Terminar um jogo, muitas vezes, não é tarefa fácil. Fazer isso em tempo recorde, então, é coisa para quem manja muito. E é justamente essa a proposta do Brazilians Against Time, evento anual que coloca não apenas os melhores jogadores nacionais dos mais diferentes títulos para realizarem exatamente isso, mas também em prol de uma causa nobre, a ajuda a instituições humanitárias.
A edição deste ano começa no dia 1º de junho, ao meio dia, e segue ao longo de todo o final de semana, até domingo (04), com maratonas ininterruptas de games clássicos e também alguns recentes. Na lista, estão títulos como Resident Evil 4, Contra III, Sonic the Hedgehog, Pokémon Red, Goldeneye 007, The Legend of Zelda: Ocarina of Time e Outlast, apenas para citar alguns que estão em um cronograma com mais de 60 horas de transmissão.
O total arrecadado com doações ao longo do streaming vai para a Médicos Sem Fronteiras, uma organização não governamental especializada em auxílio humanitário na área da saúde. O grande foco é a atuação em zonas de conflito ou áreas atingidas por grandes catástrofes naturais, prestando atendimento médico gratuito aos carentes no momento em que eles mais precisam.
Final Fantasy VII é um dos jogos da Brazilians Against Time 2017
Para acontecer neste ano, entretanto, a Brazilians Against Time enfrentou problemas e teve que reduzir sensivelmente seu tamanho, deixando de lado até mesmo a presença de uma plateia ao vivo, para poder seguir em frente. Apesar disso, o clima é de entusiasmo, dedicação e, acima de tudo, uma grande vontade de ajudar ao próximo.
O objetivo para esse ano é aumentar os números de público e divulgação, mas principalmente, de doações. Em 2016, foram mais de R$ 6,7 mil levantados em prol da AACD, e agora, a ideia é ampliar esse valor, que será completamente entregue para a Médicos Sem Fronteiras.
Foi a própria organização, inclusive, quem procurou a Brazilians Against Time logo após o fim da maratona do ano passado. Eles emprestam seu nome para validar a iniciativa, mas o restante fica por conta da própria equipe, que tem Hugo Carvalho como um de seus organizadores. A ambição é alta, já que, segundo ele, a Médicos sem Fronteiras quer “que dê tão certo quanto a Games Done Quick, [a maior maratona do tipo no mundo]”. “Vai levar um tempo, mas a gente chega lá”, termina.
Reduzir para continuar crescendo
No ano passado, logo no começo da organização, entretanto, vieram os primeiros problemas. Desde junho de 2016, a Brazilians Against Time vem procurando patrocinadores para ajudarem na empreitada, mas não receberam resposta alguma – no máximo, alguns brindes para serem sorteados. A ideia de ampliar o evento, então, teve que ser deixada de lado para que a maratona em si pudesse acontecer.
Sendo assim, a equipe abandonou os planos iniciais de realizar a maratona em um hotel, com grande estrutura tanto para os runners quanto para o público. A alternativa foi a loja Walkers Magic Store, em Guarulhos (SP), que cedeu o espaço gratuitamente e vai sediar os quatro dias de Brazilians Against Time, infelizmente, apenas sendo capaz de receber os próprios runners e voluntários do evento.
A crise econômica que ainda assola o país, claro, é um fator, mas Carvalho aponta outros para a resistência de tantos patrocinadores em se aliarem à Brazilians Against Time, mesmo com a chancela da Médicos Sem Fronteiras. “Iniciativas desse tipo são muito pouco difundidas no país. [Além disso], ainda somos um grupo de pessoas e não uma empresa realizando eventos beneficentes, algo que vai mudar em breve”, explica Carvalho.
Das dificuldades, entretanto, surgiu justamente a motivação para seguir em frente, além de uma grande inspiração no próprio mote do Brazilians Against Time, que é adicionar ainda mais desafio ao se terminar um game de maneira extremamente veloz. “Jogamos desta maneira pois é difícil. Então, porque deveríamos ter menos garra com o evento?”, finaliza o organizador.