas duas coisas são mais do que certas: eu estou absolutamente no hype para jogar este título (que tanto me faz lembrar de Blade Runner, inclusive), e, nossa, que gráficos lindos…

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