Micro Machines World Series representa uma proposta inusitada para a Codemasters, uma empresa acostumada aos duelos de alta velocidade da série F1 e às corridas cheia de sujeira da franquia DiRT. Aqui, ela assume mais uma franquia licenciada, a da marca de brinquedos colecionáveis que dá nome ao título, mas em uma pegada completamente diferente.
Sai a simulação extrema e entra uma jogabilidade com foco na diversão, aos moldes de clássicos como Rock ‘N Roll Racing e Twisted Metal. Os saudosos jogos, que fizeram a diversão de muita gente há algumas gerações, podem ter sido deixados no passado por suas produtoras, mas jamais foram esquecidos. E Micro Machines World Series é a prova disso.
Não dá para encontrar entrevistas e citações da equipe de produção sobre a influência de tais clássicos sobre o novo game, mas ao mesmo tempo, é impossível não sentir que ela existe. Ao mesmo tempo, a Codemasters faz um bom trabalho de atualização nas fórmulas, adicionando mecânicas a la Overwatch e os gráficos sempre belos que são sua peculiaridade desde que se tornou um dos símbolos dos games de velocidade, ainda na geração passada.
Micro Machines World Series é como um party game, para reunir os amigos e se divertir em doses rápidas. Para ter no console em festas, mas com pouco a oferecer a quem deseja jogar sozinho.
Mostrando estar antenada no que está acontecendo no mercado, a Codemasters cria em Micro Machines um tiroteio competitivo, que permite aos jogadores diferentes estratégias e abraça as mais variadas formas de se jogar. É justamente aqui que cabe a comparação com Overwatch, já que, tirando seu componente de e-Sports, o título de corrida e tiro se assemelha bastante ao game da Blizzard em suas mecânicas.
Essa influência se dá por meio da variedade de veículos, todos com suas habilidades próprias e especiais únicos, que modificam o andamento das partidas. Tem para quem gosta de ir para a frente de batalha ou para os mais ágeis, que preferem evitar os combates e cumprir objetivos, além daqueles que curtem assumir uma posição de suporte, focando no auxílio aos parceiros e recuperação de vida.
As metas também são variadas, principalmente quando se joga online. É possível, por exemplo, seguir em um combate feroz ou disputar partidas de capturar a bandeira ou conquistar territórios. O modo multiplayer é o grande destaque de Micro Machines World Series e é aqui que está a primeira metade de sua força.
A segunda aparece nas corridas convencionais, tão insanas quanto os combates, mas sem o componente de destruição. Nas provas, a prioridade é chegar na frente, o que não significa que poderes especiais não possam ser usados. É aqui que entra em vigor os ataques a la Rock ‘N Roll Racing, voltados não, especificamente, para destruir o adversário, mas sim, para tirá-los da frente.
Temos, também, diferentes modos. Além das corridas convencionais, as provas de Eliminação compõem os trechos mais divertidos e desafiadores, com partidas que podem durar até mesmo alguns segundos de acordo com o comportamento agressivo dos jogadores. Mais uma vez, são rodadas que parecem feitas de forma especial para a divisão de sofá e a diversão com os amigos.
Para a alegria dos colecionistas, temos uma gigantesca quantidade de itens para coletar, que vão desde marcações para a pista até vozes e skins diferentes para os carros. Quem quiser ter absolutamente tudo deve jogar com todos eles, ganhando uma caixinha de artigos a cada nível atingido, ou, então, seguir pelo caminho mais difícil – focar em um único veículo e adquirir tudo usando moedinhas. Mais uma vez, é a influência de Overwatch e outros do gênero marcando presença.
Ao longo de toda a análise, comentamos sobre o quanto o título é focado no multiplayer. Entretanto, seu componente online apresenta constantes falhas de conectividade e funcionamento.
Os maiores problemas de Micro Machines World Series, entretanto, surgem no cerne de algumas de suas principais forças. Como já falamos, os gráficos do game são bem bonitos, com cenários que chegam a lembrar filmes clássicos como “Toy Story” ou “Pequenos Guerreiros”. Aqui, estamos controlando, efetivamente, brinquedos, que tomam vida nas casas das pessoas.
Isso se traduz em pontes feitas de livros, obstáculos criados por gotas de geleia na mesa do jantar e gotas de baba do cachorro da família. Mais do que isso, temos cenários cheios de referências e itens espalhados, algo que pode ser, ao mesmo tempo, uma vantagem – pela fidelidade visual ao nosso mundo – mas também um problema, já que tudo parece muito bagunçado.
Nas primeiras partidas, fica difícil até de saber o caminho a seguir em meio à grande quantidade de coisas na tela. Só depois de batermos algumas vezes contra os limites do cenário e conhecemos porque alguns elementos são “saltáveis” e outros não é que conseguimos seguir em frente de verdade em Micro Machines World Series, vencendo algumas corridas e explodindo nossos oponentes.
Ao longo de toda a análise, comentamos sobre o quanto o título é focado no multiplayer. Entretanto, seu componente online apresenta constantes falhas de conectividade e funcionamento, com lags que jogam no chão toda a experiência das corridas e falhas que derrubam partidas o tempo todo.
O sistema de matchmaking é até veloz e o jogador não ficará esperando por muito tempo. Em compensação, ele se surpreenderá quando ultrapassar inimigos não gerar mudança em sua posição nas provas ou quando perceber estar em último, mesmo não tendo sido deixado para trás por ninguém. Tudo fruto dos problemas do servidor, que, pelo menos no PlayStation 4 e em testes realizados pelo NGP, não se comportou bem.
Os maiores problemas parecem acontecer nos modos de corrida, onde o tempo de espera para marcações de partidas e a necessidade de agilidade na resposta da infraestrutura é maior. As falhas, ainda, se mostraram intermitentes, acontecendo mais em horários de pico e menos quando há pouco movimento – encontrar partidas em tais momentos, entretanto, se torna mais difícil.
Com isso, Micro Machines World Series acaba se posicionando como um party game, para reunir os amigos e se divertir em doses rápidas. Os poucos modos e a inexistência de uma campanha apenas evidenciam isso, assim como os próprios materiais de divulgação do título. Daqueles games para ter no console e jogar em festas, mas com pouco a oferecer para quem deseja aproveitar sozinho.
O game foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Codemasters.