O Rei Luís XVI foi guilhotinado. A alcunha de Rei do Norte é um imã para problemas. King Kong despencou do Empire State. E até mesmo o Rei do Camarote teve que lidar a inveja alheia. Ou seja, ser um monarca não é assim tão fácil. Tratar do interesse de várias frentes é um trabalho complexo e ingrato, onde morrer é um destino tão certo quanto próximo.
Em Reigns não há escapatória quando é necessário manter o clero influente e poderoso até certo limite, o exército funcionando e bem equipado, mas submisso às suas ordens, o povo satisfeito e ordeiro e ainda deixar os bolsos dos comerciantes cheios, mas nem tanto. Tudo isso enquanto entram em ação guerras, dragões, diabos, traições e toda sorte de pragas que só a era medieval consegue nos trazer em todo o seu esplendor.
Ao serpentear por esses contratempos, buscando sempre preservar a cabeça presa ao pescoço, não seria surpresa dar uma boa olhada no mapa desse reino e encontrar Westeros escrito em algum canto. Pensando bem, lá tem menos problemas.
Acostume-se com a morte
Morrer é desagradável em qualquer jogo. Em alguns, a aprendizagem na tentativa e erro apontam para onde seguir ou como agir de maneira mais segura. Em Reigns, por mais que se jogue, o jogador nunca terá certeza do caminho que aquela decisão irá gerar. E isso é surpreendentemente muito bom.
A premissa do game é simples. Uma curta história de plano de fundo é contada, cheia de mistérios e pontas soltas que aparentemente não possuem relação com os acontecimentos sequentes. Assim, a cada rodada, os servos e as autoridades do reinado vêm ao rei solicitando o seu posicionamento diante dos problemas que brotam do chão.
Cada ação aumenta ou diminui uma das suas quatro principais estatísticas e o objetivo é mantê-las sempre sob controle. Ou seja, não permitindo que fiquem nem poderosas demais, ao ponto de usurpar o poder, e nem enfraquecidas o suficiente para gerar revolta ou a bancarrota do reino.
Ainda que possível, morrer de velhice em Reigns é uma tarefa difícil. O rei torna-se uma lenda, considerado um intocável, o melhor monarca, que aquelas terras lembrarão por anos a fio e uma das 45 Façanhas Reais que integra o game. Além dessa lista de achievements, Reigns possui galerias com as artes dos retratos dos personagens e do interessante Memento Mori, com as 29 formas possíveis de morrer. De fato, morre-se bastante.
Quanto mais casual, mais mobile
Desenvolvido pela Nerial e com a Devolver Digital como publicadora, Reigns saiu para os iOS, Android, PC, Mac e Linux, mas igual à maioria dos títulos mais casuais, tendem a funcionar melhor nos smartphones. Mover as cartas com o polegar para a esquerda ou para a direita, assumindo os riscos das decisões – sim, lembra bastante aquele aplicativo –, faz o teclado e o mouse parecerem maiores do que são, levando em conta que o game é exatamente o mesmo em todas as plataformas.
Acerca da tradução, Reigns possui 11 opções de idiomas, contando com o português. Como o gameplay é basicamente textual, o trabalho da localização fica muito mais exposto e o jogo entrega uma adaptação brasileira muito próxima do impecável.
Enfim, o subtítulo “O Rei Está Morto” na introdução já diz tudo que o jogador precisa saber para começar a decidir pela vida dos cidadãos e pela sua. É um game perfeito para fazer com que o tempo voe e o ócio seja bem aproveitado. Vale cada um dos poucos reais que ele custa.