Lançado em abril de 2019, quatro anos após a versão anterior e já colecionando muitas polêmicas, Mortal Kombat 11 aterrissa em praticamente todas as grandes plataformas com toneladas de novidades e opções de jogo inovadoras sem deixar a tradição para trás. Essa estratégia já havia sido usada em Street Fighter V e Tekken 7, mas a NetherRealm Studios a levou ao extremo de forma muito gratificante e criativa, transformando o tempo no tema principal do game.
Trazendo personagens mortos do passado, versões não-Corrompidas e novos lutadores, Mortal Kombat 11 chega já mostrando que veio para agradar aos fãs antigos e também recentes com um serviço de assistência ao noob e ao pro de forma fácil e prática, obrigatória em alguns modos de jogo. Além disso, claro, temos muita violência, superando outros jogos anteriores, e também um pouco do aprendizado adquirido em Injustice 2.
A NetherRealm Studios investiu pesado para tornar Mortal Kombat 11 um deleite para antigos e novos fãs. Com isso, criou um dos jogos de luta mais completos da atualidade.
Como de hábito, a história traz um roteiro de filme completo, utilizando sabiamente todos os personagens e cenários. Lutadores “repetidos” vieram do passado e se juntam às suas versões mais velhas, causando situações dramáticas e cômicas que não são encheção de linguiça, abrindo espaço para os combates de forma inteligente e não como desculpa para colocar lutinha no meio das cutscenes.
Se formos definir Mortal Kombat 11 em uma palavra, seria maturidade, pois a desenvolvedora fugiu dos vacilos das grandes franquias de luta que focam somente no cenário competitivo e em fanservice.
Antes de falar dos modos de jogo, citaremos outros pontos fortes como os gráficos, que conseguiram sugar a real potência da atual geração de consoles, exibindo desde as desnecessárias marcas na barba do Raiden até a caverna do Goro com seu cadáver e sujeira acumulada no cenário, tudo com iluminação impressionante e loadings extremamente rápidos. Não sei que pacto Ed Boon fez para isso acontecer, mas está funcionando!
A trilha sonora é sempre perfeita, dando o clima sombrio e temeroso das ambientações. O cenário tem sempre movimentação fluída e bem composta, com apenas os efeitos sonoros dos ataques soando fracos, por serem muito agudos. Mas esse é um detalhe ínfimo.
Já a localização está maravilhosa, ouso dizer perfeita, pois não colocaram “aventureiros” midiáticos para dublarem os personagens como nos jogos anteriores, e sim, famosos atores nacionais do ramo de animes e desenhos animados. Kotal Khan com voz de Aiolia de Leão (interpretação de Antônio Lobue), por exemplo, ficou muito bom!
Não foram encontrados erros de português e as adaptações regionais de termos ficaram bem naturais, sem nenhuma forçação de barra. Sem falar que todas as letras C viraram K nos menus, komo de praxe em todo jogo da franquia, deixando sua marka.
A trama envolve a chefa final, Kronika, mudando o presente ao resgatar do passado os personagens que impediriam Raiden de matar Shinnok, algo que, segundo ela, seria terrível para toda a existência, não apenas na Exoterra.
O efeito colateral é que os heróis foram ressuscitados junto com os vilões nessa viagem no tempo e alguns acabaram Corrompidos. Uma trama de uniões e vinganças se desenrola com a relação entre duas versões dos mesmos lutadores convivendo e se enfrentando, com traições e alianças inesperadas.
As Torres do Tempo são como as torres clássicas de combate, mas com adicionais extras do jogo, como itens que fortificam, atacam, protegem e também ajudas de outros personagens, como Cyrax soltando a rede ou o peido do Bo Rai Cho pra imobilizar o adversário. Já as Torres Klássicas são o modo Arcade tradicional, de enfrentar os adversários aleatórios até a chefa final, Kronika, que se mostra muita poderosa por ser imune a certos ataques.
Por fim, temos a Kripta, onde se controla um aventureiro que chega na ilha de Shang Tsung, a vasculhando por tesouros e itens raros a serem descobertos. Isso destrava grande parte dos itens consumíveis ou para coleção no jogo, além de ser um tour muito interessante sobre o passado da franquia e os cenários clássicos do primeiro Mortal Kombat.
E isso é só no modo Konquista. Como dito antes, Mortal Kombat 11 investiu pesado para tornar a experiência completa para antigos e novos fãs. Para isso, o passado e presente da franquia é sempre revisitado em vários modos de jogo. Temos também os combates locais contra a CPU ou um amigo e online, além de um treino que serve como tutorial e permite também testar os Fatalities. Aqui, ainda é possível customizar a IA com atributos e pontos de ataque, defesa e movimentação.
Mortal Kombat 11, aliás, dá um passo além quanto o assunto é esse, permitindo que o jogador edite acessórios, skins dos lutadores e até os super golpes não principais. Quanto mais se destravam itens nos outros modos de jogo, mais se pode configurar os personagens, com intros e comemorações diferentes, tipos de Fatalities e melhorias de equipamentos, além de novos super golpes, que agora possuem uma versão EX, como em Injustice 2.
Fãs de antigamente, que pararam de jogar no Mortal Kombat 4 com a avacalhação da franquia e péssimas decisões do time de criação, poderão voltar com a certeza de que se trata de um produto de bom gosto, mesmo que não seja tão tradicional como na era 2D. O sistema de combate simples pode ser aperfeiçoado com criatividade para fazer combos destruidores sem o medo do limite de danos como antigamente.
Fãs que pararam de jogar no Mortal Kombat 4, com a avacalhação da franquia, poderão voltar com a certeza de que se trata de um produto de bom gosto.
Caso não tenha paciência para os tutoriais, o jogador também pode aprender muito apenas com a lista de golpes, que mostra o tipo de ataque, sua velocidade de execução e altura. Além dos sistemas de interação com o cenário, pulo baixo e combos, Mortal Kombat 11 é um jogo de luta completo e prontinho para os torneios.
Claro que existem fatores que não trazem o mesmo hype de antigamente, como a questão da diversão, que fica aquém se comparada com outros jogos de luta simplesmente por não trazer alguns fatores primordiais para o segmento, como uma falta de carisma de muitos personagens, que parecem estar sempre sérios e tensos como se atrasados para entregar relatórios. A exceção é Johnny Cage, que foi muito acertado como alívio cômico.
De resto, parece um filme B de ação da década de 1990. Como o sistema de combate recebeu poucas novidades, o Fatal Blow não é o suficiente pra manter o hype por muito tempo, pois parece demorado de tão repetitivo.
Mortal Kombat 11 é o jogo de luta mais completo da atualidade e com as atualizações pós-lançamento, nem mesmo soa como ganancioso. Todos os seus itens podem ser comprados com dinheiro do jogo, obtidos quando se joga.
Com muitos modos, diversas opções de customização e um número razoável de personagens no lançamento, o título entra no cenário dos jogos competitivos com muito hype para os fãs e abre oportunidade para os casuais poderem se divertir e usufruir. O plano terreno está sendo ameaçado de novo, avante Kombatentes!!
O jogo foi testado no PS4 em cópia cedida pela Warner Bros. Games.