Exclusivo da Sony e um dos jogos mais aguardados para o próximo ano, “Bloodborne” vem aí parecendo mais do mesmo, mas se reinventando de uma maneira sutil e muito mais receptiva. Esta foi a impressão que tive testando o título durante a Brasil Game Show 2014, onde ele estava disponível para ser jogado e aprovado (ou não) pelo público.
Preciso dizer que durante toda a jogatina me diverti prestando atenção em cada detalhe visto no monitor. Os gráficos estão belíssimos e mesmo com a escuridão reinando sobre a ambientação, era possível vislumbrar o cenário e o incrível jogo de iluminação que foi feito. Aliás, o local onde se passava a demonstração era a macabra cidade de Yarnham, já vista em trailers e gameplays anteriormente divulgados em eventos internacionais passados.
As 4 builds
A demonstração já começa com o difícil dilema de escolher uma dentre as quatro builds disponíveis: Standard, que carrega as armas Saw Cleaver (cutelo) e uma Blunderbuss (bacamarte); Heavy, que possui as armas Hunter’s Axe e Pistol; Sword & Heavy Attack, que empunha uma Kirkhammer (martelo gigante) e novamente uma Blunderbuss; e por fim a build Agile, que utiliza as Warped Twinblades e uma Pistol de novo.
Sendo assim cada build possui duas armas a sua disposição e isso altera totalmente a experiência da jogatina. É possível também aposentar a arma secundária (arma de fogo) e jogar apenas com a primária (arma branca) e vice-versa. E se por um lado a build Sword & Heavy Attack foca em ataques mais lentos, porém causa danos pesados; a Agile, por exemplo, é extremamente veloz, mas não tão eficiente em ataques físicos. Portanto, é importante testar todas e ver em qual você se adapta melhor.
A jogabilidade
A flexibilidade à disposição do jogador e mostrada em arquétipos de personagens comuns sempre esteve presente na série Souls, mas aqui parece mais evidente, mesmo em builds já completas, e isto de alguma forma consegue tornar o jogo mais receptivo, mostrando por fim o quanto a desenvolvedora, From Software, está preocupada em ampliar sua gama de jogadores.
Por falar em série Souls, para mim pessoalmente foi gratificante perceber que os controles permanecem os mesmos, mas com pequenas diferenças. Os botões para utilizar o item de recuperação de energia e para desviar das investidas inimigas, as setas nos direcionais para alterar entre as armas e entre os itens de ajuda, os controles de movimentação e de câmera, os ataques fracos e ataques concentrados… Está tudo ali. As principais diferenças são em como o jogador administra toda essa arvore de habilidades sem ter a sua disposição as mecânicas de defesa e de magia.
No lugar de círculos de magias existem agora os itens de ajuda, que podem ser coletados ao longo da jornada, ou encontrados em caixas e baús que o jogador destrói. Eu encontrei durante o meu teste pedras e coquetéis molotov. Obviamente, em meio a uma horda de inimigos ferozes que prosseguiam para algum lugar distante e que poderiam assassinar meu personagem facilmente caso o avistassem; eu optei por utilizar os itens em questão para chamar a atenção deles, um de cada vez.
Como escolhi a princípio a standard build, aguardei até que os inimigos investissem contra mim, e utilizei primeiramente a arma de fogo para desacelerá-los um pouco, e só então parti para o ataque com a arma principal. Claro que alguns inimigos se defenderam quando usei esta mesma tática, colocando os braços frente ao seu rosto e assim diminuindo o dano dos tiros, enquanto que os inimigos maiores são mais resistentes a qualquer investida, então o melhor foi utilizar coquetéis e atacar com cautela e desviar sempre que possível.
Inimigos, ambientação e gráficos
Ainda sobre os inimigos, alguns deles surgem em lugares improváveis, causando alguns sustos. Além do mais, é importante ressaltar o quanto eles estão ferozes em Bloodborne. Como não existe defesa e a barra de stamina novamente marca presença, é preciso ter cautela e apelar para a esquiva, ou caso contrário a morte vem rápido para abraçá-lo. Outra diferença é a mobilidade dos personagens. Mesmo as builds que carregam armas pesadas, ainda eram ágeis se comparadas lado a lado com os personagens nos jogos anteriores.
Jogar a demonstração com os fones de ouvido fez alguma diferença também, mesmo em um ambiente agitado como o evento. Primeiro porque o cenário do game é intenso e possui uma atmosfera opressora. Começamos sem saber muito sobre a história, mas é certo que algo muito macabro está acontecendo ali, ou em algum lugar próximo da cidade. Houve um momento em que avistei uma fileira de inimigos, seguindo com suas lamparinas e suas armas em mãos para algum ponto em comum, quase como uma seita que atende ao chamado de seu mestre. Para ajudar na sensação de estar se metendo em algo muito sombrio, em determinados momentos era possível ouvir uivos, gritos de terror e risadas maléficas que surgiam repentinamente.
Os gráficos estão um show a parte. Como já comentei anteriormente, o jogo de iluminação que conseguiram fazer no game está belíssimo, e eu confesso que só percebi isso quando apertei o L2 e equipei a tocha, para conseguir enxergar e assim explorar melhor o ambiente. A capacidade gráfica do PlayStation 4 consegue manter a taxa de framerate estável mesmo quando já muitos inimigos na tela, e, num geral achei o resultado bem satisfatório. Outro ponto que chama atenção na questão da iluminação e por sua vez casa bem com um aspecto de gameplay, é quando o personagem está coberto com o sangue dos inimigos – aspecto que será o ponto chave na trama do jogo e que, aparentemente, recupera a energia do personagem.
Considerações finais
Eu sou suspeita pra falar, admito. Sou fã da série Souls e fã do trabalho da From Software e o modo como eles conseguiram se reinventar dentro do gênero, mostrando ainda que jogos desafiadores possuem espaço em um mercado tão massificado, onde boa parte dos consumidores preferem produtos fáceis e rápidos.
Me admiro como este novo projeto deles não perdeu nada da essência que Demon’s Souls e Dark Souls possuem, mas ao mesmo tempo, Bloodborne consegue manter sua própria identidade. Ele consegue se distinguir dos anteriores, deixando para trás o ambiente medieval e o arquétipo místico, e trazendo o design vitoriano e o clima moderno; além de um gameplay mais voltado à ação imediata, digamos assim.
Minha única tristeza era a regra do estande onde jaziam as estações do game: se morreu, um abraço! Daí era preciso voltar pro fim da fila e aguardar sua vez novamente – uma baita sacanagem com um jogo desafiador como “Bloodborne”. No mais, gostei muito do que testei, e aguardo agora ansiosa pelo lançamento do jogo.
Sobre Bloodborne
Apresentado como o sucessor espiritual de Demon’s Souls; na história, pelo que sabemos até então, uma estanha doença infectou a população do local onde se passa a demonstração, a cidade de Yarnham; um lugar com estrutura gótica, parca iluminação e becos malignos, onde a morte aguarda aqueles que se aproximam. Aparentemente o protagonista também está infectado com esta doença, mas antes de se render totalmente ao distúrbio, ele irá lutar e procurar pela cura.
A série Souls se destacava pelo seu incrível lore, apresentando uma completa mitologia, mesmo na existência de artefatos encontrados. Em Bloodborne possivelmente este aspecto não será diferente, e o jogo também traz um novo fôlego para a franquia, mantendo sua essência sem deixar a série saturada, graças a seu design inventivo e suas mecânicas mais frenéticas.
Desenvolvido pela From Software, que possui games consagrados em seu portfólio, como Armored Core, King’s Field e mais recentemente o já citado Demon’s Souls e o consagrado Dark Souls; “Bloodborne” será lançado em fevereiro de 2015, exclusivamente para PlayStation 4. A Sony já anunciou oficialmente que o game será 100% localizado em português.