Lançado originalmente em 2008 pelas mãos da Criterion, Burnout Paradise representa a origem de muita coisa que permanece até hoje como parte integrante dos jogos de corrida. A reinvenção completa da franquia retorna agora em uma versão remasterizada no PC, PlayStation 4 e Xbox One, trazendo de volta as qualidades que agradaram tanta gente no passado e, ao mesmo tempo, a visão triste de que as coisas nunca mais foram as mesmas.
O título do jogo já remete diretamente aos Guns N’ Roses, mas na lista, temos também nomes como Pharrell Williams, Avril Lavigne, LCD Soundsystem, Jimmy Eat World e Saoundgarden, apenas para citar alguns. O peso das músicas acompanha a jogabilidade frenética, que, literalmente, não para um minuto sequer, com corridas em, literalmente, cada esquina e provas que vão desde o tradicional “chegue em primeiro” até outras opções que estão de acordo com o estilo despojado do game.
Aqui, aliás, não é o lugar de quem procura o realismo ou a simulação, mas sim, daqueles que não gostam muito de usar o botão do freio. A física importa menos do que a destruição, com os carros dos oponentes se tornando um alvo preferencial em meio a objetivos colecionistas. Outdoors, portões e rampas também devem receber a atenção dos jogadores que rodam por Paradise City.
Até existem corridas tradicionais aqui, mas o grande foco do jogo recai mesmo sobre as provas em que o objetivo é acabar com um determinado número de rivais ou evitar ser atingido por eles. Burnout Paradise não poupa esforços quando o assunto é destruição, com um show de lataria amassada e peças voando por todos os lados, com as colisões sendo sempre exibida em câmera lenta e extremamente próxima.
Para mostrar a aniquilação completa dos oponentes, o game retira os controles das mãos do jogador para mostrar as batidas, não importando se, à frente, estão curvas fechadas ou tráfego intenso. Quando o volante é devolvido, o tempo de reação pode ser inexistente, o que faz com que o feitiço se vire contra o feiticeiro. Brincar de carrinho de trombada é legal, mas não o tempo todo.
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Burnout Paradise também não é muito preocupado com o balanceamento e, na remasterização, eleva isso à última potência. O jogador, que já não tinha problema algum em vencer as provas, se verá agora diante de uma série de máquinas lendárias que voam baixo e não são páreo para os rivais. Pilotá-las, entretanto, é um desafio à parte, pois muitas delas são demasiadamente rápidas, tornando-se descontroladas. Basta um toque para que a destruição completa aconteça.
O único aspecto do título que não foi copiado à exaustão nos jogos de corrida da Electronic Arts é também aquele mais interessante. Ao colocar o jogador em um mundo efetivamente aberto, a Criterion também abriu mão de um GPS linear e deixou o jogador livre para traçar suas próprias rotas, mesmo nas corridas que nos levam de um ponto a outro no mapa. Cabe a cada um escolher o melhor caminho, optando entre, por exemplo, fugir do trânsito ou evitar conflitos, em prol de andar mais para alcançar o destino.
Paradise City está mais bonita do que nunca, com todos os seus elementos e detalhes bem perceptíveis. Muita coisa está acontecendo ao mesmo tempo e tudo roda sem quedas na taxa de quadros por segundo, a não ser nos momentos de maior movimentação. É, sem dúvida nenhuma, a versão definitiva do título e que justifica a empolgação dos fãs após o anúncio.
Ao mesmo tempo, porém, Burnout Paradise é um testamento daquilo que se tornou tão repetitivo em jogos de corrida que nos levou à exaustão. No game da Criterion, nasceram muitos dos elementos que, até hoje, são parte integrante da franquia Need for Speed, à qual o próprio estúdio se dedicou por anos, antes de abandonar os trabalhos com games de corrida.
A principal questão é que a ênfase em destruição, colisões e frenesi acabou tomando um pouco do espaço daquilo que realmente importa: a velocidade e o controle. Ao mesmo tempo em que Burnout Paradise, para os fãs antigos, representa um dos precursores e melhores exemplos desse estilo, no mercado de hoje, ele também aparece como mais um entre tantos títulos com uma cara que ninguém mais aguenta olhar.
Quem já curtia o título desde sempre vai encontrar, em Burnout Paradise Remastered, apenas alegrias. para o restante, porém, são poucos os atrativos e inovações além do estilo de navegação um pouco diferente e a presença de carros da ficção. Em uma coisa, entretanto, todos os fãs concordam: dá saudades dos tempos em que os jogos de corrida, sejam dessa saga ou de Need for Speed, realmente eram bons e surpreendentes.
O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Electronic Arts.