A morte é apenas o começo…

Em meio ao lançamento dos shooters que vendem milhões de copias, jogos de mundo aberto com sequências anuais e outros títulos AAA aclamados pela mídia especializada, vez outra surgem games ousados que tentam trazer frescor a fórmulas tão repetidas, arriscando assim conquistar seu espaço ou cair no esquecimento da mediocridade. É nesse cenário que somos apresentados a Murdered: Soul Suspect, titulo corajoso da Square Enix, que surpreende em alguns aspectos e peca em outros.

Historia de detetive

Você é Ronan O’Connor, detetive durão que prefere resolver os casos sem ajuda de ninguém, acumulando muitas inimizades dentro do departamento de policia onde trabalha. Aprendeu desde cedo a cuidar de si mesmo ao crescer em meio a violência das ruas, sempre envolvido em brigas, e passando um bom tempo preso.

O game tem um ritmo lento. Isso é proposital e tenta recriar o clima de filmes noir, com protagonista rabugento e crimes sangrentos envoltos em mistérios e reviravoltas.

Depois desta fase em sua vida, Ronan conhece Julia, com que se casa e, com a influencia de seu cunhado o Tenente Rex, acaba por adentrar ao departamento de policia se tornando detetive. Tendo recebido uma denuncia sobre o paradeiro de um serial killer há muito procurado, ele parte para o local indicado sem solicitar reforço e, encontrando o criminoso no local, acaba por entrar em um conflito para o qual não estava preparado.

Sobrepujado pelo assassino, Ronan é atirado pela janela do apartamento em que estava, perdendo sua vida ao se chocar com o chão da rua em frente ao prédio. E é assim que o game começa, com um protagonista morto nos primeiros minutos, descobrindo que, para poder descansar em paz, terá de resolver esse ultima caso e solucionar seu próprio assassinato.

Assombração noir

O game tem um ritmo lento, similar a jogos como Heavy Rain, da Quantic Dream. Isso é proposital e tem como objetivo recriar o clima de filmes de detetive noir, com protagonista rabugento e crimes sangrentos envoltos em mistérios e reviravoltas. A jogabilidade se aproveita desses elementos e das habilidades do detetive explicando que, no mundo dos mortos, suas perícias se tornam mais “fortes”, podendo assim influenciar o comportamento de outras pessoas, rever acontecimentos ao tocar em objetos e ouvir pensamentos.

Além da missão principal, existem side-quests, assim como é comum em jogos de mundo aberto. Você deve ajudar outros fantasmas a resolverem seus assuntos pendentes e, assim, poderem seguir para o outro mundo. Algumas dessas quests muito interessantes.

Outro elemento da jogabilidade proporcionado pelo fato de se jogar com um fantasma é poder atravessar a maioria das paredes, exceto as que constituem uma residencia. Nelas, só dá para entrar quando uma porta estiver aberta. Outras casas que só existem no mundo dos mortos e são resíduos sobrenaturais de outras épocas, que estão ali assim como seus habitantes.

Uma nova mistura de velhas ideias

Muitos do elementos encontrados no game já foram vistos em diversos outros, mas aqui foram reorganizados de forma a dar um ar de novidade. Nem tudo sai como planejado, por exemplo, ao se juntar pistas para resolver uma cena de crime, o jogo peca com seu sistema de identificação de um item no cenário. Diversas vezes passamos por cima do artigo sem que ele seja destacado como algo com oque podemos interagir.

A falta de momentos de ação só é quebrada quando surgem fantasmas agressivos em determinadas áreas. Eles podem ser evitados ou, então, destruídos se surpreendidos pelas costas com a realização de um rápido quick time event.

O game tem duração aproximada de 8 a 10 horas, dependendo do tipo de jogador que estiver no comando, podendo se estender mais caso se decida buscar e ler todos os arquivos de textos, em forma de memórias, espalhados pelo cenário. São eles que ajudam a compor o passado tanto da cidade como dos personagens.

Muitos do elementos encontrados no game já foram vistos em diversos outros, mas aqui foram reorganizados de forma a dar um ar de novidade.

A resolução das cenas de crime é algo bem intuitivo, mas não deixa de ser um tanto repetitivo. Basicamente, você deve encontrar todas as pistas e depois ordenar as que tem ligação com o crime em questão. O próprio jogo te dá uma dica do que se deve relacionar.

Acorde infernal

A trilha sonora e o som ambiente se fazem bem presentes em vários momentos, dando o tom certo para clima de mistério do jogo. As atuações na dublagem são competentes, mas nada que se destaque, até mesmo por que, nenhum dos personagens, seja o protagonista ou os demais, tem uma personalidade ou carisma marcantes.

Um ponto definitivamente negativo no som do game é um acorde que demarca todo momento em que uma pista é encontrada e, como em certas cenas encontramos até 15 pistas, a repetição acaba por se tornar muito irritante.

Entre mais acertos que erros, Murdered: Souls Suspect é um jogo de investigação competente mas que pode afastar certos jogadores mais acostumados à ação. Uma pena.

Este jogo foi testado no Playstation 3.