Na última semana passada, mais precisamente no dia 24 de janeiro de 2017, chegou às nossas mãos o aguardadíssimo Resident Evil 7, o qual já foi analisado e zeratinado aqui no NGP. É unanime, é um excelente jogo, fez milhares que diziam “isso não é RE” morderem a língua, enquanto fãs mais ardorosos já tem ele como GOTY certo. Eu, como mero apreciador da série, do tipo que joga e gosta apenas, estava mais preocupado com compatibilidade do game com o Playstation VR.

Como tudo isso é muito novo, várias coisas passaram pela minha cabeça: será que vai ser o jogo completo? Será que vai ser no mesmo disco? Será que vai ser apenas uma dessas curtas experiencias que tenho visto? Para minha alegria, o que aconteceu foi uma das decisões mais acertadas dos últimos tempos da Capcom, pois temos  exatamente o mesmo conteúdo. Óbvio, existem algumas pequenas diferenças, mas apenas na jogabilidade, mas por se tratar de um titulo em primeira pessoa, é como se faltasse apenas a imersão para converter o game para VR.

Quando iniciamos o jogo, nos é perguntado se desejamos jogar no modo VR, escolhendo sim, temos a possibilidade de passar por um rápido tutorial, onde nos é explicada apenas a movimentação. Nos controles, pouca coisa muda, para movimentar-se continuamos utilizando o analógico esquerdo, já o direito, agora apenas responde por girar o personagem horizontalmente. Esse giro pode se dar de duas maneiras, a primeira é de graus em graus, 30 em 30, 40 em 40 etc. Essa opção visa amenizar o desconforto que algumas pessoas sentem. A segunda opção é de forma gradual e suave, podendo escolher a intensidade do movimento, como já é padrão nos games.

Além dessas, existem outras opções que visam tornar a experiência VR o mais agradável possível. Os óculos assumem o que era a função do analógico direito e com ele podemos olhar para todos os lados, com o movimento da cabeça também é possível mirar,  e, para mim, isso deixou a ação muito mais dinâmica e orgânica. Outro ponto interessante é a possibilidade de olhar para trás, porém, como estamos sentados, isso pode nem sempre funcionar bem, principalmente na hora de fugir. Uma dica que eu uso é jogar numa cadeira giratória, pois isso facilita muito. De resto, os controles são basicamente os mesmos.

Resident Evil 7

Agora vem a parte divertida, a imersão. Como vocês sabem, em algumas partes do game, Ethan, o protagonista, tem que escapar da família Baker, exigindo nossas habilidades em furtividade. E nada melhor do que se abaixar atras de um móvel ou em uma das esquinas dos diversos corredores das casas, e, instintivamente, apenas esticar o pescoço para espiar. Ao se aproximar mais e mais, dá para ver em detalhes as pequenas larvinhas se retorcendo na imundice da casa dos Bakers, e, por fim, tentar resistir a sacudir o braço quando uma barata enorme passeia pela sua mão.

Se o jogo já tem uma carga de sustos considerável, eles se intensificam quando acontecem “literalmente” na sua frente. É impossível não se contrair todo quando um dos inimigos fica a centímetros da sua face ou tentar desviar de certos elementos do cenário. Somando isso ao isolamento proporcionados pelos fones de ouvido, é para ficar, no minimo, muito tenso.

Se dá medo? Bem, toda atmosfera, somada ao fato de sabermos que o jogo tem muitos sustos, nos deixam um bocado receosos ao andar pelos cenários. Há quem chame isso de medo.

Agora, vamos falar um pouco dos pontos negativos de Resident Evil 7 em VR. A verdade é que somos apenas um par de antebraços flutuantes, basta olhar para baixo e logo notamos que não temos pernas, tórax, nada. Piora quando você força um pouquinho mais a visão para baixo e consegue ver seus braços pendurados, aguardando o momento de serem utilizados. Outra sensação bizarra é quando estamos com o bloqueio acionado e olhamos para cima ou para baixo, a impressão é que temos os membros amarrados à nossa cabeça.

Outro ponto negativo são as legendas, que frequentemente se embaralham com inimigos e objetos do cenário, te obrigando a mexer a cabeça como se fosse Stevie Wonder tocando piano para conseguir ler toda a legenda. O mesmo acontece com o menu do D-PAD – estamos em um canto ou encostados numa parede, acionamos o menu rápido para troca de armas e ele se perde parede adentro.

O ponto a seguir não é necessariamente um problema, mas é onde sentimos a questão do jogo ter sido desenvolvido para rodar com ou sem VR. Com a ausência do acessório, a transição entre as cutscenes pré-renderizadas e o gameplay fluem tão bem que são praticamente imperceptíveis. Já em realidade virtual, o que acontece é que o jogo varia entre o Cinematic Mode (que simula uma tela bem grande na sua frente) e a jogabilidade. Logo, uma quebra na imersão.

Esses são pequenos detalhes que eu não deixaria passar em jogos exclusivos para o Playstation VR, mas se tratando de um jogo desse escopo, que se propõe a funcionar com e sem VR, esses pequenos pontos podem ser relevados. Para uma primeira incursão de um grande título no mundo da realidade virtual, Resident Evil 7 se mostra muito competente. No fim das contas, como eu disse na minha analise do Playstation VR, essa tecnologia chega para agregar e é muito bom ver um titulo de grosso calibre aderindo.

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