A série Dead Rising faz companhia para Resident Evil no armário dos jogos de zumbi da Capcom. Se você já teve a chance de experimentar algum título da franquia, porém, sabe rapidamente que ela não tem absolutamente nada a ver com RE, tanto pelo clima mais leve quanto pelas possibilidades de jogo. Dead Rising 4, lançado no início de dezembro de 2016, vem para ampliar ainda mais a história da série e funciona também como um grande amálgama dos três títulos anteriores.
Para começar, o jogo traz à baila o lendário Frank West, jornalista e herói de Willamette, a cidade que foi palco da primeira infestação zumbi da franquia no primeiro Dead Rising, de 2006. West retorna à pequena cidade do estado do Colorado e se vê novamente diante dos mortos-vivos. O jogo se passa no ano de 2021, ou seja, Frank West está 15 anos mais velho, mas o tempo fez muito bem para o protagonista, que continua parrudo e com disposição de sobra para trucidar os desmortos.
Quando o jogo começa de verdade, Frank West está novamente diante de um shopping. Os primeiros minutos de jogatina, então, lembram de forma absoluta os dois primeiros títulos da série, com lojas de sobra para você explorar e com zumbis a perder de vista esperando pela sua fúria.
Aos poucos, porém, Dead Rising 4 vai se tornando mais parecido com o anterior, com missões acontecendo a céu aberto e em bairros distantes do marco zero do game. O mapa do jogo é vasto, então um veículo será sempre bem-vindo na hora de se deslocar. Aqui está um dos pontos interessantes do game: a variedade de cenários, que vão de shopping a complexos militares e fazendas. Em suma, como um jogo de mundo aberto que se preze, o novo título da Capcom não decepciona em relação a diversidade e tamanho do mapa.
Em relação ao arsenal disponível para o jogador, também não há do que reclamar. Assim como em outros títulos da série, aqui você pode transformar basicamente todos os itens que aparecem pela sua frente em armas. Aos poucos, você encontra projetos que permitem ao seu personagem construir armas combinando objetos encontrados, o que também colabora para ampliar a diversidade da experiência.
A avaliação geral é de que Dead Rising 4 é um jogo bem divertido. O humor ácido de Frank West, os palavrões de sobra e as tiradas bem sacadas em vários momentos garantem o toque de leveza que marcou a franquia até agora, algo capaz de agradar novos e antigos fãs. As novas armas e as novas aventuras também complementam a parte das novidades e somam alguns pontos positivos para o título.
Porém, a sensação que fica após poucas horas de jogo é a de um grande mais do mesmo. Talvez a máxima de “time em que está ganhando não se mexe” seja aplicável aqui, mas Dead Rising 4 acaba por ter um potencial maior para agradar novos jogadores do que quem já gastou algumas horas em frente ao console destroçando zumbis das mais variadas maneiras possíveis.
Este game funciona como uma evolução natural dos seus antecessores. Isso não é ruim, obviamente, afinal pode ser encarado como uma grande ampliação de algo que veio sendo construído nos vários títulos da franquia ao longo da última década. Contudo, a ausência de grandes novidades de fato pode causar algum desânimo aos jogadores mais exigentes e ávidos por alterações marcantes na jogatina (ou mesmo no enredo) entre um título e outro.
Nem mesmo os exotrajes, armaduras que aumentam a força de Frank West e que permitem a ele utilizar equipamentos mais poderosos por um curto período de tempo, ou a poderosa câmera de West e as novas possibilidades de capturar imagens e investigar cenários com ela são capazes de criar um fato realmente novo em Dead Rising 4.
Dead Rising 4 é divertido, diversificado, mas não consegue superar a sensação de “mais do mesmo”.
A jogabilidade de Dead Rising 4 é basicamente igual à dos títulos que o antecederam. O lado positivo aqui está na organização das armas, com cada tipo de equipamento sendo acionado por um botão direcional do controle. Isso torna tudo mais acessível e fácil de ser usado, algo que realmente faltava nos jogos anteriores.
Contudo, a mecânica de jogo ainda soa problemática especialmente na hora de um combate. Controlar uma arma para o corpo a corpo não é um problema, mas a coisa complica quando você resolve usar uma arma de fogo. Os disparos à distância não têm qualquer tipo de precisão, dificultando o simples ato de atirar deliberadamente em alguma parte específica do corpo dos seus adversários. O mais decepcionante aqui é que esta mesma característica não é novidade na série, deixando a impressão de que a Capcom não trabalhou direito neste aspecto.
Lógico que tudo isso não vai comprometer a diversão e a imersão na história. Dada a enorme quantidade de zumbis para você matar (e a variedade de formas com que você pode fazer isso), ser um tanto complicado utilizar uma arma de fogo para arrebentar um morto-vivo ou um soldado inimigo passa apenas como detalhe.
Enfim, quem se aventurar em uma Willamette vai encontrar bastante diversão e zumbis de sobra para matar. Armas e outros equipamentos não faltarão, assim como missões secundárias para você gastar tempo enquanto desempenha as funções da história central do game. Não dá para dizer que a ausência de novidades graves prejudiquem grandemente Dead Rising 4, mas, sem dúvida, contam alguns pontos negativos para a experiência de jogo.
Dead Rising 4 foi analisado no Xbox One, em cópia cedida pela Microsoft.