Jogos mobile baseados em versões para consoles e PC carregam um estigma de, normalmente, trazerem versões básicas demais do produto original. Seja com funções faltando ou, simplesmente, falta de qualidade e trabalho, edições desse tipo surgem, no máximo, como uma curiosidade interessante, sem carregar nada do charme e diversão do produto original. É por isso que, muitas vezes, as desenvolvedoras tomam a acertada decisão de seguirem o caminho dos companion apps, agregando funções, em vez de tentar criar uma reprodução.
Mas o que acontece quando a mesma desenvolvedora da versão original resolve, por ela mesma, criar uma edição de seu título para celulares e tablets? O resultado é F1 2016, uma reprodução fiel não apenas da categoria do automobilismo que deseja levar para as telinhas, mas também do próprio título que a originou.
Bastante semelhante à edição para PS4, PC e Xbox One, principalmente no conjunto gráfico, que impressiona, o título conta com todas as escuderias, pilotos e pistas da temporada. Também estão lá os modos Carreira, no qual o jogador cria seu próprio personagem e compete ao lado dos atletas em busca da vitória – também dá para escolher um deles e seguir o mesmo caminho –, e os desafios mais simples, que vão desde provas rápidas até tomadas de tempo.
É claro, ao fazer essa transposição, a Codemasters teve que fazer alguns cortes. Portanto, desista de pilotar como um profissional em seu celular, afinal de contas, é de deixar dúvidas se isso até mesmo seria possível levando em conta a tradicional imprecisão das telas de toque e a baixa quantidade de frames por segundo exibida no display.
Em sua configuração básica, por exemplo, F1 2016 tem aceleração automática, com o jogador sendo responsável apenas pelo freio – com assistências que facilitam a vida – e direção, com curvas que podem ser realizadas tanto virando o aparelho ou apenas passando o dedo pela tela. Asas móveis são ativadas automaticamente, quando possíveis de serem usadas, e as opções de acerto do carro passam longe da complexidade original.
Um dos melhores jogos de corrida mobile, com pilotos e pistas reais dando um toque de carisma que até mesmo os grandes expoentes da velocidade móvel não possuem.
Com isso, foi-se também um pouco do desafio do game, já que mesmo nas dificuldades mais altas, é fácil largar do último lugar e chegar rapidamente à frente do bando. Se correr direitinho, o jogador dificilmente terá dificuldades em vencer as provas, mesmo utilizando os carros mais lentos do grid, como as Manors ou Saubers.
Alguns pontos da simulação também aparecem pouco trabalhados, para o bem ou para o mal. F1 2016, nos celulares, apresenta um sistema de colisão mal programado e errático, que resulta em quebras completas da asa dianteira ao menor toque, e mal algum em muitas colisões graves. Quem gosta de dirigir no corpo a corpo vai se deliciar, já que, da mesma forma, punições por causar acidentes não são tão comuns.
O game compensa essa leniência dos comissários com uma bizarra rigidez nas punições por cortes de curva, algo que, inclusive, deveria ser negligenciado em um game com controles pouco precisos. Muitas vezes, simplesmente colocar as quatro rodas na zebra já conta como uma infração do tipo, invalidando um bom tempo de volta que é fruto de uma direção ousada.
Alguns pontos da simulação também aparecem pouco trabalhados, como o sistema de colisões ou as regras de corte de curvas.
Sendo assim, encarar seriamente a versão móvel de F1 2016 não é a melhor maneira de seguir. Os jogadores mais hardcore devem permanecer nos consoles e PC, enquanto os fanáticos pela categoria encontrarão, aqui, uma bela forma de passar o tempo, em reproduções bastante fieis das pistas e corridas que assistimos aos domingos.
Visto da forma correta, então, temos aqui um dos melhores jogos de corrida já lançados para celulares e tablets, com a presença de pilotos e pistas reais dando um toque de carisma que até mesmo os grandes expoentes da velocidade móvel não possuem.
O jogo foi testado no iOS.