Uma das grandes expectativas para E3 deste ano é o anúncio de Resident Evil 7. A maior franquia da Capcom chega à sua sétima edição cheia de dúvidas e incertezas. Depois de RE6 não corresponder às expectativas financeiras esperadas, a empresa mostrou-se interessada em atender à demanda dos fãs e prometeu trazer elementos que os jogadores pedem muito, como por exemplo, a volta do terror a série.
Isso é um pouco controverso, pois a marca Resident Evil divide a opinião dos fãs de tal modo que talvez não haja uma unanimidade. Na verdade as opiniões são tão divergentes que, se a Capcom consultasse os grupos individualmente, ela teria milhares de possibilidades. Quando se trata de um novo jogo da franquia seu futuro é incerto.
O que vem a seguir?
Um dos principais pontos das expectativas para o novo jogo está em seu protagonista. Na verdade, esse talvez seja o principal ponto. Resident Evil se tornou uma série muito dependente de seus personagens. Para entender um pouco sobre essa questão, vamos voltar um pouco no tempo para lançamentos anteriores:
O primeiro Resident Evil teve como uma de suas inspirações o filme “A Noite dos Mortos-Vivos”, de George Romero. O longa se passa basicamente em uma casa no meio de uma floresta repleta de criaturas bizarras. Sua continuação, “Despertar dos Mortos”, ampliava o cenário do primeiro, levando-o para a cidade. Embora a origem do mal fosse a mesma, os personagens que protagonizaram essa aventura eram outros totalmente independentes do filme anterior.
Nos primeiros esboços para a continuação do Resident Evil original, essa ideia de continuação também estava presente em RE2, que seguiria como uma continuação embora não fosse focada em nenhum personagem da aventura anterior. O ponto principal estaria em sua ambientação. Com o cancelamento dessa ideia às vésperas de seu lançamento, outro fator inesperado fora acrescentado a trama: a protagonista feminina teria relação fraternal com o protagonista masculino da aventura anterior.
Os jogos posteriores da série principal, com exceção do Resident Evil Zero, que tem outra proposta, trouxe sempre pelo menos um dos protagonistas dos dois primeiros jogos. Outro detalhe importante é que nenhum personagem coadjuvante, a partir do 3º jogo, retornou à série.
Quando o primeiro trailer de Resident Evil 5 foi lançado, a principal questão era: “Quem seria o protagonista daquela aventura?”. Tínhamos um rosto e não um nome, e as especulações apontavam principalmente para Chris ou Billy. No final, era mesmo Chris Redfield.
Resident Evil 6, todavia, tentou mudar essa dinâmica com o estreante, porém gigante, Jake Muller. Apesar desse ser o seu primeiro jogo, ele já nasceu com potencial de um futuro protagonista, por ser filho do principal vilão da série, Albert Wesker. Isso o colocou em uma situação privilegiada e seu passado misterioso conforta ainda mais essa possibilidade.
O epílogo de Resident Evil 6 sugere que esse pode ser o ponto a se seguir, se o fracasso comercial do referido jogo não afetou os aparentes planos da Capcom. Poderemos tê-lo como protagonista da nova aventura, mas como dito anteriormente, se tratando de Resident Evil, o futuro sempre é incerto.
De Olho na Concorrência
Os jogos recentes das principais empresas concorrentes devem ajudar a definir os rumos de Resident Evil 7. The Last of Us e Tomb Raider, como exemplo, podem ser possíveis inspirações para o vindouro jogo. Entretanto, The Evil Within deve ser o principal concorrente a ser batido. Apesar de ter uma proposta diferente de Resident Evil, o jogo conta com um fator comparativo. Seu criador, Shinji Mikami.
O produtor, que deixou a série Resident Evil no 4º capítulo, é um dos cabeças por trás do psicótico game e isso já é um dos grandes estopins para efeitos comparativos. Será que Resident Evil 7 está se preparando para competir de frente com esses jogos?!
Os caminhos a se seguir:
O lógico
Resident Evil 6 usou todas as suas forças para introduzir Jake Muller na saga. Por ser filho de Wesker, ter Sherry Birkin como parceira, seu sangue especial, uma “rivalidade” com Chris, um passado envolto de mistérios e, principalmente, ao aparecer no epílogo do jogo, ele tem grande potencial de protagonizar a próxima aventura. Aparentemente, os planos da Capcom eram de usar o novo personagem em suas futuras tramas.
Antes de tudo, ele seria um personagem estratégico, pois além de ter ligação direta ao passado da franquia, também era um personagem novo com vários rumos a ser explorados. A trama, como sugere o epílogo, se passaria no Oriente Médio, mas o que isso teria exatamente a ver com sua origem poderia ser um dos focos da trama.
O sonhado
A volta de personagens antigos é um dos sonhos de grande parte dos fãs. Rebecca, Barry, Billy, Carlos e, principalmente, Claire Redfield, são personagens que estão sempre sendo lembrados pelos fãs. Ela, especificamente, começou sua participação em Resident Evil como uma azarada que, ao procurar seu irmão desaparecido, acabou entrando em uma cidade que era cenário de um apocalipse zumbi.
Além desse jogo, ela protagonizou o jogo Resident Evil Code Veronica X, que apesar de não ser da série numerada, faz parte da trama principal. No título, ela reencontra seu irmão desaparecido, Chris Redfield. Recentemente, Claire parece ter tido o seu final definitivo na animação canônica “Resident Evil: Degeneração”. Na trama, ela está trabalhando como ativista em uma ONG e não é mais uma combatente. Para trazê-la de volta a série, uma das ideias seria coloca-la em meio a um surto apocalíptico, como em sua estreia, em Resident Evil 2.
O fácil
Leon Kennedy é um dos personagens mais conhecidos dos videogames. Parceiro de Claire em Resident Evil 2 e protagonista de RE4, um dos mais aclamados jogos da Capcom, ele surge como um dos personagens preferidos dos fãs da série, como também de muitos jogadores casuais. Colocar o agente federal em meio a um surto viral já é mais do que suficiente para chamar atenção dos jogadores.
A Capcom sabe do potencial do protagonista de Resident Evil 4 e o usa como personagem principal de suas animações que fazem parte da cronologia principal da série, “Resident Evil: Degeneração” e “Resident Evil: Condenação”. Ao incluir Leon em um jogo, é quase certo que a anti-heroína da franquia, Ada Wong, também esteja presente, e, com isso, grandes revelações sobre o envolvimento da espiã nessa trama conspiratória e os seus segredos podem ser finalmente revelados.
O idealizado
Chris Redfield e Jill Valentine têm potenciais de serem protagonistas de seus respectivos jogos. Ambos os personagens são muito queridos e foram os primeiros protagonistas da série. São sobreviventes da mansão do jogo original e encerraram esse arco de histórias em Resident Evil 5, quando finalmente derrotaram o grande vilão da série, Albert Wesker.
Para um possível Resident Evil 7, Chris pode ser colocado em seu posto de capitão da BSAA em missões que envolvam bioterrorismo e, com isso, pode incluir novos combatentes como parceiros, enquanto Jill pode dar continuidade a Resident Evil: Revelations, game em que os planos de Raymond Vester e Jessica Sherawat permanecem em aberto. Colocar os dois personagens em uma mesma trama também poderia trazer bons resultados, principalmente se unidas as ideias citadas.
O interessante
Um jogo protagonizado por Ada seria bem interessante, pois ela é a principal anti-heroína da série. Ela conta em seu currículo um envolvimento com um dos cientistas da Umbrela, o que a colocou dentro da empresa para conseguir seus objetivos, conseguiu amostras do G-Vírus e Las Plagas, enganou Wesker e atualmente trabalha para uma organização misteriosa. Ela é dona dos segredos mais bem guardados da franquia.
Um jogo focado em Ada poderia focar nos principais segredos da corporação e revelaria, finalmente, para quem ela está trabalhando. Ada é a coadjuvante natural das aventuras de Leon Kennedy, mas, e se a Capcom ousasse e invertesse os papeis?
O surpreendente
HUNK é o personagem que é sempre cogitado como um possível personagem de Resident Evil, porém, nunca chegou a uma posição de destaque. Apesar da sua curta participação em Resident Evil 2, o Senhor Morte é conhecido por sempre sobreviver a suas missões. Recentemente ele teve uma participação importante no jogo Resident Evil Operation Raccoon City, embora não fosse o esperado para os fãs.
Seria uma grande surpresa se HUNK fosse colocado como o protagonista de Resident Evil 7 e revelasse muitos dos segredos ainda existentes por trás da Umbrella, além de como ele está atuando após o fim da corporação. Ele também poderia estar envolvido em missões que envolvessem o bioterrorismo.
O difícil
A série Resident Evil é muito apegada a seus personagens e o caminho mais difícil que a Capcom pode seguir em Resident Evil 7 é colocar personagens nunca vistos antes e sem ligações com os das aventuras anteriores. Nunca um jogo da série principal deixou de ter Chris, Jill, Claire ou Leon como um dos protagonistas.
Um fato que levou a muita discussão sobre Resident Evil 6 foi a crença de muitos fãs sobre a possível morte de um dos protagonistas, porém, essas expectativas acabaram frustradas. Caso Resident Evil 7 venha a ser um jogo estrelado por personagens nunca vistos, algo interessante seria aproveitar as tramas e subtramas principais e colocar os novos integrantes envolvidos nelas.
O ousado
Resident Evil 7 pode romper com todos os paradigmas, caso a Capcom ouse de vez colocando o novo capítulo da franquia sendo protagonizados por antagonistas. Apesar dessa ideia ser uma das propostas do Operation Raccoon City, o jogo não agradou à boa parcela dos fãs. Reaproveitar essa ideia em cenários inéditos com interligações canônicas à série principal seria algo ousado para a empresa.
Os personagens em questão poderiam ser os atuais financiadores de Ada Wong, fazendo experimentos ou tentando encobrir vestígios que os incriminassem. A espiã também poderia estar envolvida, ou até mesmo, a trama poderia ser direcionada de forma que os personagens tradicionais tentassem acabar com essa corporação, com os jogadores do outro lado, tentando impedir que os outrora protagonistas se deem bem.
O controverso
Muitos jogadores acreditam que a série Resident Evil já está saturada e o melhor caminho seria um reboot. Reiniciar a série significa que todas as tramas inacabadas permanecerão dessa forma. O jogo pode ser ambientado novamente na mansão ou na própria Raccoon City. Novos Chris e Jill podem protagonizar o jogo iniciando um novo momento. Talvez esse seja um caminho sem muitas complicações, pois, a cada lançamento, a Capcom lança tramas e subtramas, introduz novos elementos, mas esquece de dar a devida continuidade. Fazer um reboot seria uma maneira fácil e radical de passar uma borracha nas questões sem respostas que a própria empresa não faz questões de responder.
O impensável
Alice é a protagonista da série de filmes de Resident Evil. A personagem vivida por Milla Jovovich conta com uma grande quantidade de fãs, principalmente entre aqueles que não conhecem os jogos. Muitos veem os longas como um afronta aos jogos e colocar a protagonista deles na série principal poderia trazer muita antipatia dos fãs. Já se falou sobre uma possível presença dela no mini-game The Mercenaries, mas isso talvez não deva ocorrer, pois a relação de amor e ódio entre os fãs pode prejudicar o desempenho dos game.
A ocasião em que ela melhor se encaixaria, quem sabe, seria um DLC de Resident Evil: Operation Raccoon City. Como isso não ocorreu em um jogo alternativo, dificilmente ela estreará em um capítulo numerado da franquia.
Caso a personagem seja de fato incluída, uma das possibilidades seria trabalhar cenários isolados, como ocorre em Resident Evil Outbreak, onde ela passaria por uma série de “fases”. Dentre esses cenários, teríamos Raccoon City, Ilha Rockfort, entre outros monentos conhecidos dos jogadores para que mostrar como a personagem estaria, de alguma forma, conectada à história geral. Ou, ainda, um título com revelações das origens da Umbrella.
Considerações
O anúncio de Resident Evil 7 ainda é uma especulação e nada foi oficialmente revelado. Caso o jogo realmente seja anunciado na E3 desse ano, será que a Capcom usará de algum desses caminhos para conduzir a aventura? Será que a trama estará ligada novamente ao quarteto principal ou teremos outros rostos protagonizando a aventura? Com o sucesso do Resident Evil: Revelations e parte de sua trama ainda em aberto, é possível que o novo jogo continue desse ponto. Você concorda com alguma dessas suposições, discorda ou tem outro caminho a sugerir? Deixe a sua opinião nos comentários.
