Dispositivos mobile são excelentes lugares para os RPGs de turnos e Knights of Pen and Paper é um perfeito exemplo disso. Desenvolvido pela brasileira Behold Studios, o jogo que simula uma partida de RPG de mesa, usando uma narrativa bem humorada, foi bem recebido pelos jogadores. Dessa forma, não demorou e uma versão melhorada, com novos desafios, vilões e masmorras, foi providenciada, expandindo sua história.
Entretanto, a sequência do jogo não veio pelas mãos da mesma desenvolvedora – ela vendeu os direitos de Knights of Pen and Paper para a Paradox Interactive, sua antiga publisher, lançando uma continuação com gráficos diferentes do estilo pixelado adotado no primeiro jogo. Enquanto isso, os fãs da Behold Studios esperavam um novo game com o mesmo charme do pixel e o bom humor característico. Para a continuação, porém, seria necessário mudar da capa e espada para um ambiente diferente, mas que garantisse o mesmo nível de diversão. O resultado foi olhar para cima e ir até o espaço, sendo esse um dos melhores gêneros nas partidas reais de mesa.
Se Galaxy of Pen and Paper fizesse apenas o básico e entregasse algo semelhante ao jogo anterior, já valeria, porém a Behold resolveu fazer mais. Ela conseguiu inovar em tudo o que se propôs, transformando um estilo de jogo que já era divertido em algo necessário para quem gosta de RPG, sci-fi e games mobile.
Galaxy of Pen and Paper é um jogo mobile obrigatório. A Behold inova em tudo o que se propôs, transformando um jogo que já era divertido em algo essencial para quem gosta de RPG, Sci-Fi e games mobile.
A evolução de todos os aspectos do jogo é vista assim que o aplicativo é aberto. A pixel art está muito bem trabalhada, dos personagens principais aos NPCs sem muita importância, todos estão igualmente detalhados e a trilha sonora com cara dos anos 1980 ajuda a compor o climão futurista usado na época. O texto do jogo também mudou, está com mais piadas da cultura nerd e dos hábitos RPGísticos, contando com uma anedota nova cada vez que o aplicativo é aberto.
Galaxy of Pen and Paper, inclusive, deu uma repaginada nas habilidades dos personagens. Entretanto, isso foi feito acrescentando demais e explicando de menos. A decisão de manter as descrições engraçadinhas nas Classes de Personagem, ao invés de detalhar o que cada uma faz e as várias opções selecionáveis nas habilidades, pode confundir quem não havia jogado o primeiro game da desenvolvedora.
A batalha em turnos agora conta com uma movimentação em um pequeno grid, adicionando uma camada extra de estratégia. Narrativamente, o jogo dará opções para o jogador abordar situações de maneira diferentes, inicialmente duas, partindo para a porrada pura e simples ou argumentando, para tirar alguma vantagem usando a boa e velha lábia.
Porém, a maior e mais divertida inclusão em Galaxy of Pen and Paper foi a batalha espacial. No início do game, após roubarmos nossa nave e nomeá-la – adianto que, infelizmente, Millennium Falcon ultrapassa o limite de caracteres – podemos partir e dar sequência em missões em outros planetas e combater naves inimigas no meio do caminho.
Começando com uma pirâmide holográfica no centro da ponte de comando, esse objeto quase místico gera o poder de fogo da nave ao criar números aleatórios que são aplicados na escolha do ataque ou em manobras de defesa. Em outras palavras, funciona exatamente como um dado de quatro lados na mesa de RPG. O detalhe do aumento do poder da nave, ao mudar da pirâmide para um cubo holográfico, coloca um sorriso no rosto de qualquer rpgísta.
Galaxy of Pen and Paper possui uma campanha interessante, começando de uma forma bem semelhante a algumas cenas de Star Wars. Com o bom humor característico, o jogo une várias referencias de obras no espaço em sua história. De Arthur Dent enrolado na toalha a patrulheiros espaciais, todos com seus nomes ligeiramente diferentes, podem aparecer para ajudar ou atrapalhar o percurso.
Com o bom humor característico, o jogo une várias referências de obras no espaço, de Arthur Dent a patrulheiros espaciais.
O jogo também nos deixa escolher como seguir, seja selecionando missões secundárias, partindo direto para a quest principal ou apenas batalhando sem compromisso e garantindo experiência e dinheiro. Sobre os inimigos, chamam a atenção os vários modelos de criaturas e vilões, deixando de lado aquela sensação de que a única mudança fica nas cores das roupas.
Essa atenção aos oponentes não foi apenas na parte estetica, eles estão mais desafiadores, mesmo no nível normal. Será necessário fazer um grinding nos monstros e encarar várias missões secundárias para seguir a campanha sem problemas e garantir que seus itens de cura e equipamentos sejam úteis. Bem como em qualquer bom jogo do gênero nos áureos tempos dos JRPGs.
Com todos esses pontos, a Behold Studios conseguiu algo que era bem difícil: remover o Knights of Pen and Paper do topo do pódio quando o assunto é jogos de RPG no celular. É uma tarefa que apenas uma boa ideia nova, mecânicas mais imersivas e seguidos acertos críticos nos testes de Carisma poderiam fazer. Tudo com maestria. Galaxy of Pen and Paper é um jogo mobile obrigatório.
O jogo foi analisado em iOS, em cópia cedida pela Behold Studios.