Os cabos precisam caber

Muitos dos indies sendo lançados ultimamente podem ser divididos, a grosso modo, em três tipos: sucessores espirituais de jogos antigos, Metroidvanias ou inovadores. Filament, com certeza, pertence ao terceiro tipo, sendo um jogo que mistura puzzles intuitivos com uma historinha adulta e leve, com cores e design de personagens que remetem ao cômico, mas talvez como alívio para o nervoso que você vai passar nos níveis mais avançados. Com um sistema de jogo fácil e gráficos agradáveis, o game merece tua atenção.

No jogo, você é um funcionário sem nome e nenhuma vaidade, que precisa ajudar uma equipe que se ferrou em um planeta estranho e bizarro. O jogador faz isso destravando pilares de luz por meio de energia, usando um cabo carregado pelo robozinho pela tela. Ao ativar todos, a porta é liberada e o objetivo está cumprido. Simples e de fácil entendimento, não é? Só na fase um.

Filament é o game perfeito para esses dias de isolamento passarem voando e seria um ótimo título também para os celulares.

Os comandos são bem simples. Basicamente, a única ação é andar, seja com o personagem principal ou com o robozinho, que deveria ser o protagonista por fazer todo o trabalho. Mas vamos dividir esse protagonismo em dois: o humano avança e descobre pistas, o robô trabalha e vida que segue!

Os cenários são sempre iguais, um compartimento que precisa ser cabeado, como diria um técnico eletricista, evitando obstáculos e fatores impeditivos de avançar, contando com o próprio cabo.

Existem também objetos e pilares “negativos”, que desligam os próximos caso sejam tocados pelo cabo, e é aí que as complicações começam. Diferente de alguns games baseados apenas em puzzles, resolver os desafios de Filament é estimulante.

O game vai além da curva de aprendizado, permitindo que desafios mais difíceis sejam acessados logo de começo.

Resumindo, o jogo envolve andar pela nave procurando a sequência de puzzles, buscar pistas para avançar e ficar interagindo com essa voz sarcástica feminina que te ajuda a seguir em frente nos cenários super coloridos e bem-feitos, com animações sutis, sem poluição visual e cheios de detalhes.

Os efeitos sonoros são simples, mas bem escolhidos, a trilha sonora nunca muda e ainda bem que é boa e não enjoa, assim como a evolução do desafio, em um game que dá uma aula de iluminação e agilidade para o jogador avançar ou recuar nas ações.

Inteligentemente, o título permite que o jogador acesse fases mais difíceis logo de começo, indo além da curva de aprendizado, pois o que realmente importa é que os enigmas sejam sanados para liberar novos cenários. Essa liberdade para escolher o nível de desafio tira a linearidade que muitos jogos do gênero trazem e se torna um adicional que os demais deveriam adotar.

Como Filament não possui um sistema de evolução do robô, com novas habilidades, o que importa é se aventurar pelos labirintos mais desafiadores e se sentir orgulhoso por resolvê-los.

Com um design limpo, iluminação fantástica e um modo muito intuitivo de ensinar a jogadores de todas as idades a lógica de seu funcionamento, Filament é o game perfeito para esses dias de isolamento passarem voando. É uma pena que esteja saindo apenas para PC e Switch, pois seria um grande título para celulares. Um jogo que pode ser atualizado infinitamente com novas fases e acho difícil os jogadores enjoarem desse sistema de passar cabos tão cedo, por isso, dê uma chance e entre no mundo dos Filamentos!

O game foi analisado no PC, em cópia cedida pela Kasedo Games