Notebooks gamers não são necessariamente os aparelhos mais portáteis do mundo. Colocar todo o potencial de placas de vídeo, monitores de alta performance e teclados voltados para a jogatina em um dispositivo que seja versátil e leve ainda é uma utopia, sem falar na dificuldade de upgrades e nos preços mais altos. Tais equipamentos, então, acabam ficando sempre na segunda opção quando o assunto é hardware para jogos, apesar de empresas como a Alienware se mostrarem grandes nomes desse cenário.

E enquanto a tecnologia não chega lá, como fazer para unir portabilidade e performance? A resposta da Razer para isso é o Core, uma espécie de gaveta que permite o uso de placas de vídeo externas que, unidas ao alto poder do hardware interno dos notebooks Blade Stealth, também da fabricante, permitem que o jogador aproveite ao máximo os principais títulos do mercado.

Razer

O dispositivo ainda não está disponível no Brasil, mas estava no estande da Razer na Brasil Game Show 2016 para quem quisesse vê-lo. E na visão de Vitor Martins, diretor da marca para a América Latina, pode vir a se tornar uma alternativa que finalmente traga portabilidade a esse mercado. “Não existe no mundo outro notebook com placa de vídeo externa, por isso, o Core tem chamado muita atenção, inclusive de possíveis parceiros, que querem saber se ele é compatível com outros computadores.”

A resposta para essa questão, inicialmente, pelo menos, é não. Apesar de a empresa não excluir trabalhar com outras marcas, diz que ainda não há nada confirmado e, pelo menos por enquanto, o dispositivo permanece exclusivo para uso com o ultrabook Blade Stealth, da própria Razer. Sua entrada Thunderbolt 3 é o caminho para que o potencial da GPU seja usado pelo notebook, e ao ser ligado, o periférico assume todo o processamento gráfico do computador.

Mas não é como se a máquina, em si, já não fosse potente. O ultrabook tem diferentes versões, e mesmo na mais básica de todas, traz processador Intel de sétima geração, com 3,5 GHz. As opções permitem uma variação de até 16 GB de memória RAM, HDs SSD que vão de 128 GB a 1 TB e telas QHD (com resolução máxima de 3840 x 2160 pixels) ou 4K, todas sensíveis ao toque. A questão, entretanto, é que não existe uma placa de vídeo interna, e é aí que o Core entra em ação.

Razer

Ao tomar essa decisão, aponta Martins, a Razer foi capaz de entregar uma máquina que é ao mesmo tempo portátil – pesando 1,2 kg e com dimensões de 13,1 x 31,1 x 20,6 mm – mas que não deixa o poder de lado. “Sozinho, ele é suficiente para se jogar um título leve. Ao chegar em casa, dá para transformar o computador em uma máquina superpoderosa para games”, explica o executivo.

O Core aceita tanto placas da NVIDIA quanto da ATI, desde que elas consumam até 375 watts, o que é suficiente para trabalhar até mesmo com os robustos modelos Titan, anunciados há pouco tempo. Além disso, o dispositivo reduz a fiação pois transmite não apenas o processamento da GPU como também energia pela porta Thunderbolt. Assim, o usuário pode, por exemplo, guardar a fonte original do notebook e utilizar a alimentação do próprio acessório, aumentando a versatilidade.

Com o lançamento, a Razer parece estar seguindo um caminho semelhante ao da indústria de celulares, que já começa a trazer alguns modelos modulares ao mercado, permitindo a troca fácil de componentes internos ou a melhoria de aspectos como a câmera, por exemplo. Martins, entretanto, é cauteloso ao citar isso como uma tendência, deixando claro que a marca é, sim, a pioneira nesse tipo de produto para o mercado de notebooks, mas que o preço alto pode acabar sendo um empecilho na hora de falar no Core como um caminho para o futuro.

O cuidado é justificável. Ainda não disponível no Brasil, mas com lançamento possível no ano que vem, o acessório custa, sozinho, US$ 499, ou cerca de R$ 1,6 mil. Enquanto isso, em sua versão mais básica, o ultrabook Blade Stealth sai por US$ 999 (aproximadamente R$ 3,3 mil), e pode chegar a até US$ 1.999, ou mais ou menos R$ 6,5 mil, na opção mais potente, com tela 4K e HD SSD de 1 TB.

Preço não é tudo

Razer

Todos esses valores, vale lembrar, são meras conversões diretas, que não levam em conta os impostos. Estes, sim, os grandes vilões para a operação de praticamente qualquer empresa que lide com equipamentos de alto valor. Isso, sem falar, na crise que ainda assola o mercado brasileiro e freia o poder de consumo, mais uma vez, afetando diretamente quem trabalha com produtos mais caros.

A Razer, assim como o mercado de jogos nacional, entretanto, parece estar se saindo bem no cenário negativo e, de acordo com Martins, prevê um crescimento de 18% em vendas no Brasil para esse ano. Esse resultado, segundo o executivo, veio devido ao fato de que a marca não repassou totalmente os aumentos, oriundos da flutuação do dólar, para os consumidores, além de seguir, no Brasil, uma estratégia global que prevê a criação de produtos específicos para mercados emergentes, incluindo alguns específicos para a América Latina.

O trabalho de marketing também é parte importante dessa receita. Na Brasil Game Show, por exemplo, a empresa fechou parcerias para colocar seus fones nas estações de jogos disponíveis para o público. Ao jogar Resident Evil 7, na Warner, Gears of War 4, na Microsoft, ou Tekken 7, na NVIDIA, os jogadores experimentariam também fones da Razer, algo que fortalece a marca e a torna mais próxima do público.

Razer DeathAdder

A prova de que esse trabalho diferenciado gera resultados é o fato de que os produtos mais vendidos da fabricante no Brasil não são os mais baratos de seu portfólio. Aqui, Martins dá destaque a dois – o Cyclosa Combo, que traz teclado e mouse por cerca de R$ 299, ou o mouse Deathadder, que está na faixa dos R$ 250.

Daqui para a frente, ainda, o caminho é de crescimento, e o segmento de esports continua sendo a grande alavanca para isso. Além dos patrocínios já existentes com as equipes paiN Gaming, Santos Dexterity e Keyd, parcerias para uso de equipamentos e mais produtos licenciados também estão por vir – incluindo um mouse da primeira, que teve deu desenvolvimento interrompido, mas deve ser retomado no futuro.

Para Martins, no final das contas, os gamers estão sempre em busca de uma boa performance e produtor de qualidade, e sabem que essas coisas custam um preço, que muitos não se importam de pagar. “Se a decisão fosse tomada apenas por preço, a gente já estava morto”, brinca.

Encontrou um erro?

Envie um email para contato@newgameplus.com.br com a URL do post e o erro encontrado. Obrigado! ;-)