Bubsy

Bubsy: Pawns on Fire

por Ana Cruz

Quer parar de tentar fazer o Bubsy acontecer? Isso nunca vai pegar

Sabe aquele jogo que, mesmo tendo uma qualidade questionável, você ainda gosta e se diverte com ele? Quando Bubsy: Pawns on Fire saiu, estava com um bom pressentimento, afinal, gosto de jogos de plataforma e acho interesse o estilo runner. A Accolade até lançou campanha no Kickstarter, para fazer o jogo acontecer, mas o resultado ficou bem longe do esperado.

Tudo começa quando Bubsy está em uma festa de quatro convidados na escola. Seus sobrinhos aparecem e dizem que os inimigos estão na TV e pedem ajuda, pois Oinker (um porco mafioso) está sequestrando os animais. Bubsy vai com três novos amigos e uma delas é Woolie, da mesma raça que seu antigo rival. Há três cenários para a aventura: uma floresta, uma instalação alienígena e, por fim, um zoológico.

Cada personagem tem uma habilidade especial, Bubsy pode planar e usar o soco para pegar impulso. Woolie vem com uma nave especial, voa e dá tiros. Com Virgil, você pode dar pulo duplo, usar os alvos no chão para pular mais alto e rastejar para passar por debaixo das plataformas. Já Arnold só corre e pega as joias, além de desviar de bombas e sacos de pum. Sim, há uma tentativa de piada de peido no game.

A promessa é de 140 fases, mas a verdade é que o total é 35 x 4. Prepare-se para voltar desde o começo para pegar um item, caso o perca no caminho. É stress na certa!

Coletando os itens, você pode customizar seu personagem favorito, mas tudo são roupinhas, sapatinhos, capacetes para Virgil ou até naves de Woolie. Nada que te motive, de verdade, a coletar novelos e cristais para fazer tal coisa, porque nem há tanta variedade assim.

Os controles não são precisos, principalmente nas fases de Virgil, que em alguns níveis, faz você rastejar e pular muito rápido. Com a Woolie, o problema será caso queira matar um inimigo e pegar algum item, pois existem vezes em que a fase será mais rápida que seu tiro, aí é morte na certa. Tive vários problemas com o Bubsy, que falhava no impulso com o soco.

A Acollade disse que há 140 fases com um jeito único de jogar. Mas no final são apenas 35 x 4, principalmente quando se trata de Bubsy e Virgil, praticamente iguais com exceção de alguns pulos, mas nada demais. Calma que piora, pois você é obrigado a passar a fase com no mínimo dois personagens para prosseguir.

Dá até para considerar o desafio interessante, caso o jogador queira pegar todos os novelos e medalhas de Arnold, mas devido ao estilo do jogo, caso perca um, terá que recomeçar o nível. O game já é chato quando se passa as fases da maneira mais simples possível, com Woolie voando em linha reta ou usando a escorregada de Virgil, imagina ter que recomeçar cada vez que perder um item. É stress na certa!

Não bastasse toda o marasmo das fases e dos quadros, há a trilha sonora chata, enjoada e com vários bugs, como se às vezes tocassem duas músicas ao mesmo tempo. A dublagem é tosca, principalmente nas falas de apresentação ou quando acontece alguma morte. Se o intuito era ser engraçado, lamento dizer, não é.

Os efeitos sonoros também parecem ser feitos de maneira pouco cuidadosa, para ser gentil, pois não importa o que aconteça com os protagonistas, seja bater de cara na parede, ser ferido por um inimigo, cair na água, atingindo por um míssil ou qualquer coisa mesmo, o resultado sempre é o mesmo som de “soco na madeira” e uma fala tosca. Os gráficos estão bons para a proposta, que não traz muita variação nas fases.

Sabemos que nem todo jogo precisa ser GOTY, mas é essencial ser divertido e, infelizmente, Bubsy: Paws on Fire não é um caso.

Há apenas três bosses genéricos, inclusive o Oinker, sendo que apenas Bubsy irá enfrenta-los. Vou ser honesta, o único que se salva é o do segundo quadro, que exige precisão na batalha e torna fatal um erro mínimo. Já o chefão final é na base do pulo, com um pouco da jogabilidade do anterior, mas sem a mesma sensação de recompensa.

Sabemos que nem todo jogo precisa ser GOTY, mas é essencial ser divertido e, infelizmente, Bubsy: Paws on Fire não é um caso. Por mais que o game tente, parece que há um esforço maior para que ele seja ruim, enquanto até mesmo games simples de celular são capazes de proporcionar mais diversão.

O jogo foi testado no PS4, em cópia cedida pela Accolade.