Renovar para piorar

Commandos sempre se destacou do restante dos games de Segunda Guerra Mundial do final dos anos 1990 e início dos 2000. Enquanto a maioria dos games da época focavam no tiroteio ou na estratégia pura e simples, com esquadrões e grandes campanhas, o título publicado pela Eidos decidia jogar pequeno para mostrar que pequenos atos e soldados com grandes habilidades também podem mudar as coisas.

Uma incursão atrás das linhas inimigas, claro, não era tarefa fácil dificultada ainda mais pelo complexo conjunto de controles que obrigava os usuários a jogarem com o manual do lado. Commandos não perdoava erros e, caso o jogador perdesse um dos personagens, deveria finalizar a missão sem ele, o que nem sempre era possível. Eis que 19 anos depois, tais conceitos retornam de forma repaginada, mas remasterizando e adicionando, também, aos seus graves problemas.

Commandos 2 HD Remaster, obra da Pyro Studios em parceria com a Kalypso, nova dona da franquia, é tudo menos uma homenagem. Com exceção do conjunto gráfico, efetivamente melhorado, bonito e definido, dando uma cara melhor aos cenários, tudo está piorado. Os controles, principalmente, se tornaram piores e menos precisos do que nunca, transformando diferentes momentos de combate intenso em uma tortura.

Fora do conjunto visual, há pouco a se elogiar nesta remasterização, e mesmo aqui, existem críticas a serem feitas. O resultado final denota falta de carinho e, também, conhecimento do que, exatamente, fazia a franquia Commandos ser especial.

Isso se percebe logo em uma das primeiras missões, quando devemos desarmar minas. É um trabalho de paciência, como o próprio jogo afirma, mas experimente ir com calma quando os controles não correspondem aos movimentos do personagem e fazem com que ele exploda em mil pedaços. O jeito é manter o dedo no botão de salvamento rápido a cada ato bem-sucedido e ver que missões simples podem levar horas para serem concluídas.

Logo na segunda missão, encontramos um bug que travava o progresso, apenas o primeiro de muitos que viriam ao longo das fases seguintes. Um grupo de inimigos deveria vir em nossa direção, mas nunca chegou. A solução? Iniciar o título do zero, uma vez que os dados salvos mais recentes ocorreram após o problema. Fechar Commandos 2 HD Remaster, nessa hora, pareceu uma alternativa mais interessante.

Fora do conjunto visual, há pouco a se elogiar nesta remasterização, e mesmo neste aspecto, existem críticas a serem feitas. Em uma decisão inexplicável para um game passado na Segunda Guerra Mundial, a Kalypso decidiu retirar todos os símbolos nazistas e japoneses do game, alegando que a presença deles poderia ofender as pessoas. Uma falta de tato e uma quebra completa na ideia de preservação e atualização que sempre acompanha versões desse tipo.

Outras possibilidades interessantes do Commandos 2 original também se foram, como o modo multiplayer (adicionado mais tarde, por meio de atualização, e carente de funcionalidades) ou a possibilidade de dividir a tela para enxergar o ponto de vista dos diferentes soldados espalhados pelo mapa, um recurso bem útil em missões com mapas grandes e muitos objetivos.

O resultado final denota falta de carinho e, também, conhecimento do que, exatamente, fazia a franquia Commandos ser especial. Diante dos problemas graves de jogabilidade e de uma ausência completa de polimento, a boa notícia é que a versão original ainda está disponível para venda. Siga com ela, soldado.

O jogo foi testado no PC, em cópia cedida pela Kalypso Media.