“Já te falei qual a definição de insanidade? É fazer a mesma coisa repetidas vezes esperando que algo mude.” As célebres palavras de Albert Einsten ganharam contornos macabros na voz de Vaas Montenegro, vilão de Far Cry 3. Mas elas não se encaixam agora para a Ubisoft, que deseja fazer exatamente o oposto. Com o quarto game da série, a ideia é conseguir o mesmo resultado – criar um dos melhores FPSs do ano – só que fazendo algo completamente diferente.
Foi justamente nessas diferenças que a demo disponibilizada pela Ubisoft durante a Brasil Game Show 2014 se concentrou. Estranhamente traduzida para o alemão, a amostra colocava o jogador já de posse de algumas armas novas, como a escopeta serrada e uma potente metralhadora, e diante de um elefante, a grande adição à fauna do título.
Boa parte do mundo aberto do título parecia estar disponível na demo de Far Cry 4, mas nosso personagem “nascia” bem ao lado de uma base inimiga. Sendo assim, era difícil resistir à tentação de colocar os novos equipamentos à prova logo ali, do lado, e já entrar pelos portais do outpost explodindo tudo com o elefante. E foi exatamente isso que eu fiz. Morrendo rapidamente logo depois.
Evolução combativa
Logo de início, dá para perceber o longo caminho que a franquia Far Cry percorreu em tão pouco tempo. A chegada na nova geração, mesmo que com um jogo desenvolvido também para o PlayStation 3 e Xbox 360, permitiu uma mudança completa na forma como os cenários são construídos e também na reação dos inimigos.
Por isso, se você está acostumado com o funcionamento do game anterior, é melhor voltar para a escola de tiro. Agora, os ambientes são muito maiores e os oponentes bem mais sensíveis. Seguir de forma furtiva não será tão simples e partir para o modo Rambo, menos ainda.
Como estava com armas de assalto, decidi seguir pelo segundo caminho e entrei na base fazendo choverem granadas, enquanto disparava sem parar. Deu para perceber os inimigos claramente desorientados, enquanto o elefante descontrolado ajudava na ação, mas eles claramente perceberam o que estava acontecendo e começaram a se organizar com o intuito de me matar.
Seguir pelas laterais não deu certo, e pelo centro, menos ainda. Morri pelo menos algumas vezes e, em todas elas, foi por não perceber a estratégia inimiga. Agora, o “computador” sabe usar muito bem os diferentes estilos de inimigos e eles agem como um todo coeso. O animal desvairado destruindo todo e lançando oponentes pelos ares pode ser uma distração momentânea, mas também é algo com o que os soldados estão acostumados a lidar e, com isso, focam na verdadeira ameaça.
Essa mudança fez com que eu tivesse que voltar para o final da fila pelo menos algumas vezes, já que a regra no estande da Ubisoft era “morreu, passou o controle”. Mas isso foi algo que fiz com prazer já que, a cada nova rodada, descobria alguma coisa nova e, enquanto esperava, pensava em formas diferentes de abordar o mesmo problema. No final das contas, a sensação é que o desafio aumentou, mas não de maneira punitiva. Far Cry 4 é uma evolução em relação ao antecessor e, sendo assim, exige também que os jogadores avancem junto com ele.
Bases firmes
De resto, dá para perceber que a Ubisoft está se aproveitando, e muito bem, das lições aprendidas com o terceiro game da série. A reformulação, ali, foi completa e o mundo aberto ganhou vida, cor e mais emoção. Realizar as side missions e cumprir objetivos secundários era tão ou até mais divertido quanto conhecer a trama principal.
É claro, existiam seus problemas. O genial Vaas acabou subutilizado e o grupo de protagonistas do lado do bem geravam muito pouca empatia com o público. São problemas que a Ubisoft também está disposta a encarar em Far Cry 4, resolvendo-os e evoluindo sua fórmula de maneira geral, não apenas em questões de combate.
Foi exatamente esse um dos pontos que Matthieu Crepaux, um dos produtores do game, comentou comigo em uma conversa sobre o título, logo no início da Brasil Game Show 2014. Mas isso é papo para outro dia e a entrevista completa com ele você confere bem em breve aqui no NGP.
Far Cry 4 chega em 18 de novembro para PC, PlayStation 4, PS3, Xbox 360 e Xbox One. Ao Brasil, o título chega completamente localizado e com dublagens em nosso idioma.
