Com Mortal Kombat, a NetherRealms Studios deu uma nova vida aos jogos de luta. O reboot da famosa série finalmente deu sentido à história dentro do gênero e fez com que outros títulos adotassem a mesma estrutura narrativa — como Street Fighter V deixa mais do que claro. E, com Injustice 2, o estúdio de Ed Boon quer subverter as coisas mais uma vez.
Quando o game foi anunciado, uma semana antes da E3, ninguém entendeu ao certo o que o jogo pretendia ao colocar os heróis da DC usando armaduras. A ideia de que “cada batalha define quem você é” parecia mais um slogan barato do que algo realmente significativo em termos de jogabilidade. Porém, você só começa a compreender o real significado disso tudo apenas quando entra no primeiro confronto.
A ideia de Boon e sua equipe com Injustice 2 é trazer elementos de RPG para dentro da lógica dos games de luta, por mais estranho que isso possa parecer. E, a partir do momento em que você entende como isso é possível, passa a ver que essa proposta de fazer com que cada luta molda o seu personagem é a mais pura verdade.
Uma peça de cada vez
Para começo de conversa, os heróis e vilões de Injustice 2 receberam todo um sistema de atributos. Cada lutador possui sua pontuação própria de força, quantidade de HP e de resistência a dano. Na prática, isso já existia em qualquer outro jogo, a diferença é que a NetherRealm tornou isso aparente e, o mais importante, passou a permitir que os jogadores alterem essas qualidades.
É aí que entra o novo sistema de Gears, que funcionam como equipamentos e dão forma àquelas armaduras mostradas no trailer. Cada uma dessas peças, recebidas ao fim de cada confronto, possui atributos próprios e vai definir as características gerais do seu herói, oferecendo uma gama enorme de possibilidades de personalização.
Com as Gears, é possível fazer com que o seu personagem se concentre mais na parte ofensiva ou defensiva, dependendo da sua estratégia e habilidades. A ideia da produtora é fazer com que cada personagem seja realmente único e diferente de qualquer outro. Assim, por mais que você enfrente outro Batman, ele dificilmente será igual ao seu.
Essa é uma adição bem interessante à lógica dos games de lutas, mas ainda oferece algumas dúvidas. Por mais que as Gears consigam oferecer uma variedade enorme na jogabilidade, elas também ameaçam todo o cenário competitivo. Com os equipamentos, o resultado de uma luta deixa de depender unicamente das habilidades do jogador, mas também de outros fatores. Você pode até jogar bem, mas se seu oponente tem equipamentos melhores, ele já começa com uma vantagem.
E a situação tende a se complicar ainda mais caso a Warner decida adicionar um sistema de microtransação a isso tudo — embora a NetherRealm tenha dito que não há planos para que isso aconteça.
Direto das páginas de quadrinhos
Porém, as novidades de Injustice 2 não se resumem apenas ao que os heróis e vilões vestem em cada confronto. O elenco é outro destaque do novo game. De acordo com o designer do título, Derek Kirtzie, a ideia é trazer o maior quantidade de personagens da DC em um jogo, com mais rostos inéditos do que retornos do primeiro jogo.
E isso ficou bem aparente durante a demonstração disponível na E3 2016. Além das presenças óbvias de Batman, Aquaman e Superman (que está a cara do juiz Sérgio Moro, diga-se de passagem), temos a estreia da Supergirl, Gorila Grodd e do Lanterna Vermelho Atrocitus. E cada um deles segue muito bem o cânone instaurado nos quadrinhos.
No caso de Grodd, por exemplo, há uma combinação muito boa de força física com poderes telepáticos, o que faz com que o símio se torne um personagem bastante versátil, causando muito dano em seus ataques ao mesmo tempo em que consegue controlar o oponente à distância. Já o vilão Atrocitus utiliza de toda a sua fúria para ganhar força, trazendo a violência que é característica da NetherRealm para o mundo dos super-heróis da DC. Além disso, ele pode invocar outro Lanterna Vermelho para o combate, o gato Dex-Starr, que consegue realizar vários ataques à distância e ser um incômodo enorme.
Porém, essas adições representam apenas novidades em termos de possibilidades de escolhas, já que Injustice 2 não muda em nada o sistema de combate. Com exceção dos novos cenários, o jogo não acrescenta nenhuma nova mecânica aos confrontos, o que deixa tudo bastante familiar para quem já está habituado com Gods Among Us. Ainda há muita interação com o ambiente, além das velhas animações de transição de mapa e nos golpes especiais.
Assim, a NetherRealm combina um sistema já bastante conhecido dos jogadores com elementos completamente novos por trás. É uma proposta ousada e que, de fato, reinventa a estrutura dos jogos de luta. Agora resta saber se esse conceito vai funcionar tão bem quanto na teoria e, o que é mais importante, se os jogadores vão comprar a ideia de ver um Superman lutando de armadura. Afinal, ele não é o Homem de Aço?