Um mundo no qual a tecnologia não fez com que os humanos evoluíssem, mas forçou a sociedade a regredir a um estilo de vida tribal. Foi com essa proposta de futuro quase apocalíptico que Horizon: Zero Dawn chamou nossa atenção desde o momento de seu anúncio. O conceito, a ambientação e a própria mecânica fizeram com que as expectativas em torno do jogo crescessem, muito por conta da curiosidade criada por ele.
E talvez parte desse interesse em torno do título esteja no fato de ele estar sendo desenvolvido pela mesma Guerrilla Games que nos trouxe a série Killzone. Com Horizon, o estúdio saiu de sua zona de conforto para explorar novos ideias. Acostumada com FPS futuristas, o game é aquilo que seu próprio nome revela: um novo horizonte; um recomeço. E isso é ótimo.
É claro que existem alguns pontos em comum. A tecnologia que vimos na franquia de tiros ainda está presente por aqui, mas em um contexto completamente diferente. A sociedade distópica de antes é deixada de lado para reimaginar um planeta Terra no qual os humanos abandonaram as cidades e a natureza tomou seu lugar. Porém, ao invés de animais, temos feras robóticas por todos os lados e uma nova heroína prestes a enfrentá-los para cruzar o mundo. É um universo tecno-primitivo bem diferente daqueles que estamos acostumados a ver. É um novo playground com muitas possibilidades à nossa frente.
Primeiro contato
Diante de todo esse cenário, colocar as mãos no jogo é realmente algo bem animador. Porém, a demonstração presente na última E3 servia muito mais para permitir que o jogador descobrisse um pouco das mecânicas do que para conferir algo realmente inédito. Como se tratava de uma versão reduzida daquilo que a Sony havia mostrado em sua conferência, o teste servia realmente como um primeiro contato com a jogabilidade. Um pouco frustrante, é verdade, mas nada que prejudique a boa primeira impressão deixada pela Guerrilla.
A demonstração foca especificamente na missão de Aloy de encontrar uma montaria para seguir viagem até a próxima missão. Pelo que foi mostrado na apresentação da Sony, sabemos que havia um grande confronto logo à frente, mas a parte jogável de fato se limitava apenas à procura pelo alce robótico e o confronto contra os pequenos Watchers. E, ainda assim, tudo soou bastante divertido.
Esse recorte é feito para destacar os diferentes equipamentos que a protagonista carrega. Ela possui vários tipos de flechas e algumas armadilhas a seu dispor, o que cria um leque enorme de possibilidades de abordagem. À primeira vista, toda essa variedade parece confusa e complexa, mas não demora para que você perceba como cada uma dessas ferramentas pode ser útil para cada situação. O segredo é se acostumar com as funções de cada uma dessas armas para criar sua própria estratégia, descobrindo o melhor modo de se aproximar e abordar sua presa.
Como nosso tempo era curto, fomos objetivos. Para a caçada, a melhor maneira de chegar ao seu objetivo é imobilizando o alvo com um arpão. Embora pareça algo bagunçado, a roda de equipamentos é algo fácil de gerenciar, assim como neutralizar o Broadhead, o nosso alce mecânico. Porém, essa é a parte fácil. A máquina fica estável por apenas alguns segundos e domá-lo deixa o jogador vulnerável, o que acaba se tornando a armadilha perfeita para que os Watchers ataquem. E é aqui que as coisas começam a ficar agitadas.
Nesta parte da demo, Aloy precisa lidar com vários inimigos de uma só vez. Eles são rápidos e bastante agressivos, o que exige muita habilidade para se manter vivo. Correr em volta dos inimigos e procurar pontos de vantagem dentro do próprio cenário são algumas das estratégias que você pode utilizar enquanto tenta acertá-los com suas flechas.
Como tudo é muito ágil, é muito comum você simplesmente errar boa parte dos seus disparos. Os inimigos são velozes e, por conta de sua estrutura metálica, o jogador precisa acertar partes específicas para conseguir causar o máximo de dano possível. Esses pontos-fracos são aparentes, mas não tão simples de serem atingidos. É algo que exige precisão e habilidade, principalmente quando o oponente insiste em se jogar contra você.
Por conta disso, a troca constante de equipamentos é fundamental. Aloy possui diferentes tipos de flecha que vão ajudar a criar situações que a coloquem em vantagem contra esses inimigos. São disparos que causam dano de área ou que vão ativar algum tipo de armadilha, facilitando sua vida.
Além disso, caso você seja um pouco mais habilidoso, pode partir para o ataque em cima do seu Broadhead. Horizon conta com um sistema de combate montado que é muito lindo de se ver, mas bastante complicado de executar. Se já é um pouco complicado acertar o ponto-fraco do seu inimigo estando parado, ficar sobre um alce-robô não ajuda em muita coisa — ainda que isso o coloque em segurança por muito mais tempo. Outra possibilidade é continuar a pé, mas contando com o apoio desse robô. Aloy pode “converter” quantas máquinas quiser e elas vão partir para a batalha ao seu auxílio, o que é de uma ajuda incrível.
Parando por aí
Como dito, a demonstração de Horizon: Zero Dawn é um belo coito interrompido. Quando você finalmente domina a mecânica e aprende a se dar bem nos confrontos, ela se encerra. Com uma área bastante limitada, tudo o que ela permitiu fazer após derrotar os Watcher foi sair galopando por um pequeno trecho de planície. Qualquer corrida um pouco maior já trazia uma mensagem de que o game poderia reiniciar caso não voltássemos à área principal.
E é com esse alerta que a nossa demonstração chegou ao fim. Foi um trecho muito pequeno e que revela pouca coisa além de um sistema de combate bastante ágil e com muitas possibilidades. No entanto, ainda estamos falando de um RPG de ação e o jogo precisa responder muito mais coisas para conseguir corresponder ao hype criado em torno dele.
O pouco que foi mostrado impressiona, sobretudo pela parte gráfica, mas deixou um amargo gosto de quero mais. Não daqueles que você sente quando não quer parar de jogar, mas do tipo que surge quando você percebe que o que foi mostrado não é o suficiente para você se empolgar de verdade. Ao que tudo indica, a Guerrilla tem um tesouro enorme nas mãos, mas ainda não nos permitiu ver o quanto ele é capaz de brilhar — e, de promessas, nós já estamos calejados.