Quem acompanha jogos para valer sabe que gráficos absurdamente realistas, uma jogabilidade complexa e narrativa envolvente não formam, por si só, um jogo de qualidade. Muitas vezes, basta apenas pedir que o jogador ande para a frente, desvie de obstáculos e chegue em primeiro lugar para que o principal reflexo de qualquer obra de entretenimento, divertir, seja obtido. E nesta geração, poucos foram tão divertidos quanto Fall Guys: Ultimate Knockout.
O game da Mediatonic já chamou a atenção dos brasileiros por sua semelhança com as clássicas Olímpiadas do Faustão, e essa, inclusive, é uma boa forma de descrever o título. O suporte de criadores de conteúdo durante a fase Beta e a disponibilidade gratuita para os assinantes da PlayStation Plus transformaram o título, rapidamente, em um fenômeno e o colocaram em um patamar de estrelato completamente merecido.
Nesta geração, poucos títulos foram tão simples e incrivelmente divertidos como Fall Guys. O título é daqueles que você quer jogar “só mais uma partidinha”, e quando vê, horas se passaram.
Fall Guys bebe na fonte dos Battle Royales ao colocar 60 pessoas em arenas com diferentes tipos de desafios. Em vez de lutarem uns contra os outros, porém, os oponentes são bolas gigantes, martelos ou hélices giratórias e a onipresente lama, que a partir da segunda etapa, se torna letal. A cada fase, mais e mais jogadores vão sendo eliminados até que reste apenas um, digno ou sortudo o bastante para portar a coroa que fica no topo da colina.
As etapas são escolhidas aleatoriamente e podem variar desde jogos em equipe, onde o objetivo é marcar gols ou roubar ovos dos adversários, até provas de velocidade e precisão. Algumas são mais simples, outras muito criativas, como a das plataformas que desaparecem e normalmente marca a etapa final das disputas de Fall Guys, um tipo de competição em que, na maioria das vezes, acaba vencendo aquele que cai por último, com a coroa surgindo enquanto estamos em plena queda livre. É teste para cardíaco.
Itens de customização e cores servem para personalizar os feijões que são protagonistas destas aventuras, enquanto os controles simples tornam este um daqueles jogos que qualquer um pode jogar. E aqui está mais uma das virtudes de Fall Guys, além da própria simplicidade: estamos falando de um dos melhores e mais divertidos games de 2020 e, também, de um dos mais acessíveis, mesmo para quem não está acostumado com o mundo das partidas multiplayer ou dos games de maneira geral.
É claro, nem tudo são flores e cores, com Fall Guys apresentando uma série de problemas desde seu lançamento. Eles não maculam a experiência ou, principalmente, o coração do game, mas são arestas que precisam, sim, de polimento, principalmente para um game que rapidamente ganhou caráter competitivo por meio dos mesmos streams que o popularizaram. Há muita gente usando cheat no título, o que prova que essas Olímpiadas do Faustão são coisa séria.
O título sofre de problemas no servidor desde o lançamento, com direito a bugs que tiram a vitória das mãos do jogador — literalmente. São falhas corrigíveis, mas também frustrantes em um título competitivo.
Além dos problemas de servidores, que levam à queda brusca no meio das partidas, dificuldades com matchmaking ou combinação dos times de até quatro jogadores com o restante do mundo, existem bugs que, literalmente, tiram a vitória das mãos dos jogadores. Em nossa experiência, mais de uma vez, problemas nos servidores fizeram com que o toque na coroa não fosse computado, enquanto em outras situações, partidas infinitas acabaram dando a vitória a outro jogador enquanto nos víamos impossibilitados de fazer qualquer coisa.
Existem ainda outras falhas significativas no meio da experiência, como um problema que faz com que a música do menu principal toque em loop durante toda a partida – e somente ser interrompida fechando e abrindo o game novamente, ou lags no sistema de convites de amigos ou saída de partidas combinadas. As falhas são constantes desde o lançamento, mas quanto tudo funciona, Fall Guys brilha.
E aqui está, no final das contas, a essência do que é jogar vídeo game. Não que as grandes histórias não a representem, assim como os desafios gigantescos ou monstros bem construídos e com timings perfeitos – existe mágica em tudo isso e, acima de tudo, em um sistema que faz com que a gente perca a noção do tempo, relaxe e proporcione entretenimento por horas a fio, de forma honesta, direta ao ponto e, principalmente, sem as armadilhas mercadológicas que tanto vemos por aí.
E é nesse caráter quase disruptivo e absolutamente incrível que queremos nos focar aqui. Como dito, estamos diante de um dos melhores games deste ano, e ao mesmo tempo em que toda a simplicidade do título é um bom motivo para isso, há um quê de instigante e convidativo em um game que, por mais que tenha pouco mais do que duas dezenas de estágios, sempre nos convida a jogar mais uma partidinha. E ainda estamos na primeira temporada de Fall Guys.
O jogo foi testado no PlayStation 4.