Crash Bandicoot 4: It's About Time

por Ana Cruz

Jogo difícil para toda a família

Como é bom ver uma franquia que saindo do limbo, voltando com qualidade e se mantendo nesse ritmo. Esse é o caso do querido Crash Bandicoot, que começou muito bem na década de 1990, mas teve um vacilo atrás do outro quando chegou ao PlayStation 2, com a essência do personagem sendo jogada pelo ralo. Depois das remasterizações N’Sane Trilogy e Team Racing, a Activision quis avançar para algo mais arriscado, uma sequência inédita.

Foi assim que acabamos agraciados com Crash Bandicoot 4: It’s About Time, lançado para PlayStation 4, Xbox One e já para a nova geração de consoles da Microsoft. E, meus amigos, que jogo.

O enredo começa com N.Cortex, N.Tropy e Uka Uka presos em uma lacuna no tempo e procurando uma maneira de escapar. A “máscara do mal” acaba sucumbindo ao abrir uma saída, deixando os outros vilões escaparem, jurando vingança contra o protagonista. Isso tudo com direito a porrada em um Crash de pelúcia e enquanto o vilão do tempo dizia que não aguentava mais ouvir o outro reclamar e mastigar.

Um título para todas as idades, pois é exatamente isso que Crash pede. Depois de um belo recomeço, uma sequência que o consolida de vez e marca a volta do nosso querido marsupial ao mundo dos games.

Um dos riscos de fazer uma sequência, como já vimos antes, era se tornar mais do mesmo e ficar cansativo, ou pior, trazer um “Crash Tatuado” horroroso, mas nada disso se enquadra a It’s About Time. A quantidade de novidades é absurda, começando pelo modo “Moderno”, que não tem vidas limitadas, ao contrário do clássico, mas sem mudar a dificuldade do jogo.

Já sabemos que essa é uma das marcas principais de Crash, tanto que o novo game tem um Contador de Mortes, ainda assim, vale pensar bem no modo escolhido, seguindo no primeiro caso queira pegar todos os itens da fase ou no segundo se estiver se sentindo “brabo”. Em ambos, se prepare, porque a raiva e o sofrimento estão garantidos.

Crash e sua turma vão contar com ajuda de Aku Aku, como sempre, nos ajudando a não morrer com um toque, mas também das máscaras quânticas, como a Kapuna-Wa, que tem o poder de parar o tempo; Akano, que pode fazer Crash e Coco girarem por mais tempo; Ika-Ika, que inverte a gravidade; e, por fim, Lana-Loni que faz objetos sumirem ou desaparecerem.

Os diamantes também estão disponíveis no jogo, mas a dinâmica de como os adquirir mudou um pouco. Além de pegar todas as caixas, o jogador terá que coletar todas as frutas Woompa, inclusive as escondidas e, pasmem, ter um número mínimo de mortes na fase. Acreditem, conseguir todas vai exigir muito trabalho — e isso é bom demais.

As novidades não param por aí. Crash e Coco têm uma quantidade enorme de roupas bonitinhas para desbloquear, além de ser possível jogar fases com outros personagens como Tawna e o próprio N.Cortex, por exemplo, com cada um tendo sua habilidade e estilo diferentes.

Trilha sonora e dublagem, tanto português quanto em inglês, estão maravilhosas, enquanto as legendas, tradução e localização foram feitas com uma maestria incrível.

Os próprios estágios também trazem novidades como o modo reverso, podendo serem jogados de trás pra frente, o que aumenta o fator replay. Caso o jogador consega chegar em um ponto específico, morrendo até três vezes, poderá pegar uma fita e descobrir mais sobre os testes que Crash e Tawna passaram nas mãos do N.Cortex, por exemplo, revelando um pouco mais do passado dos personagens.

As batalhas contra os chefões são maravilhosas, cheias de referências a Guitar Hero, “O Médico e o Monstro” e outros ícones da cultura pop. Todas as fases também contam com variações, ainda que sigam temas específicos, seja uma corrida contra monstros, um novo jeito de pegar as super Woompas ou até o modo de eliminar um inimigo.

Levando novamente a dificuldade em consideração, existem algumas fases que são extremamente longas e podem ficar cansativas, principalmente no modo clássico. Infelizmente, um dos problemas que também parece uma marca de Crash são os loadings demorados, chatos de aturar até que uma possível atualização resolva isso.

Trilha sonora e dublagem, tanto português quanto em inglês, estão maravilhosas, enquanto as legendas, tradução e localização foram feitas com uma maestria incrível e direito a piadinhas e trocadilhos. Depois da já alta qualidade vista em Crash Team Racing, podemos dizer que It’s About Time chegou perto da perfeição, algo digno de Mel Winkler, dublador do Aku-Aku, que veio a falecer neste ano e ganhou uma merecida homenagem.

É muito bom quando um jogo é feito com carinho. O mais legal de Crash Bandicoot 4: It’s About Time, principalmente com o modo moderno, é que muitas pessoas que não jogaram muito a N’Sane Trilogy, por ter um limite de vida e ser “antigo”, poderão experimentar e se divirtir. Um título para todas as idades, pois é exatamente isso que Crash pede. Depois de um belo recomeço, uma sequência que o consolida de vez e marca a volta do nosso querido marsupial ao mundo dos games.

O jogo foi analisado no PS4, em cópia cedida pela Activision.