Situado em um futuro não muito distante, Obey Me se passa em um mundo em que as forças do mal estão agindo na Terra como se fossem empresas e máfias, algo similar ao que já existe, mas com toda a mitologia dos demônios e anjos que conhecemos através de quadrinhos, séries e filmes.
É neste ambiente herético que surge Vanessa Held, uma caçadora de almas a mando do filho de Satã em pessoa, que precisa obedecer as missões que lhe são passadas, enquanto Monty, seu cão demoníaco, precisa a respeitar, ao mesmo tempo em que outros seres também estão à serviço do mochila de criança. Obey Me, a obra-prima da Error 404, um estúdio independente e iniciante muito promissor, nasce dessa disputa de obediência.
Esse jogo de ação com visão de cima pode lembrar jogos como Diablo e Children of Morta por causa dos comandos, mas vai muito além destes citados, remetendo também a God of War 2, Devil May Cry e Darksiders. Você vai lutando contra hordas de monstros e ativando mais técnicas para si e seu cão em uma árvore de opções ativadas por pontos, após coletar Orbs, e conseguindo armas pelo caminho. Elas são mescladas aos poderes e também a Monty, com tudo ficando mais divertido para quem tem imaginação. A arena de combate nem sempre é amigável, porém. Partindo do clichê de jogos do gênero, Obey Me consegue se destacar por permitir gerar estratégias nem sempre comuns em jogos de ação, se tornando viciante facilmente.
Obey Me é a obra-prima do estúdio iniciante Error 404, com diversão garantida e combates instigantes que sempre permitem quebrar os próprios recordes.
O jogador controla uma assassina corporativa que vai para os lugares que o patrão mandar, sem saber ser a engrenagem da disputa entre demônios gananciosos, enquanto a humanidade está se lascando para sobreviver em um mundo totalmente inóspito. Estranhamente, os meios de transporte coletivos e ensacamento do lixo ainda funcionam, mesmo que com baixo grau de higiene.
A cada fase que avança, Vanessa vai descobrindo mais coisas sobre si e uma terceira força que decidiu, enfim, dar as caras para ajudar a derrotar os mafiosos do inferno. Com uma história simples e uma dupla de comediantes involuntários como protagonistas, a trama se mostra leve e sem muitas surpresas, mas dá o tom para fazer as missões serem divertidas.
A missão é atravessar fases lineares que, às vezes, levam a becos sem saída com itens, livros de Aleister Crowley e cristais de upgrade. Estes momentos servem como side quests, pois têm um nível muito maior de dificuldade do que a fase pelo “caminho normal”, mas a recompensa é válida, exceto por esses livros que só se mostraram itens para colecionar.
Obey Me consegue se destacar por permitir gerar estratégias nem sempre comuns em jogos de ação, mantendo o desafio e se tornando viciante facilmente.
As armas vão da rápida adaga espiritual até a pesadíssima marreta da podridão, passando pelos punhos do impacto até o escudo e espada angelical que focam em contra-ataques, com suas técnicas secundárias e muitos combos para serem ativados e mesclados durante os combates. Quando uma técnica está ativa, trocar de arma não a desfaz, e como o jogo não dá moleza, toda estratégia é válida.
Mesmo com a protagonista ficando cada vez mais forte, Obey Me não é um jogo fácil. Os monstros tem uma I.A. bem ajustada e os cenários costumam ter espinhos, lancha-chamas, minas terrestres e até bolas macias que te empurram para o lado oposto quando não são um perigo. Para ser justo, os inimigos podem se acertar e a interação com seu pet das trevas é muito alta e aumenta ainda mais de acordo com os upgrades que podem ser feitos.
A técnica mais poderosa de Vanessa é uma fusão com Monty, que fica temporariamente mais forte e recupera energia enquanto a barra de Espírito se esvazia, algo como a Spartan Rage de Kratos, mas que depende do tipo de transformação do cão no momento. A técnica suprema que explode tudo e causa muito dano varia de acordo com o tipo de Monty transformado.
A trilha sonora é muito boa e combina com o ambiente, os cenários são detalhados, mas não têm poluição visual, apenas um excesso de tons lilás e roxos e muita luz onde não precisa. Às vezes, menos é mais. Os menus são bem intuitivos de se navegar, mas falta um fundo adequado, pois é todo preto. Uma reclamação é a falta de possibilidade de configuração de comandos, seja no teclado ou joystick.
Tirando esses detalhes, tudo corre muito bem, com comandos precisos e usar o mouse como direcional de ataque permite atacar vários inimigos encurralados sabiamente pelo jogador. Vale a pena citar também que a visão é muito afastada dos personagens e mostra muito do cenário desnecessariamente. Seria mais útil focar nos inimigos de perto, até para saber se o jogador está acertando alguém no meio da muvuca, pois o game não tem hitsparks que indicam o sucesso do ataque ou um som bem alto e específico para isso.
Lançado no fim de abril de 2020, Obey Me é diversão garantida, tem fator replay garantido e ainda permite coop local. Os combates são instigantes e sempre é possível superar os próprios recordes com técnicas mais avançadas de extermínio. É importante não confundir com o jogo de celular Obey Me, que também fala da família de Satã, mas em um simulador de encontros japonês.
O jogo foi testado no PC, em cópia cedida pela Blowfish Studios.