Não sei se já contei para vocês, mas meu fanatismo por SNK só pode ser comparado ao meu amor por portáteis. Pode parecer estranho, mas desde 1988, pendurado em cipós, sobre lagos com crocodilos, eu pensava em como seria legal jogar na casinha. Casinha, W.C., patente, o trono, vocês sabem.
Daí deve ter nascido meu fascínio por portáteis. Graças a Gunpei Yokoi, demorou pouco até que esse sonho fosse realizado, mas vamos dar um salto no tempo. O ano? 2005. O console? Gameboy Advance. O jogo? Drill Dozer.
Produzido pela Game Freaks (você já deve ter ouvido esse nome), Drill Dozer veio para agregar valor ao camarote do já saturado mundo dos jogos de plataforma. Para isso eles adicionaram conceitos interessantíssimos.
Para entendermos esses conceitos temos primeiro que apresentar o enredo e a personagem principal. Você joga com Jill, uma garotinha filha do líder de uma gangue de ladrões chamada Red Dozers. Ela controla um mecha com brocas no lugar de mãos e é no uso dessas ferramentas que se baseia a mecânica do game.
Segurando os gatilhos L ou R do console, você gira as brocas em sentidos diferentes, deslocando-se para a direita ou para esquerda. Além disso, o jogo também conta com marchas. Você começa apenas com uma, o que faz com que seu mecha tenha uma rotação baixa, impedido você de perfurar ou destruir algumas paredes e blocos. Espalhadas pelas fases estão mais duas gears que aumentam a rotação das brocas, possibilitando mais poder de destruição, assim dando acesso a áreas antes inacessíveis.
Praticamente todos os elementos do jogo dependem do uso das brocas. Acionamento de portas, permanência em plataformas moveis, inclusive utilizando as direções opostas das brocas para ganhar impulso e alcançar lugares altos ou distantes.
Graficamente o jogo segue a cartilha da Nintendo para jogos de GBA. Tudo muito colorido, detalhado e fofinho. Tudo é formado por quadradinhos, definindo bem onde você pode e não pode ir. O que chamamos hoje de Pixel Art é o termo que gosto de usar pra definir os gráficos de Drill Dozer, porem na época era default no GBA.
A trilha não se destaca muito, cumpre seu papel de situar o jogador, é calma quanto tudo está calmo e agitada quando a ação aumenta. Mas o que mais se ouve mesmo durante a jogatina é o som das brocas.
Vale dizer que o cartucho de Drill Dozer trazia um recurso interessante, a função “rumble”, que vibrava em determinados momentos do jogo. Mas dizem que o efeito era fraco, afinal um cartuchinho de GBA não comportaria um mecanismo grande o suficiente pra fazer vibrar o console todo.
Drill Dozer é para mim um dos melhores jogos da biblioteca do Game Boy Advance, e olha que tem que ser muito bom pra se destacar nos mais de 1000 games lançados para o portátil da Nintendo.
A Game Freaks apresentou um jogo inédito, bonito e inovador dentro do seu gênero.
Não era de se esperar menos da empresa que nos trouxe uma franquiazinha chamada Pokémon.