Como você melhora aquilo que, para muitos, já é considerado o melhor? É com esse desafio que FIFA 16 chega ao mercado. O novo game da série da EA Sports tem a difícil tarefa de se renovar ao mesmo tempo em que mantém todos os vários acertos que os seus antecessores trouxeram. É a velha história de não mexer em time que está ganhando, mas tendo o cuidado para que os rivais não se aproveitam dessa sua estabilidade.
Por sorte, o game não se acomoda em uma zona de conforto e consegue dar continuidade a tudo aquilo que vimos no ano passado ao mesmo tempo em que se preocupa em trazer diversas melhorias, ainda que seja em pequenas coisas. Tanto que FIFA 16 acaba se focando muito mais em detalhes do que fazer firula na sua mecânica — que continua ótima.
Exemplo disso são os efeitos visto dentro de campo. Para criar o senso de realismo que a EA Sports tanto deseja, o jogo agora traz pequenos elementos que os torcedores já estão tão acostumados a ver em partidas reais e que, até então, estavam ausente dos video games. Basta ver o quanto o campo fica desgastado ao longo da partida ou mesmo no simples fato de o juiz marcar a posição da barreira com um spray, que permanece no gramado mesmo depois de alguns lances.
E são essas pequenas coisas que fazem com que FIFA 16 se torne ainda maior. Como dito, ele é a continuidade de um trabalho — aproveitando-se do jargão do futebol — e fica claro o quanto isso se converte em qualidade. Aquele mesmo motor gráfico que foi introduzido em 2013 com FIFA 14 está mais apurado, sobretudo na física e na movimentação dos jogadores. Mais do que nunca, o jogo faz valer o seu slogan e joga bonito mesmo.
Porém, nem todas as adições se resumem às pequenas coisas. Ainda que as marcas no gramado chamem à atenção ao longo das partidas, o que mais vai agradar o jogador, principalmente o brasileiro, é o retorno dos nossos clubes. Os times brasileiros ficaram de fora de FIFA 15 e o anúncio de que eles estariam de volta neste ano foi um incentivo a mais para deixar os fãs animados.
Porém, não se anime tão rápido. Apesar de termos os uniformes e os brasões em destaque, os times do Campeonato Brasileiro não estão todos licenciados. Isso significa que você vai encontrar muito jogador genérico e bem poucos rostos conhecidos. Mas, para quem cresceu vendo Allejo jogar e idolatra o ícone até hoje, isso está longe de ser um problema.
Incômodo mesmo é a falta de alguns clubes. Apesar de termos a grande maioria dos principais times brasileiros, há algumas ausências bem sentidas. Corinthians e Flamengo, por exemplo, ficaram de fora por questões contratuais e os torcedores que quiserem ver seus mantos e seus heróis em campo terão de migrar para a franquia rival.
Para compensar isso, FIFA 16 traz algo que os jogadores pediam há anos: seleções femininas. Pela primeira vez na história dos games de futebol temos a possibilidade de controlar times de mulheres e isso é algo realmente muito divertido. Na prática, pouca coisa muda. A mecânica é basicamente a mesma, com apenas algumas variações na movimentação e em pequenos detalhes, mas não há como não se empolgar enquanto controla Marta ou avança com a atacante americana Alex Morgan.
A EA fez um excelente trabalho na recriação das moças e todas estão não apenas fiéis em termos visuais, mas também em suas jogadas características. Só é uma pena que tenhamos tão poucos times disponíveis com elas e esperamos que, no ano que vem, tenhamos mais seleções presentes.
FIFA 16 tem poucas novidades em termos de jogabilidade, mas todas as suas novidades são significativas. A mais emblemática delas, porém, mostra uma preocupação da EA Sports em atrair novos jogadores e mostrar que a série não é destinada apenas ao velhos fãs do futebol digital. Com o modo treinador, os atletas do seu time recebem um pequeno círculo ao seu redor que indica a direção do chute e alguns comandos possíveis para aquele momento.
É uma solução simples, mas bastante eficiente na hora de ensinar o pessoal a jogar. Por mais que você nunca tenha tocado em nenhum FIFA até hoje, o novo modo vai introduzir os comandos básicos para que você arrisque alguns dribles e faça seus primeiros gols. Por ser algo bem básico, não é nada que polua a tela. Além disso, o recurso pode ser desativado a qualquer momento a partir do botão R3.
É incrível ver o que a EA Sports vem fazendo com a série FIFA. O estúdio não apenas conseguiu se tornar referência em termos de futebol digital como ainda vem conseguindo manter esse título sem grandes esforços. A evolução contínua da franquia é nítida, mesmo em jogos como FIFA 16, que se concentram muito mais em aparar arestas e trabalhar detalhes do que fazer grandes inovações.
A estreia das seleções femininas e o retorno dos clubes brasileiros são, de fato, as grandes estrelas da edição. E o jogo consegue compensar as pequenas falhas com aquilo que ele tem de melhor: uma jogabilidade refinada e, graças ao modo treinador, acessível. Adicione a isso a excelente localização — mesmo com os comentários engessados de Caio Ribeiro que contrastam muito com a informalidade de Tiago Leifert — e você tem o melhor game de futebol dos últimos anos. Divertido, completo e atento até aos menores detalhes, ele é tudo aquilo que os fãs de um boa pelada tanto desejam.
O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Warner.