O estúdio brasileiro JoyMasher já é conhecido da galera como o responsável por Oniken e depois Odallus, ambos com uma pegada 8-bits. Agora, Blazing Chrome marca a chegada aos 16-bits com uma ação intensa que, como de costume do estúdio, revive os dias de Contra, Metal Slug e Megaman X, dando um show de referências e nostalgia dos anos 1990. Com muita artilharia pesada e dificuldade, é diversão para ninguém botar defeito!
Quem nasceu na década de 1990 certamente nunca viu este gênero de jogo, a menos que o pai ou tio tenha apresentado suas coleções de games velhos “do tempo que tudo era mais difícil” ou ao tropeçar em um vídeo no YouTube. O estilo Run’n’Gun nasceu nos anos 1980, mas foi no período seguinte que os jogos de plataforma com tiro tiveram seus melhores dias e gráficos, como Contra 3, Metal Slug, Alien 3, Earthworm Jim e Sunset Riders.
A maioria desapareceu quando suas versões em 3D chegaram no começo da era 32-bits. O gênero ainda fazia o gosto da galera, mas se tornou inviável, e Blazing Chrome vem para suprir essa demanda.
Blazing Chrome é a obra-prima do estúdio JoyMasher, suprindo a demanda e a saudade dos fãs do gênero Run’n’Gun e lembrando seus melhores dias.
Com a explícita intenção de remeter a filmes de ação dos anos 1980 e 1990, com seus futuros pós-apocalípticos para os vacilos tecnológicos da humanidade, uma soldada reabilita um robô para que juntos enfrentem a dominação junto de toda a resistência bélica possível. Só estes dois protagonistas iniciais seriam aptos a enfrentar a horda de robôs assassinos que querem oprimir a raça humana.
Dadas as devidas apresentações, os dois personagens iniciais são iguais em características, mesmo com o game tendo um ninja e uma mulher ruiva como secretos, que só se diferenciam pela aparência, pois os saltos, roladinha no chão e tipos de disparo são idênticos; por isso, escolha pela cara que mais agradar.
Os movimentos são indispensáveis para sobreviver neste cenário caótico de inimigos que não param de surgir na tela, com a impressão de “ondas” sendo constante e por todos os lados, com raros momentos de tranquilidade que normalmente antecedem um desafio específico ou chefe. São no mínimo três por fase, e cada uma tem três etapas que servem como checkpoints.
Felizmente, temos como salvar e cinco vidas para tentar passar de cada etapa, pois Blazing Chrome é muito difícil. Caso esteja jogando sozinho, todo o trabalho fica por sua conta, pois a dificuldade não é balanceada para dois jogadores na tela. Felizmente, o fator aprendizado foi valorizado e também existe como escolher as fases iniciais pela dificuldade.
Antigamente, o multiplayer coop era mais simples, pois o próprio jogo fornecia os meios para que um amigo te ajudasse a eliminar as forças malignas que assolavam a humanidade na mesma tela. Às vezes era preciso dividi-la ao meio horizontalmente ou verticalmente, mas isso nem sempre era possível, então os usuários eram obrigados a avançarem como um time coordenado para não “faltar tela” nos pulos perigosos nem pegar os itens de forma egoísta, deixando um muito poderoso e o outro capenga.
Os anos dourados desse tipo voltaram, mas com poucos riscos de morte acidental. Jogar de dois facilita as fases de infestação, principalmente porque as armas secundárias têm funcionamentos diferentes da metralhadora padrão.
O chicote elétrico, por exemplo, é limitado em alcance, mas elimina todos os adversários por perto com seu raio controlável. A granada é direcionável e obedece a ângulos de disparo, causando muito dano; e por fim, o canhão laser pode ser carregado, com um feixe demorado e destruidor. Caso você seja atingido enquanto carrega o armamento, ele se perde, pois isso a agilidade em gerenciar esse aspecto é essencial, pois os itens não estão sobrando pelo caminho.
Mesmo com disparos ilimitados para qualquer arma, os inimigos não dão trégua e enchem a tela de disparos de todo tipo. Apenas nos chefes de fase você poderá se concentrar em uma só ameaça, por isso, é fundamental pegar os itens de power up que surgem pelo caminho, como o atirador secundário, que faz referência a Forgotten Worlds; o escudo duplo que te defende por dois danos; e o assessor de agilidade, que te deixa mais rápido e com pulo duplo. Infelizmente, esses acessórios mecânicos também somem após sofrer dano e, por isso, abusar das rolagens no chão e atirar nas oito direções possíveis garantem uma sobrevida maior na partida.
Com um pixel art maravilhoso, ótimas animações e cenários bem compostos, a parte gráfica de Blazing Chrome é um deleite para os olhos, principalmente porque a intenção de parecer um jogo e filme antigo foi atingida com sucesso. A trilha sonora é só rock and roll, e as vozes e efeitos estilizados pra parecerem da era de 16-bits agradam os ouvidos ávidos por destruição, tiros e explosões contra essas torradeiras descontroladas e mal-educadas.
Blazing Chrome faz o orgulho alheio transbordar, com tanto talento reunido em um produto exemplar e inspirador para outros designers independentes.
A resposta aos controles está maravilhosa e dá pra confiar nos inputs em momentos de desespero, ou quando dependurando e atirando, ou correndo e atirando para baixo, diferente de atirar deitado. São tantas opções de matança e esquiva que podemos dizer que Blazing Chrome é a obra-prima do estúdio JoyMasher, que tem sucesso em prestar homenagens e criar um jogo satisfatório de jogar.
Falta, entretanto, um modo coop online e mais fases, pois o jogo é muito curto, com apenas sete estágios. As viúvas de jogos de tiro da era 16-bits estão alvoroçadas com razão, ainda mais por saberem se tratar de uma produção brasileira, com o orgulho alheio transbordando em ver tanto talento reunido em um produto final exemplar e inspirador para outros game designers independentes.
O jogo foi testado no PC, em cópia cedida pela The Arcade Crew.