Em 2015, chegava ao Playstation 4 Until Dawn, game que, além de prestar homenagem aos filmes de terror dos anos 80 e 90, trazia também o conceito do “Efeito Borboleta”, onde pequenas escolhas mudam os acontecimentos futuros da história. Com um enredo digno de qualquer longa de horror da época, o jogo foi sucesso de crítica e público, algo que pegou a Sony de surpresa e garantiu ao título um lugar especial em seu hall de exclusivos.
Embalada pelo sucesso, em 2016, a produtora Supermassive Games trouxe Until Dawn: Rush of Blood, que junto com o lançamento do PlayStation VR, era um divertidíssimo shooter, literalmente, sobre trilhos. Apesar da boa recepção, entretanto, ele estava longe da proposta original. Foi o que levou a Sony a anunciar, na E3 de 2017, The Inpatient, ambientado no mesmo universo, porém, em uma época diferente.
Começamos selecionando nosso gênero e cor de pele, para encarnarmos um paciente desmemoriado, internado no sanatório Blackwood. Esse nome deve soar familiar para quem jogou Until Dawn e o fato de não lembrarmos de nada cai como uma luva – temos que descobrir, junto com o personagem, quem somos e o que estamos fazendo ali.
Essas pistas vêm em forma de diálogos, que sempre oferecem abordagens diferentes, às vezes agressivas, em outras simpáticas, curiosas ou sarcásticas, por exemplo. Essas escolhas vão ditar os acontecimentos da história.
Aqui, a imersão começa a se mostrar muito eficiente. Além de começarmos amarrados a uma cadeira de rodas, onde só nos resta olhar ao nosso redor, existe também a possibilidade de participar, oralmente, dos diálogos do jogo. Esse sistema funciona bem, bastando responder de forma clara às perguntas, algo que, aliado ao fantástico trabalho de dublagem e localização, contribui de forma magnifica para a imersão.
Um ponto importante das experiências em realidade virtual são os controles. A solução implementada para a movimentação é muito boa, com o botão superior do Move esquerdo servindo para andar, enquanto, com o outro, direcionamos o personagem para a direita ou esquerda. Apontá-lo para trás e pressionar o botão superior serve para virar em 180 graus, em um sistema que pode ser dominado em poucos minutos.
The Inpatient pode ser terminado pela primeira vez em cerca de duas horas. Não temos muito tempo para nos envolvermos, o que causa a falta de profundidade da maioria dos personagens.
Tudo correria bem, não fosse a péssima resposta na hora de controlar as mãos do personagem, tornando ações como pegar objetos, abrir portas e acionar botões um pouco frustrante. Para os que não conseguirem suportar esse problema ou não possuírem os controles de movimento, existe a opção de usar o bom e velho DualShock 4. Aqui, a coisa corre como um FPS comum, mas como The Inpatient não tem combates, consegui encarar os problemas com o Move tranquilamente.
A história trata dos acontecimentos de Until Dawn, conhecidos por meio dos documentos achados em nossa passagem pelo sanatório. É interessante como a narrativa, constantemente interrompida por apagões e flashbacks, nos deixa perdidos, porém, curiosos. As escolhas não são muitas e a maioria parece apenas criar uma volta para nos levar até onde os produtores querem – são poucos os momentos em que o “Efeito Borboleta” se faz paresente, levando a trama por rumos diversificados.
Isso se deve à curta duração do jogo, que pode ser terminado pela primeira vez em cerca de duas horas. Não temos muito tempo para nos envolvermos, o que causa a falta de profundidade da maioria dos personagens, com exceção de nosso companheiro de cela, responsável pelos momentos mais bizarros do jogo. É aqui que quem jogou Until Dawn vai sentir saudades dos momentos de tensão e das decisões que custavam a vida de personagens com os quais nos importávamos.
The Inpatient brilha em alguns aspectos, como gráficos e imersão, mas falha nos controles de movimento e na duração. Com mais tempo, profundidade nos personagens, decisões e tensão, o jogo poderia ficar muito melhor.
O jogo foi analisado em cópia cedida pela Sony.