Provando estar ciente da aclamação pública, a DICE anunciou em maio deste ano o lançamento de Battlefield 1, que remete aos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. Na mesma semana foi revelado o novo jogo da também franquia de sucesso Call of Duty, Infinite Warfare, repetindo o enredo de guerra futurista visto nos últimos quatro anos da marca, o que sugere que a Activision enfrenta graves problemas de abordagem e atendimento às expectativas dos consumidores, ou que supõe que o nome de um ator famoso no elenco garanta o sucesso dos jogos. Ou ambos.
Em números, Call of Duty tem um histórico de vendas largamente mais bem sucedido que Battlefield. São 30,7 milhões de unidades vendidas de Modern Warfare 3 em 2011, recorde, contra 15 milhões de BF3, do mesmo ano. 2016 pode ser, finalmente, o ano de virada para a DICE. Salvo o polêmico embate de likes e dislikes nos trailers dos competidores, a demo multiplayer de Battlefield 1 estimulou ainda mais os fãs de FPS.
Muitos eram os fatores inéditos para avaliar e experimentar em aplicabilidade e interação na partida, dentre os quais: clima dinâmico, disponibilidade de armas de temporalidades distintas – apesar da ambientação no início do século XX -, de espadas a metralhadoras, gás mostarda para atacar o time oponente, suporte de até 64 jogadores simultâneos, embate de soldados montados em cavalos versus outros dirigindo tanques de guerra, possibilidade de pilotar um zepelim gigante, etc. O multiplayer agradou à grande maioria dos participantes da feira, mas é difícil distinguir o apreço pelo jogo em si do gosto pelo conceito do mesmo. A volta à temática das Guerras Mundiais foi tão esperada – apesar da extensiva exploração da mesma há dez anos – que talvez Battlefield 1 nos entregue muito mais do que aguardamos.
Como foi experimentar esse multiplayer? Foi ter a sensação de que tudo acontece ao mesmo tempo, e de maneira caótica. Éramos dez jogadores num núcleo do mapa, com vários outros se desenvolvendo em regiões diversas do território, e enfrentamos, a céu aberto e entre escombros de construções, sol, chuva e nevoeiro. Havia vários tanques de guerra e o enorme zepelim sobrevoando e atirando desembestado. Nenhuma trincheira para posicionamento estratégico e um líder de equipe tão perdido quanto o resto.
O sentimento foi de completa confusão, e isso é excelente. A partida foi eletrizante, e queríamos que durasse tempo o suficiente para testar todos os dispositivos novos. Em dez minutos, percorri os destroços da comuna francesa de Travecy, ataquei o oponente com um bastão de espinhos, padeci com a inalação do gás mostarda, atirei sob comando de um tanque de guerra e, num outro momento, do compartimento traseiro, enquanto outra pessoa o dirigia, dentre outras coisas. Infelizmente não pude sacar uma cimitarra à la Runescape, nem pilotar um Fokker Dr. I, como mostrado no trailer, mas acredito que todos os jogadores saíram do estande com boas impressões e anseio para o lançamento, que acontecerá em 21 de outubro próximo.
O que se espera de Battlefield 1 é um jogo moderno sobre um evento histórico. Percebe-se grande cuidado na produção para torná-lo o mais rico possível, explorando a tecnologia adquirida ao longo da learning curve da franquia, ao mesmo tempo em que há a preocupação para que seja satisfatoriamente imersivo, para que nos remeta à década de 1910. Isso se observa, além do panorama e artefatos de época, numa interface discreta, com as atualizações de saúde, munição e mapa dispostas discretamente na tela, para que a perspectiva de cenário seja aproveitada ao máximo.
Esta pode ser, portanto, uma edição de memória nostálgica a Battlefield 1942, lançado em 2002, com o assomo de todo o aprendizado da DICE na última década. Nós, os fãs, estamos prontos para esse regresso.