A indústria é agressiva. Ela anuncia, brinca com as nossas emoções e, muitas vezes, acaba não entregando o que gostaríamos. De vez em quando, a decepção vem na forma de jogos que não saem do jeito que esperávamos. Em outros casos, muito mais cruéis, simplesmente não vemos o resultado de tanta excitação.

São diversos os motivos pelos quais jogos podem acabar cancelados. Diferenças criativas, a falência do estúdio, mudanças no mercado ou, simplesmente, uma desistência de uma empresa com relação a um projeto. E aí tudo o que restam são esperanças, vontades e, na maioria das vezes, imagens daquilo que nunca se tornará realidade.

Os fãs, entretanto, sempre podem sonhar. E foi justamente em busca disso que perguntamos, em nosso grupo no Facebook, quais os jogos que a galera mais gostaria de ver revivido. Esses são os cinco mais voltados, que chegam envoltos em lágrimas e saudades daquilo que jamais tivemos.

5. Titan

Titan

Há sempre uma grande comoção quando a Blizzard fala na criação de uma nova franquia, e com Titan não foi diferente. Anunciado em 2008 após meses de especulação, Titan seria mais um MMORPG pelas mãos da companhia, mas desta vez, com um estilo bem mais futurista e arrojado do que os games da companhia na época.

O projeto era ambicioso. A Blizzard queria criar um título que duraria por pelo menos uma década, falando em hipérboles como “um marco para a indústria de jogos” e “um dos maiores projetos que a indústria já viu”. Os problemas, entretanto, foram tão grandes quando essa vontade e o desenvolvimento se arrastou por anos, mesmo com a presença de gente com experiência, em um time formado por veteranos de Warcraft.

Não deu certo e após anos de informações desencontradas, uma versão jogável nunca revelada ao público e diversos vazamentos, Titan foi oficialmente cancelado em 2014. A empresa, entretanto, já não trabalhava no título desde 2013 e da sua equipe de 140 pessoas, apenas 40 permaneceram unidas em um novo projeto.

A Blizzard deu um ultimato a eles – criem algo novo, rápido, ou também serão demitidos ou transferidos a outras equipes. Da pressão unida às ruínas de Titan, então, nasceu Overwatch, um dos maiores shooters da atualidade, melhor jogo do ano passado de acordo com o The Game Awards e um dos maiores fenômenos dos e-sports mundiais.

4. Resident Evil Portable

Resident Evil Portable

Anunciado de surpresa durante a E3 de 2009, Resident Evil Portable seria a primeira aparição da série da Capcom no portátil da Sony. Na época, o PSP Go havia acabado de ser lançado e era pensando nele que a empresa estava desenvolvendo o game, prometendo “algo que nunca havia sido feito antes”, seja lá o que isso significava.

A vida pública do título, entretanto, foi curta e não durou muito mais do que os poucos minutos durante os quais Jack Tretton, ex-diretor da Sony Computer Entertainment America, falou sobre ele no palco da conferência da Sony. Nunca se viu um trailer nem imagens de jogabilidade e ninguém jamais ficou sabendo exatamente como ele seria.

A Capcom, inclusive, nunca cancelou o jogo oficialmente. Em 2011, Christian Svensson, que na época era gerente de planejamento, disse que seu futuro ainda seria “determinado”, e em 2012, surgiram rumores de que o desenvolvimento de Resident Evil Portable havia sido transferido para o PlayStation Vita. Desde então, nunca mais se falou no assunto.

Por mais que não exista uma confirmação disso, a noção geral é que Portable acabou transformado em Resident Evil Revelations. Lançado em 2012 para o Nintendo 3DS, o título, inclusive, retorna em breve ao PS4 e Xbox One em uma nova versão, trazendo Chris e Jill em uma aventura individual que precede o quinto game da série e deu origem à sua própria subfranquia.

3. Star Wars 1313

Star Wars 1313

Boba Fett é um daqueles personagens que aparecem brevemente, mas que marcaram todo mundo. Estrela de seus próprios quadrinhos e livros, além de presença carimbada em qualquer convenção geek, o caçador de recompensas ganharia seu próprio game na forma de Star Wars 1313, que foi anunciado em 2012 pela LucasArts.

Na história, veríamos o personagem ainda no começo de sua fase adulta, trafegando o submundo da cidade de Coruscant. No título de ação, conheceríamos mais sobre o passado do personagem e também sua transformação no caçador de recompensas renomado, aquele que recebeu um pedido de “calma” do próprio Darth Vader.

Trailers e vídeos de gameplays foram divulgados, mas a empolgação dos fãs foi cortada abruptamente em 2013. Após a compra da LucasFilm pela Disney, todos os projetos de jogos relacionados a Star Wars foram transferidos para a Electronic Arts, enquanto outros títulos, incluindo Star Wars 1313, seriam abandonados imediatamente.

A LucasArts, entretanto, continua na ativa, apesar de trabalhar em poucos jogos – e nada relacionado a Star Wars. As esperanças, entretanto, foram renovadas em 2015 quando Kathleen Kennedy, diretora da produtora Lucasfilm, disse que o conceito de Star Wars 1313 era “ótimo”. Ela disse que o jogo poderia retornar à vida em uma nova forma caso acordos de licenciamento além da parceria entre Disney e EA fossem realizados. Por enquanto, entretanto, nada aconteceu nesse sentido.

2. Scalebound

Scalebound

E já que o assunto é fã sendo pego de surpresa, Scalebound é outro exemplo disso. Anunciado em 2014, durante a conferência da Microsoft, o título da Platinum Games apareceu com cada vez mais destaque nos dois anos seguintes, sempre com grandes exibições de jogabilidade e elogios dos membros privilegiados da imprensa que tiveram a chance de experimentá-lo.

Exclusivo para Xbox One e também representando uma das ofertas japonesas mais fortes da plataforma, o título era um RPG de ação onde controlaríamos Drew, que ao lado de seu dragão Thuban, enfrentando desafios e perigos na terra de Draconis. O título teria também um forte componente cooperativo, com até quadro jogadores podendo se unir, cada um com seu amigo de bafo de fogo, para encarar inimigos gigantescos.

Após um atraso que jogou a data de lançamento de 2016 para 2017, entretanto, o cancelamento de Scalebound foi anunciado de surpresa em janeiro deste ano. Na ocasião, Phil Spencer, diretor da marca Xbox, afirmou que tanto a Microsoft quanto a Platinum pensaram grande demais com o título, mostrando para o público algo que não necessariamente se refletiria em realidade quando o jogo chegasse às prateleiras.

A falta de limites sobre os desenvolvedores, que tentaram dar um passo maior do que a perna, enterrou o título. A Microsoft é a detentora da marca, mas como dito posteriormente, nada impede que a Platinum aproveite conceitos e ideias para criar um sucessor espiritual no futuro. Nada disso, entretanto, foi anunciado até agora e o mundo permanece órfão de um jogo onde poderiam lutar lado a lado com os amigos dragões.

1. Silent Hills

Demo de Silent Hills, P.T. já foi baixado mais de um 1 milhão de vezes

Admita, ainda dói. Mais uma vítima da briga entre Hideo Kojima e a Konami, Silent Hills marcaria o retorno da série de terror em grande estilo. “Grande”, aliás, é uma palavra que define muito bem o game desde suas origens. Anunciado em 2014 durante a conferência da Sony na gamescom, o jogo surgiu sem alardes, na forma de uma demo jogável de um título de terror chamado P.T. Ninguém sabia do que se tratava até chegarem ao final da críptica demonstração.

A surpresa veio na forma não apenas de Kojima, que seria o produtor, mas também com a participação de Guillermo Del Toro na direção e do ator Norman Reedus como protagonista. Dava para ouvir os gritos de longe em um jogo que parecia cair como uma luva nas “piras” do criador de Metal Gear, acostumado a criar histórias metalinguísticas e cheias de nuances.

No meio do caminho, entretanto, veio Metal Gear Solid V: The Phantom Pain e a ambição de Kojima de fazer desta sua maior obra. Ao criar um game de mundo aberto, o diretor imaginou algo que não se encaixou muito bem com o planejamento financeiro da Konami, o que o colocou em conflito direto com os executivos da empresa. Eles não queriam gastar tanto em um único jogo, enquanto ele não demonstrava o que estava fazendo, acreditando que seu renome, apenas, faria com que os acionistas confiassem nele.

Não deu certo e, após um desenvolvimento problemático, The Phantom Pain acabou sendo o último jogo de Kojima na Konami. Seu estúdio de produção foi dissolvido e ele não falou mais no assunto até que, em abril de 2015, tanto Del Toro quanto Reedus acabaram com as esperanças dos fãs. Após isso, a própria desenvolvedora japonesa anunciou não apenas o cancelamento de Silent Hills mas também a remoção da demo P.T. da PSN.

O sonho havia acabado. A Kojima Productions se reergueu e o resultado disso é Death Stranding, game que, inclusive, conta com a presença de Reedus e Del Toro. Entretanto, ninguém jamais se esqueceu de Silent Hills. A Konami disse, na época, que continuaria a trabalhar na franquia, mas pelo menos até o momento em que esse artigo foi escrito, nada havia sido anunciado.

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