Como amante dos jogos de luta e fã de Tekken, estava apreensiva com este título, principalmente depois que o sexto game da série deixou bastante a desejar. Mas parece que 2017 é o ano do renascimento das franquias, pois Tekken 7 veio com tudo e devo dizer: bem-vindo de volta, meu rei!
Prometendo muitas novidades na jogabilidade, no enredo e em seus personagens, o jogo não traria apenas uma possível conclusão da história da família Mishima. A Bandai Namco disse que faria mudanças no gameplay, como habilidades especiais, a presença das QTEs e a possibilidade de usar armas. Sim, armas!
As Rage Arts, como são chamadas, são das mais variadas, desde um combo de golpes e raios com Kazuya até uma girada de corpo e chave de perna com a diva Nina Williams. Entretanto, as QTEs são uma faca de dois gumes, podem até divertir por um momento ou dois, mas são desnecessárias quando se analisa friamente. Por fim, a cena em que se usa armas é simples, pois o jogador não precisa mirar. Comprar um jogo de luta para atirar nos inimigos é um bocado estranho, porém.
Tekken 7 diverte com uma história boa e envolvente, deixando o jogador curioso e já na ansiedade para o próximo jogo. Se a Namco continuar com essa evolução, a franquia vai durar por anos.
Outra novidade é que, em alguns momentos, a câmera ficará lenta no meio do combate para que o jogador possa “apreciar” o golpe ou até pensar em algo para se defender do adversário. Mas, com o tempo, ele também notará o quanto isso é incômodo, principalmente quando está no meio da luta e vem a dita cuja. Isso fica bem chato e atrapalha bastante nos confrontos finais, onde a dificuldade é altíssima.
O enredo sempre foi ponto alto de toda a franquia Tekken. Desde o primeiro game da saga, fomos testemunhas de histórias envolventes, principalmente ligadas à família Mishima, que são foco principal da série. A diferença é que, aqui, ela é contada por um jornalista misterioso, não jogável, mas ligado diretamente ais acontecimentos, pois passou por um grande trauma causado pela guerra entre a Mishima Zaibatsu e a G-Corporation.
Começamos com Heihachi, que deseja recuperar o poder após o desaparecimento do atual presidente da Mishima Zaibatsu, Jin Kazama. Nina Williams aceita trabalhar com ele para salvar a companhia. Mas é claro que Kazuya ia entrar na trama, não só pelo desejo de dominar o mundo, mas também procurando vingança contra seu pai – como sempre!
Corrigindo os erros de Tekken 6, onde você era forçado a jogar apenas com o Lars ou a Alisa no modo campanha, agora o jogador começa com Heihachi, mas conforme for avançando, terá que lutar com outros personagens – esquema parecido com o que foi feito em Street Fighter V, só que bem feito.
Mesmo a saga Mishima sendo muito boa e mostrando um lado de Heihachi que muitos não conhecem, o enredo deixa aquele gosto de “quero mais”, provavelmente algo proposital para continuações ou DLCs. Infelizmente, outros personagens foram deixados de lado, tendo sua história contada em apenas uma luta e duas cutscenes, mais nada. Isso é triste para quem é fã de Paul Phoenix, Marshaw Law, Steve Fox e outros que não estão ligados diretamente aos Mishima.
Todos os personagens estão disponíveis no modo Arcade, mas não espere nenhum final majestoso ou uma grande quantidade de lutas. Aqui, é básico, com luta entre personagens aleatórios e o chefe final. Não há profundidade fora da campanha, mas ainda dá para se divertir lutando versus com um amigo no controle dois, pois contar com o modo online é pedir para passar raiva. Apesar de o servidor responder bem, a demora para encontrar um jogador pode ser bem longa.
Mesmo sem muito desenvolvimento, Akuma tem participação importante na campanha.
Mesmo sentindo falta de personagens como Anna Williams, Julia Chang ou Christie Monteiro, temos uma nova safra de personagens excelentes, desde a excêntrica Lucky Chloe, a brasileira Katarina Alves e o misterioso Claudio Serafino. Esse último, inclusive, é bem importante para a história.
A jogabilidade de Tekken 7 continua fluída como sempre. A quantidade de combos que você poderá executar é absurda, além das Rage Arts e algumas QTEs que podem fazer alguma diferença em combates mais difíceis, como o contra Akuma, por exemplo. Falando no diabo, mesmo sem muito desenvolvimento, ele tem uma participação importante na campanha.
Está pensando que, lutando com Akuma e dando apenas hadouken pode vencer a luta? Sim! É até um pouco injusto ter ele no mundo de Tekken, mas quem souber desviar dos golpes até conseguirá uma vitória suada.
Os gráficos são excelentes nas cutscenes – tanto os personagens como os cenários estão lindos e bem detalhados, com exceção de algumas cenas dos jogos anteriores que apresentam serrilhados. Já durante as lutas, os visuais são bonitos, mas Tekken 7 sofre quando o assunto é cabelo comprido. Eles não conseguem acertar de maneira nenhuma – coitada da Lili.
Os menus e as legendas estão em português, mas cada lutador fala o idioma do seu país de origem, com dublagem muito bem feita. E sim, Eddy fala português! A trilha sonora de Tekken sempre foi excelente, principalmente nas batalhas decisivas, e isso vai ser um deleite para os fãs da franquia também neste game.
Para os mais nostálgicos que querem matar a saudade de ver os finais, as cutscenes e a trilha dos outros jogos da franquia, a galeria do Tekken 7 é gigantesca. Você desbloqueia itens conforme for ganhando dinheiro do jogo. As moedas servem também para customizar seu lutador – afinal, quem não quer colocar um chapéu de panda no Heihachi?
Mesmo com alguns defeitos no modo online, Tekken 7 diverte com uma história boa e envolvente, deixando o jogador curioso e já na ansiedade para o próximo jogo. Mesmo que, em determinado momento, você não queria jogar, ainda poderá curtir uma galeria incrível dos outros games da franquia. Se a Namco continuar com essa evolução, teremos Tekken por anos, e esse novo game, com certeza, vai entrar forte na disputa do melhor jogo de luta de 2017.
O jogo foi analisado no PlayStation 4 com cópia cedida pela Bandai Namco.