Os jogos para iOS e Android possuem uma vantagem sobre os games para os videogames padrão: para destacar-se entre os demais, basta ter uma mecânica bem otimizada e uma jogabilidade agradável. Quanto aos gráficos cada vez melhores, ótimas trilhas sonoras e uma história memorável, esses pontos, ainda que importantes, nunca foram prioridade nos aplicativos.
Entretanto, quando todos os aspectos acima são levados em conta, e ainda acrescentam uma dose gigantesca de fofurice e gatinês, temos um dos melhores jogos do ano para celulares. Cat Quest, lançado em setembro de 2017 para iOS e Android, foi feito para quem gosta de três coisas: The Legend of Zelda, Skyrim e, obviamente, GATOS.
E, ainda assim, caso desgoste de smartphones, o jogo também saiu para Nintendo Switch, PlayStation 4 e PC. Ou seja, não há desculpas para não jogar com o Mussarela do NGP – ou Mussa, para os mais chegados.
O Chosen One sem nome
Cat Quest quer que o jogador jogue logo, olhe todo o mapa extenso e perceba que, para avançar na história simples e divertida, terá que explorar as mais de 60 dungeons, encarar as dezenas de side quests e fazer grinding, igual a todo RPG clássico. As habilidades – Força, Vitalidade e Magia – alteram-se de acordo com os itens equipados. Não há, contudo, escolhas de classes de personagens ou builds para montar. Nascemos prontos, como um mítico Dragonblood. Um gato com sangue de dragão.
A história começa logo após o sequestro da irmã do nosso personagem e o barco onde estavam ser destruído pelo vilão Drakoth. Assim, o herói sem nome – aquele recurso manjado dos RPGs para imaginarmos o que melhor combinar com o game – é resgatado e acordado pelo seu espírito guardião, o Spirry.
Os dragões retornaram ao mundo e apenas o Dragonblood pode por fim a essa ameaça liderada por Drakoth – sim, é bem igual, mas sem o grito. Assim, Spirry e o pequeno Mussa seguem em busca da irmã raptada e também tentam descobrir o real motivo do retorno dos dragões e do Dragonblood.
A repetição boa do RPG casual
Por mais tentador que seja ter o aplicativo de Final Fantasy IX, por exemplo, esperando para drenar a bateria do smartphone, RPGs mais simples ficam melhor palatáveis nos dispositivos mobile. Além disso, jogar um game squareniano no celular nunca foi tão acessível ou portátil assim, tanto pelo preço quanto pelo carregador preso à tomada.
Fazendo parte de uma gama de novos games do gênero – num preço muito justo pelo que entrega – Cat Quest fica no limiar da jogabilidade simples, com uma ou outra variação, embora isso não o torne enfadonho. Ainda que não seja dessa categoria, a satisfação de joga-lo lembra um beat ‘em up de mundo aberto e com elementos de RPG. Escola Zelda, mesmo.
Basicamente, o mesmo movimento na tela para mover Mussa seleciona o alvo do ataque. Enquanto o inimigo estiver marcado, e próximo ao herói, a peleja acontece. É possível, também, utilizar uma listagem de magias, todas com suas animações individuais e bem feitas.
Seria de se esperar que um jogo com um bom tempo de gameplay, excelente trilha sonora, gráficos cartunescos muito bonitos e um bom número de inimigos tivesse um tamanho considerável, mas Cat Quest muda essa lógica. O espaço ocupado no armazenamento interno do celular é menor que 300 MB. Além disso, ele funciona sem depender de conexão com a internet, algo que, infelizmente, é uma praga atual.
Com isso, Cat Quest certamente não se encaixa como um RPG clássico, funcionando melhor como um casual. Um gênero que une o melhor dos dois mundos, a facilidade das partidas rápidas e sem compromisso junto às histórias bacanas e gameplay desafiante e cheio de opções. Um bom equilíbrio na balança dos gostos. Se chegou aos video games, é porque agradou nos smartphones.