A cerimônia do Oscar, que acontece neste domingo (26), parece quase um jogo de cartas marcadas. Temos “La La Land – Cantando Estações” surgindo como uma das principais promessas para levar a maioria dos prêmios, enquanto nomes como Meryl Streep e “Zootopia” também devem exercer certo domínio além do musical.
Todos os anos, tento assistir o máximo possível de filmes indicados antes da cerimônia, não apenas para poder debater com amigos que acompanham o Oscar tanto quanto eu, mas também para conhecer aqueles que são considerados os melhores do ano. 2017 está cheio de grandes títulos, e “A Qualquer Custo” é uma das grandes surpresas.
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A trama parece básica demais, com uma dupla de irmãos realizando assaltos a banco pelo interior mais isolado do Texas, enquanto um policial veterano tem a operação de captura como seu último trabalho antes da aposentadoria. O filme é ótimo, e mais do que isso, é a melhor adaptação de Grand Theft Auto que ainda não tivemos no cinema.
A semelhança, mais especificamente, se dá sobre GTA 5 e seu sistema de Golpes, disponível tanto na campanha principal quanto no modo online. É claro, em “A Qualquer Custo”, passamos longe das grandes missões de Michael, Franklyn e Trevor, mas ainda assim, vemos uma trama de planejamento, execução e fuga, capaz de enganar até mesmo a polícia – com exceção do agente interpretado por Jeff Bridges, que tenta sempre estar um passo à frente dos bandidos.
O filme também mostra, inclusive, o que acontece quando um dos membros da gangue foge do planejamento – e acaba quase colocando tudo a perder. A sensação de desolação permanece enquanto vemos uma dupla que parece estar disposta a tudo para conseguir o que querem, mas que, ao mesmo tempo, possuem princípios morais e éticos em suas ações – e parecem acreditar, piamente, que seu grande golpe é não apenas uma grande sacada, mas também algum tipo de justiça poética.
Assim como GTA, “A Qualquer Custo” também pode ser apreciado a partir de diferentes camadas. É, sim, um filme policial bastante interessante, que cresce até chegar a um final empolgante, mas também uma crítica com ares políticos, que mostra de forma crua, mas sutil, a situação econômica e como os menos favorecidos acabam sendo levados às últimas consequências para conseguiram sobreviver em um ambiente hostil.
Em um ano cheio de fortes candidatos e vários filmes “com cara de Oscar”, “A Qualquer Custo” acabou se mostrando uma grata surpresa. De todos os indicados, foi o que menos dei atenção, e só o assisti nesta semana pois queria um filme um pouco mais curto, para fechar a noite. Acabei encontrando algo que me fez ficar ligado na TV do começo ao fim, indo dormir mais tarde que o esperado. Estou com muito sono enquanto escrevo este texto. E valeu a pena.