Fell Seal: Arbiter’s Mark [INDIEcações]

Finalmente as viúvas de um bom RPG tático, que raramente aparece nesta coluna, terão um consolo, com este jogo pesadamente inspirado no melhor de todos. Fell Seal: Arbiter’s Mark é o Final Fantasy Tactics que estamos esperando há mais de uma década, mas com muitas novidades e diferenças que reaquecerão o coração dos fãs mais saudosos do estilo.

Finalmente, depois de muitos anos, podemos ficar animados com um RPG tático estilo japonês em que o campo de batalha vira um tabuleiro de xadrez e cada peão tem habilidades distintas. Isso inclui também as classes de personagens, visão isométrica e uma história que começa simples e vai ficando complicada e pesada.

Fell Seal vai muito além das referências de sua inspiração e nos traz um Tactics desenhado à mão com cenários ricamente ilustrados e personagens secundários que podem ter sua aparência editada ao desejo do jogador. Tudo ao som de uma trilha sonora épica e com um toque de Hitoshi Sakimoto, compositor da Square para a franquia homenageada. 

Fell Seal não referencia só um J-RPG tático e podemos perceber influências de Vandal Hearts II e Hoshigami, entre outros. Tudo isso vem para somar nesta fantástica experiência onde você controla duas Arbiters, juízas que misturam esse papel ao de cavaleiro, em um mundo corrompido pelo dinheiro e a violência. Arbiters honestos se tornaram uma raridade perigosa para os tipos mais corruptos da sociedade, e neste universo medieval fantástico, cabe a você trazer de volta o período de paz e estabilidade política que reinou por mil anos.

O sistema de jogo não é novidade pra quem já conhece o estilo. Você tem uma classe militar baseada no mundo dos RPGs e se move com limite de passos delimitados pelos quadrados azuis e vermelhos, para ataque, de acordo com a profissão do personagem, divididas entre técnicas primárias e secundárias. Usando -as, se ganha pontos para poder adquirir mais habilidades ou mudar de Job, de acordo com sua linha evolutiva.

Até aí nada demais, mas existem rotas de evolução para as técnicas e cada ataque de sucesso nos adversários dá poucos pontos. Então, se prepare para batalhar caso queira evoluir!

Fell Seal se destaca pela edição de personagens recrutados, que é incrivelmente detalhada e permite escolher o gênero, Job e vestuário – desde chapéu, uniforme, tipo de olho, boca, cabelo, detalhes faciais, calça até a ausência deles, com tudo podendo ter as cores alteradas. Para finalizar, o retrato de batalha pode ser escolhido livremente. Pagando mais caro, ainda, dá pra aumentar o nível do personagem na contratação, para facilitar o ingresso em um time mais avançado. Como a inteligência artificial é de mediana pra alta, recomendo muita cautela ou grana antes de aumentar suas tropas ou você acabará sendo o elo fraco do time.

Diferente de Final Fantasy Tactics, Fell Seal é bastante violento e vai mostrar sangue de inimigos e inocentes, então já prepare seu espírito de mercenário medieval. A violência está presente nos ataques mais simples e, com a ajuda do efeito sonoro uma marretada, parece causar traumatismo craniano de primeira, apesar de um Ataque Crítico desse tipo ser raro. Em contrapartida, as magias não têm um apelo muito grandioso, sendo consideradas sutis, apesar de bem animadas, algo similar ao que foi feito em Mask of Semblance. Espero que isso seja melhorado até o lançamento, pois elas deveriam ter um grande impacto visual, não concordam?

Com um sistema de jogo consagrado e novidades para incrementar o já conhecido, Fell Seal: Arbiter’s Mark é a nova esperança para os que lastimam a falta de vontade da Square de fazer um novo capítulo de seu famoso RPG tático. Além disso, é uma opção com mais recursos que os jogos já existentes para celulares, que são lançados aos montes com sistema simplificado de combate e muita coisa pra se comprar com dinheiro de verdade.

Testamos a demo disponível para PC, que apesar de ainda ter muitas coisas inacabadas, já permite experimentar bastante e evoluir os personagens. É suficiente para aguentar até o game efetivamente ser lançado no ano que vem, em versões PC, Mac, Linux, Xbox One e PS4. A produção é da 6 Eyes Studio, com distribuição da 1C Company.