Far Cry 5 só chega na próxima semana, mas nesta terça-feira (20), para a Ubisoft, era hora de comemorar o lançamento. Para a imprensa convidada, parceiros comerciais e poucos fãs sortudos, selecionados a dedo nas comunidades do game, o clima na hamburgueria Z Carniceria, em São Paulo (SP), já era semelhante ao da aventura passada no estado americano de Montana.
Ajudava, por exemplo, o fato de, logo na entrada, nos depararmos com Boomer, cachorro que é um dos companheiros do protagonista do game. As fotos com armas de Airsoft e atores contratados para o papel de mercenários e do próprio líder do Projeto Portões do Éden, Joseph Seed, também facilitava a imersão no título que ainda está para chegar e tem lançamento marcado para 27 de março no PC, Xbox One e PS4.
Mais do que festejar a chegada do título e curtir o som da banda Hillbilly, a Ubisoft esteve lá para comemorar o sucesso de empreitadas comerciais recentes e, também, um recente alívio relacionado a seu futuro. No mesmo dia em que a festa estava marcada para acontecer em São Paulo, a Vivendi anunciou a desistência de sua tentativa de takeover hostil da desenvolvedora e a venda das ações que possuía de volta aos irmãos Guillemot, fundadores da companhia, além de investidores institucionais.
“Hoje é um grande dia para a nossa empresa, que sempre colocou a criatividade em primeiro lugar e, agora, tem sua independência garantida”, comemorou Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina. Ele não entrou em detalhes sobre o assunto, mas de acordo com as informações divulgadas oficialmente, estamos falando de um negócio de € 3 bilhões e mais de 30 milhões de ações da empresa, com a Vivendi não tendo mais nenhum tipo de influência sobre a empresa após a venda.
O alívio diante da resolução de um conflito que vinha se desenrolando desde 2016 concorda com os números extremamente positivos exibidos pela empresa durante o evento. De acordo com Chaverot, o ano fiscal 2018, que começou neste mês e termina em março de 2019, será o maior da história da Ubisoft, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, um crescimento baseado tanto na força dos lançamentos como também na variedade de conteúdos e produtos lançados pela companhia nos últimos meses.
Basta olhar a lista de jogos previstos pela empresa para entender o porquê de tanta empolgação. Além de Far Cry 5, que até o momento, é um dos maiores blockbusters do ano, temos também The Crew 2 e, estranhamente, Skull & Bones. Sim, pelo menos em sua apresentação no Brasil, a Ubisoft se lembrou do game e manteve a previsão de lançamento para 2018, mesmo que não se fale mais no título desde seu anúncio na E3 de 2017.
Além disso, neste ano, Rainbow Six: Siege e Tom Clancy’s Ghost Recon: Wildlands devem receber novas temporadas, assim como The Division, suja sequência foi anunciada recentemente e deve receber mais novidades na E3 2018. E falando na feira, Chaverot promete mais algumas “surpresinhas” para o evento, que acontece em julho nos Estados Unidos.
Vendas em alta
Tantas iniciativas são baseadas em números fortes. De acordo com Chaverot, em 2017, houve crescimento de 37% no faturamento global da Ubisoft e de impressionantes 69% em suas plataformas digitais, que correspondem tanto a jogos completos quanto DLCs e outros conteúdos extras. A performance dos games de catálogo também impressionou, com aumento de 48% nas vendas. É uma amostra da longevidade das propostas da empresa, disse o executivo.
No Brasil, esses números se repetem, mas em grau um pouco menor. Em plena crise econômica, a Ubisoft viu suas vendas de jogos físicos aumentarem 12%, enquanto as receitas digitais cresceram 38%. Uma recém-firmada parceria de distribuição com a Warner, bem como a continuidade do trabalho com a Ecogames, ajudaram nesse aumento.
É, também, uma demonstração de que as franquias da companhia caem cada vez mais no gosto do público. Como o assunto da noite era Far Cry 5, o diretor da empresa para a América Latina também citou números relacionados à saga, mostrando que ela mais do que triplicou de tamanho desde que passou a receber um tratamento especial da empresa, em seu terceiro game numerado.
Entre Far Cry 2 e seu sucessor, o aumento foi de mais de 360% nas vendas, enquanto o quarto game da franquia vendeu 30% a mais do que o terceiro. Aumento significativo também no campo dos spin-offs, com Far Cry Primal apresentando aumento de mais de 310% em relação a Blood Dragon.
A Ubisoft também trabalha para se tornar uma marca de renome no mundo dos e-Sports e, mais uma vez, o Brasil continua contribuindo fortemente para isso. O país continua líder em número de espectadores nos torneios de Rainbow Six: Siege, um dado que reflete o total de jogadores por aqui – 1,6 milhão. Em todo o mundo, as partidas do game já ultrapassam as 40 milhões de visualizações, com 300 mil espectadores, em média, durante as transmissões ao vivo.
Esse crescimento todo acompanha um trabalho que acontece fora dos jogos em si. Recentemente, por exemplo, a Ubisoft Brasil se tornou a primeira marca nacional a ultrapassar a marca de um milhão de inscritos no YouTube. No Facebook, são 5,5 milhões de fãs, na maior página de uma empresa de jogos em nosso país.
Por fim, a Ubi Workshop, loja online de produtos licenciados da marca, se torna Ubisoft Store e expande seu portfólio de produtos. Além de camisetas, canecas e outros artigos baseados nas franquias, a empresa firmou uma parceria com a bandUP!, uma das principais empresas de e-commerce de entretenimento no Brasil.
A versão renovada da loja online estreia, como não poderia deixar de ser, com uma linha de produtos inspirada em Far Cry 5. Além disso, para os próximos meses, está prevista a chegada de produtos que normalmente não dão as caras no Brasil, como colecionáveis, edições especiais e outros artigos importados, que Chaverot promete, serão vendidos com o menor preço possível para o público nacional.
“Sempre chove em dia de festa da Ubisoft”, comentou Chaverot ao subir no palco do evento e agradecer à presença de todos, mesmo com a tempestade que assolou São Paulo durante todo o dia. Assim como o dia dos paulistanos, o 2018 dos executivos da empresa e de seus fãs deve ser agitado, só que num ótimo sentido.