Aprumem as velas e levantem as âncoras, existe uma aventura te esperando em alto mar. Sea of Thieves é tudo o que promete ser, um jogo onde você controla um barco em um mundo aberto repleto de perigos. A premissa inicial é muito parecida com One Piece, existe um grande tesouro escondido no Mar dos Ladrões e somente o maior de todos irá conseguir achá-lo. Contudo, para conseguir esse incrível feito, primeiro você terá que passar por muitos problemas e fazer seu nome.
Desde a versão Beta, liberada poucas semanas antes do lançamento, todos ficaram com um gostinho de quero mais. Muitas das mecânicas existentes na versão final foram mostradas, mas, afinal, além de andar de barco pelo mar e enfrentar outros jogadores em batalhas épicas, o que mais dá para fazer? O game deu uma boa resposta a essa pergunta, com muitas missões e mistérios.
Diversas guildas do jogo têm interesses em segredos perdidos nos mares e você pode ajuda-los em troca de dinheiro e reputação. A cada viagem de barco, dá para levar três missões e cumpri-las na ordem que quiser, com cada uma delas te obrigando a carregar itens para entrega ou de volta ao contratante. Isso cria uma mecânica bem legal, afinal, você pode ir ao mar e fazer várias coisas antes de voltar, porém, quanto mais objetivos cumpridos, mais valioso fica seu barco, te dando medo de fazer manobras muito arriscadas ou mesmo acabar entrando em algum combate, perdendo tudo.
Não que outros jogadores sejam o único grande problema – o próprio mundo tenta afundar seu barco o tempo todo com tempestades, pedras e criaturas gigantescas. Tenho certeza de que um dos grandes chamarizes para Sea of Thieves será o Kraken, um polvo monstruoso gigantesco que será um desafio até mesmo para os maiores piratas, um caçador de barcos com um canto noturno em meio à imensidão vazia de causar medo.
Entretanto, os grandes e mais belos problemas serão sempre as tempestades. A forma como o mar muda e os ventos ficam loucos criam um momento de tensão incrível, principalmente quando seu barco está cheio de tesouros. Mesmo uma chuva forte pode ser um obstáculo, pois o convés começa a encher de água e da-lhe baldinho para cima e para baixo para manter seu barco em uma velocidade decente e conseguir sair do meio da tormenta.
Agora, imagine ondas que escondem o céu vindo de frente para o barco e você, sozinho, tendo que controlar o manche desgovernado, que insiste em puxar o barco para um lado, onde, talvez, uma pedra escondida pela água possa o quebrar e piorar ainda mais a situação. Como dizem, mares calmos não fazem bons marujos.
Outro ponto importante do jogo é a arte – Sea of Thieves é lindo! Quando o céu está de brigadeiro, as águas azuis do Caribe brilham ao sol, tudo parece maravilhoso e possível. É possível sentir alegria e ânimo nestes momentos. Mas logo as nuvens aparecem, o mundo passa a tomar uma coloração esverdeada e a chuva começa a chegar. Se os céus ganharem um tom avermelhado, então, sua tripulação já esta engolida pela tempestade e somente muita perícia e atenção, além de bons companheiros, te farão sair vivo dessa.
Sea of Thieves tem o mesmo problema grave de tantos outros: o game pode durar para sempre, mas não existe um objetivo muito interessante para nos motivar a seguir.
Durante o processo de análise, Sea of Thieves foi jogado em duas ou três pessoas e também sozinho, para ver se a diversão estava em todos os modos de jogo – e sim, isso aconteceu. Seguir só é um pouco mais difícil por conta de todos os problemas existentes no mundo, mas tudo é uma questão de atenção. Dá para viver aventuras solo divertidas, mas a jogatina não será tão legal sem alguém tocando uma sanfoninha marota enquanto o barco manobra para alinhar os canhões.
Jogar de dois é a forma mais ágil de jogar com um barco pequeno e fácil de ser controlado. Mas foi com um grupo de três, em um galeão enorme, que senti o que era ter um poder de fogo alto e dominar os mares. O barco é um monstro por si só, três velas, dois andares de convés e quatro canhões de cada lado. Eu sentia medo quando via um desses no horizonte e é revigorante ser o barco que causa esse temor nos outros.
Dizendo tudo isso, e mesmo me divertindo muito com o jogo, sinto que ele tem o mesmo problema grave de tantos outros: a proposta incrível sem um propósito claro. Diferente de outros games competitivos online, onde a partida tem um tempo de duração e quem for o melhor vence, Sea of Thieves pode durar para sempre e não existe um objetivo muito interessante que motive a seguir.
Sea of Thieves é lindo, e no game, tudo parece maravilhoso e possível!
Não importa quantas missões você faça, não ficará mais forte. Isso é bom para manter o equilíbrio, pois tudo fica por conta da habilidade de cada um, porém, não existe uma recompensa valorosa nem progressão para fazer valer a pena o investimento. O título fica repetitivo muito rapidamente.
Mesmo com a quantidade de inimigos interessantes e diversos, eles ainda são derrotados da mesma forma. Existem diferentes esqueletos no jogo, que atacam com as mãos ou armas diferentes, e alguns tem habilidades extras muito curiosas, recuperando a vida quanto encostam na água ou precisando levar uma baldada de água para enferrujar as armaduras. O mar é repleto de tubarões diferentes que também atrapalham a caçada por barcos afundados. Entretanto, todos morrem com tiros ou espadadas iguais.
Enquanto isso, tudo o que o jogador faz é pegar a missão, navegar até uma ilha, encontrar o baú / crânio / item / criatura e levar de volta para uma das guildas em troca de dinheiro e reputação. As moedas permitem comprar itens estéticos bem legais para você ou seu barco e a reputação evolui os tipos de missões que você recebe, o que só faz mexer o caldo da mesmice do jogo.
Algumas missões dos níveis mais altos são bem interessantes, com mapas bem elaborados e enigmas ou divididas em várias partes, com recompensas realmente valiosas. Eu e a tripulação passamos um bom tempo discutindo um puzzle e tentando entender para onde devíamos ir, isso eleva a dificuldade e a imersão no jogo. Mesmo assim, é sempre mais do mesmo.
Chega um momento que, na busca por novidade, acabamos procurando perigos diversos simplesmente para vê-los. Onde poderíamos encontrar o Kraken? O que é aquela nuvem de caveira com olhos brilhantes? O que acontece se sairmos do mapa principal? Tudo isso simplesmente para procurar alguma novidade dentro do jogo.
A sensação é de que Sea of Thieves ainda está incompleto. Os itens estéticos são absurdamente caros, o que te força a fazer muitas missões para comprar uma decoração para seu barco ou uma perna de pau bacana. Contudo, comprar itens não é um motivador real, ainda mais quando se sabe que algumas missões levam um bom tempo para serem concluídas. Tudo isso para comprar um chapéu? Falta algo maior e um objetivo real.
Sea of Thieves é um ótimo jogo para a galera, que segue junta afundando barcos e sobrevivendo a tempestades e missões. As ilhas ainda surpreender com seus mistérios e, toda vez, aprendi algo novo. Entretanto, como um título de “preço cheio”, deveria entregar algo melhor para o jogador. Uma pena, pois existe muito potencial nesse mar turbulento e divertido.
Quem sabe uma atualização não surja para corrigir isso? Até Minecraft tem seu dragão. Vamos torcer para que uma estrela guie esse mar de ladrões.
O jogo foi analisado no PC.