Mais de 30 anos atrás, nascia o rival de Ghost’n Goblins, outro clássico de terror da década de 1980, mas com um diferencial que marcaria a mente dos jogadores através dos anos. Em Castlevania, você estava controlando um guerreiro destemido para vencer o Conde Drácula usando um chicote, arma não muito convencional para se matar vampiros, mas criando toda uma nova mitologia na cultura gamer.

Neste ano de comemoração do 50º anivesário da Konami, ela decide lançar a coletânea dos jogos clássicos de Castlevania na Anniversary Colection, que mostra as raízes do amaldiçoado sangue Belmont através de oito títulos de NES, Mega Drive, SNES e Game Boy.

Pra quem conheceu Castlevania a partir de Symphony of the Night, logo de cara o primeiro choque: a série não nasceu “Metroidvania”, e sim como um jogo de ação de plataforma. Claro que se tratava de um game mais lento e até mais realista, lembrando até as versões para PS3, no qual você invade os arredores do castelo do Drácula antes de adentrar seus aposentos, enfrentando os clássicos monstros da série como esqueletos, morcegos, homens-peixe e zumbis, com uma arma secundária clássica como faca, machado ou água benta.

Um fator comum em todos os títulos da coletânea é o gameplay de ação que vai evoluindo de acordo com o passar dos títulos, exceto Simon’s Quest e Kid Drácula, de que falaremos mais tarde. Também dá para acompanhar a evolução gráfica dos consoles e perceber como os jogos antigos eram bem feitos, apesar das limitações, e principalmente, difíceis. Claro que muito do desafio vem dos glitches e vacilos de programação e level design, mas é algo que só se percebe agora, que esses assuntos são comuns em discussões de internet, nesta era de jogos indies e com muitos Metroidvanias.

O primeiro título é onde tudo começou, em 1986. Castlevania estreava direto em um console, sem ter tido uma versão de fliperama, uma tendência na época, com ação madura e ar sombrio com um personagem sem expressão facial, deixando tudo mais sinistro, acompanhado de uma trilha sonora que representa a franquia até hoje. Jogo difícil, mas justo, que não usava o fator “buraco no chão” comum em jogos de plataforma como o maior desafio, e sim, o sistema de subir escadas, um drama que torna o personagem refém de inimigos que não perdoam os mais casuais. A “munição” de corações está em todo lugar, mas o desafio é intenso; os chefes são fáceis de derrotar na apelação e o maior desafio é passar pelas fases.

Em Castlevania II: Simon’s Quest, o sistema fica um tanto diferente do anterior e vai muito além dos jogos de ação da época, pois ele não é tão linear. Não bastava mais apenas ir para a direita enfrentando qualquer coisa que jogarem contra você, pois existem vários caminhos a se seguir para completar as missões que lhe são dadas. Neste título, Simon Belmont começa em uma vila e pode falar com as pessoas, entrar em lojas e residências, manter itens e sair por qualquer lado, além de se curar na igreja.

O problema é que os monstros de certos pontos são fortes, mas o chicote pode receber upgrade para derrubar os demônios mais resistentes, até que a noite caia. Os oponentes, no escuro, são mais fortes, mas deixam mais dinheiro, item primordial para aprimorar armas e adquirir itens. Muito inovador pra época, desagradando muitas pessoas

Já em Castlevania III: Dracula’s Curse, tudo volta a ser como no original, com o título parecendo ser apenas uma versão melhorada, mas que não se limita a isso. Este é o primeiro título em que é possível juntar companheiros pela jornada. Dá para controlar, por exemplo, um homem-macaco que tem facadas rápidas e anda pelas paredes ou uma maga que solta magias, mas tem alcance curto do cajado. Encontrar esses aliados depende dos caminhos que você optou seguir, ao fim de cada fase terminada, com minha única reclamação sendo a sempre lenta animação de troca de personagens.

Já em Super Castlevania IV, a família Belmont chega aos 16-bits, primeiro no Super Nintendo, e temos uma grande mudança que vai além dos gráficos e qualidade musical. Agora o personagem pode manejar o chicote para as outras direções, tornando a tarefa de eliminar essas pragas do inferno mais fácil, e também alcançar itens altos. A questão da escada fica mais amigável e é possível apelar usando as armas e o pulo com ataque direcionado.

As plataformas ainda dão dor de cabeça, assim como os dragões esqueleto em lugares estreitos. Os chefes continuam fáceis, o que é bom, pois se morrer, o jogador volta lá atrás, enquanto o Game Over leva de novo para o começo da fase.

Chegando ao Game Boy, temos Castlevania The Adventure e Castlevania II: Belmont’s Revenge, que são versões simplificadas das versões de NES por motivos óbvios de limitação de hardware. A fortificação da arma se torna o maior trunfo do jogo e, no nível máximo, é possível disparar projéteis. A cada dano sofrido, entrteanto, a habilidade é perdida e precisa ser readquirida.

Com grande dificuldade devido aos novos inimigos e muitas plataformas pequenas que se quebram, os estágios são os maiores vilões do jogo. Destaque para os globos oculares que explodem ao serem destruídos e acabam com as pontes de madeira, um inferno oftalmológico! Já um ponto interessante é a possibilidade de escolher o cenário que vai começar, na segunda versão.

Castlevania Bloodlines é a estreia da série em um console da SEGA e traz a inovação de se escolher entre dois personagens para começar a jornada, um com o clássico chicote e outro de lança, para dar mais variedade e fator replay no jogo. Com mais recursos visuais no Mega Drive e parecendo uma versão melhorada da versão de SNES, o jogo introduz também novos personagens na trama, cada um com adicional de mobilidade com sua arma.

A vilã da vez é uma mulher, Elizabeth Bartley, que causou a Primeira Guerra Mundial para que as almas mortas e atormentadas no conflito servissem para ressuscitar o Drácula. Fazendo referência a jogos que seriam lançados mais tarde e paralelo ao Rondo of Blood, lançado apenas para PC e estranhamente ausente dessa coletânea, Castlevania Bloodlines fecha o arco anterior a Alucard aparecer em cena.

Kid Dracula foi um clássico jogo de NES onde se controla um menino vampiro que dizem ser o Alucard criança, mas tanto faz. O estilo de jogo é praticamente o de um Megaman feito pela Konami, um título de tiro que pode ser carregado e alterado após vencer os inimigos. Familiar, não? Com um visual lúdico e fases de todo tipo, muito mais rápidas e variadas que todos os outros títulos, algo totalmente atípico para a série. Um jogo mais fácil e tranquilo que fará a diversão dos mais casuais e está sendo lançado em inglês pela primeira vez.

Por último, a coletânea traz de brinde um livro digital com as artes e histórias de todo o passado da saga que já completou 33 anos e ainda conquista novos fãs ao redor do mundo, sendo uma peça importante também para quem estuda a história dos games em geral ou quer criar seu jogo de terror.

Claro que a franquia não acertou em todas, temos aquele esquecível jogo de luta para Wii, outro esquisitíssimo de Nintendo 64 e outros títulos legais que fugiram à proposta original, para manterem a franquia ativa e lucrativa com novidades tais que falar de Castlevania é lembrar de Aria of Sorrow, Order of Ecclesia ou Symphony of the Night na cabeça das gerações de 20 anos atrás até hoje.

A parte porca é que todos os jogos são ports dos originais, ou seja, os bugs e glitches de cada um ainda estão lá para elevar o nível de saudosismo ao extremo, trazendo até o que não precisava. Certamente, o foco seria o um speed run mais facilitado, mas de quebra, temos seis filtros de imagem para agradar todo tipo de jogador, o que para as versões de Game Boy soa como necessário.

Com versões para PS4, Xbox One, Switch e PC, Castlevania Anniversary Colection é uma ótima pedida para curtir esse friozinho que se aproxima, enfrentando as hordas malditas do inferno e conhecendo mais sobre o começo de tudo e também como os mais antigos sofriam ao jogar video game. Pessoalmente, recomendo que
assistam à série da Netflix, que faz um apanhado das sagas antigas e torna mais rica a experiência por meio das tão amadas referências de inimigos, personagens, detalhes e é claro, personagens.

O jogo foi testado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Konami.

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