Até quando a THQ vai ficar atirando para todos os lados? Sabemos que quando quer, ela acerta, mas, às vezes, também soa como desesperada, apostando o tempo todo em vertentes que vão do hack and slash ao Soulslike e, agora, os reboots. Vindo da recepção mista de um game de 2005 e uma remasterização, em 2008, que passou despercebida, o novoDestroy All Humans é um exemplo dessa última leva.
Ambientada nos anos 1950, a história começa quando o alienígena Cryptospodium 136 cai na Terra e é capturado por humanos. O mestre dos ETs, chamado Orthopox, resolve mandar um dos clones, Crypto-137 para resgatar o “irmão”, entender os seres humanos e explodir tudo o que há pelo caminho.
Ao chegar, ele se depara com uma vaca (literalmente), fala que é o novo mestre soberano dela e pergunta se ela tem alguma objeção por ser abduzida. Como o bichinho não responde, o alien resolve destruir toda a fazenda antes de seguirmos com a história. Aí, já fica claro que o roteiro é para ser uma “sátira” dos filmes de alienígenas e do comportamento humano.
O enredo até tenta ser engraçado, mas a maioria das piadas são sem graça e ofensivas, principalmente com mulheres.
Piadas como discurso contra o comunismo, pensamentos aleatórios das pessoas, consumo excessivo, fast-food, máfia e idolatria são extremamente utilizadas. O enredo até tenta ser engraçado, soltando piadinhas aqui e ali, mas a maioria delas não é só sem graça, mas ofensivas, principalmente com mulheres, algo que me deixou extremamente incomodada.
Podemos até falar sobre um “conceito da década de 1950” ou até que “as coisas eram diferentes em 2005″. Mas faço um questionamento: para que fazer reboot de um jogo se não for para atualizá-lo?
Em outros momentos, Destroy All Humans tenta copiar um certo desenho de baixo custo, que também fala em sonda anal logo em seu episódio piloto. Ao contrário desta animação, que tem uma crítica por trás de toda a escrotidão e é engraçada de verdade, o game parece mais aquela eterna tentativa de querer ser divertido, mas sem conseguir de verdade.
Ponto positivo para a trilha sonora, quase toda composta por rock clássico dos anos 1950, incluindo nas melodias durante a jogabilidade.
Na campanha, as missões se resumem a seguir pessoas, ler a mente de indivíduos determinados, destruir um local, se disfarçar como um líder ou falar com o povo. Há pouca variação, assim como os próprios elementos de RPG, que se resumem a uma árvore de habilidades muito sem sal.
No começo, dá para pensar que a própria falta de habilidade prejudica os momentos stealth, mas não: o sistema é falho, com comandos que resolvem parar de funcionar quando bem entendem. Ainda nas mecânicas, temos loadings demorados e fases com queda constante na taxa de frames, além de uma dificuldade que beira o ridículo em alguns momentos.
As animações durante as cutscenes, porém, são bem-feitas, ao contrário dos gráficos in-game, que são bem “qualquer coisa”, lembrando um game da geração passada e dando a impressão de um trabalho preguiçoso, que deu ao game um aspecto plastificado e mal-feito.
A dublagem é um ponto positivo. A caracterização estilo cartoon e o enredo satírico da trama pedem que as vozes tenham uma entonação caricata e o resultado ficou satisfatório, seja com Crypto-137 ou os outros personagens. Mesmo não tendo uma versão em português, os menus e legendas estão traduzidos.
Ponto positivo para a trilha sonora, quase toda composta por rock clássico e gostosinho dos anos 1950, além de canções populares da época, como as das The Chordettes. O mesmo vale para as melodias que aparecem durante a jogatina e a exploração, com aquela galhofada que acaba divertido. Seria ótimo se o restante do game também seguisse isso…
Mesmo assim, pode ser que Destroy All Humans agrade uma boa parcela dos gamers, apelando para a nostalgia de um clássico cult. Já os jogadores apegados a gráficos, jogabilidade sem falhas ou pelo menos um enredo aceitável devem torcer o nariz para o título.
O jogo foi testado no PS4, em cópia cedida pela THQ Nordic.