Surge mais um Souslvania, a evolução do termo Metroidvania, onde se controla um guerreiro forte e valente que enfrenta os monstros sarnentos das trevas até descobrir a verdade sobre como essa escuridão começou, normalmente por causa de um outro vampiro. Aqui, porém, é diferente, de um jeito original e a trama é tão instigante quanto esses gráficos maravilhosos que impressionam junto à bizarrice dos monstros que enfrentaremos.
É neste mundo medieval envolto entre religião e ciência que Leila, a guerreira da rara ordem dos Vigilantes, precisa encontrar sua irmã e descobrir o que diabos o Professor fez com a vila. Em Vigil: The Longest Night, o rastro nos leva diretamente à descoberta da desgraça solta na terra.
Como todo indie, a coragem dos criadores em ir além de qualquer limite de classificação etária torna este um grande jogo de ação macabro e divertido, mas dada sua referência, muito difícil se o jogador agir levianamente, como se Leila fosse uma personagem de video game, e não uma pessoa real. Ela se machuca ou morre se cair de muito alto, tem fôlego e precisa aprender coisas novas; ataques muito fortes de inimigos iniciais podem reduzir gravemente a vida, por isso, encare tudo como se fosse um combate real e se preocupe com a esquiva e o terreno em que está atacando, ou vai morrer muitas vezes.
Um Soulsvania divertido e difícil, mas sem desestimular o jogador; ao contrário, permite criar novas estratégias de ação e superação para os pontos que ele mais precisar.
Não se preocupe, existe curva de aprendizado, mas ela é de 90 graus já na primeira parte. Você vai aprender com se joga facilmente e já entenderá a lógica de funcionamento do jogo, podendo se virar rapidamente. Os recursos adicionais surgem rapidamente e como qualquer inimigo dropa dinheiro, logo na sua vila você comprará e aperfeiçoará o que achar melhor, sem precisar ficar matando inimigos repetidamente para evoluir seus talentos.
Vigil: The Longest Night traz aquela ambientação desgraçada dos quintos dos infernos e também usa mapas que nem sempre são dungeons, cavernas ou castelos. Esses cenários adaptados como se fossem de um Metroidvania são muito criativos, tendo o visual noturno como um destaque gráfico bonito e a Lua como testemunha nesta saga cheia de intrigas e side quests, sem aquela chatice de precisar ficar retornando tanto para conseguir itens e armas que serão muito úteis no decorrer do jogo. Certos inimigos são muito resistentes, mas Leila pode pular, escorregar, se agarrar, escalar, e, quando abaixada, consegue enxergar abaixo, como em Sonic, para saber por onde descer e evitar quedas violentas.
Vigil pode ser muito difícil se o jogador agir levianamente, como se Leila fosse uma personagem de video game, e não uma pessoa real.
Apesar de ser considerado um Soulsvania, não ache que se trata de um clone em 2D de Dark Souls ou uma versão gore de Bloodstained. Vigil pode ser encarado como um título original, apesar das referências, e não é um jogo de atacar e rolar, mas sim de precisão, estratégia, matemática de fôlego, exploração e superação, para quem tem paciência.
O título facilita muito a obtenção de poções de cura, carregamento de itens e a cada ponto de save e subida de nível, a energia enche completamente, por isso, tente calcular o quanto de experiência cada inimigo te dá e não deixe os fraquinhos para trás, mesmo os que não atacam, pois quem tem dó é instrumento musical.
Falando apenas em modos de ataque, Leila tem três opções de armas para revezar e tudo pode ser configurado ao gosto do freguês. é possível focar em ter uma espada longa, adagas, arco e flecha, lança, machado e até estilingue! Em outras palavras, cabe ao jogador ser um especialista em ataque rápido de perto, pesado de média distância, um atirador ou balanceado entre estes tipos, sem falar que as armaduras e acessórios permitem um controle de fôlego maior e algumas recompensas. Nada muito gritante, por isso, a matemática é presente sempre: ajuste as porcentagens e pontos de atributos para valerem a pena, mas quem não se tocar disso, terá um personagem equilibrado, que pode aperfeiçoar suas armas no ferreiro impaciente.
Além das armas, temos os itens de ataque, como facas, coquetel molotov, dinamite, e apesar de não ser tão ágil trocar de itens durante o combate, é essencial que fiquem configurados nos atalhos para uso o mais rápido possível. O terreno permite usar estratégia de campo, mas cuidado com o alcance dos inimigos que arremessam coisas, pois eles atacam mesmo quando não são vistos na tela. Este é um game criado para impressionar de várias formas, desde os gráficos até a raiva em ser morto após um longo trajeto por simplesmente ter sido paralisado pelo fôlego, ou pelas mãos de um camponês que atira molotov de cima do morro.
O fôlego tem grande importância, pois se atacar sem planejamento, o jogador vai estar paralisado de cansaço na frente de inimigos que não têm dó de ninguém, cavando assim sua tumba no meio da fase. Cada arma gasta stamina de acordo com seu peso e até a esquiva usa a barra, então ficar rolando e atacando não vai resolver sua vida. Desenvolver os talentos de cada equipamento, porém, vai garantir alternativas de economia e até conta-ataques, mas cujo impulso podem te levar para um penhasco, se mal calculado. Vigil: The Longest Night não é um game para se jogar distraidamente, com toda certeza.
Os efeitos sonoros não são tão legais quanto a trilha sonora, mas fazem bem seu papel; as animações são suaves e o clima e ambientação em todos os cenários são impecáveis. Vigil não é o queridinho dos canais estrangeiros de games indie à toa, se destacando e impressionando a cada novo cenário, com uma variação de ação que joga a repetição para o inferno, junto de almas atormentadas pelo maldito Professor, que envolveu a irmã de Leila nesta confusão.
Se eu for reclamar de algo será dos controles, que não reconheceram meus botões R2 e L2 e tive que usar o teclado para acessar o Menu, perdendo muita agilidade na jogatina. Vigil: The Longest Night chegou para todos os consoles e PC com um preço acessível e diversão para muitas horas, intercalado com mistérios e dificuldade de arrancar os cabelos. O título entrega uma experiência arrojada de terror com ação de plataforma para quem busca um desafio e fazer os irmãozinhos terem pesadelos.
O jogo foi testado no PC, em cópia cedida pela Another Indie.