Depois de For Honor, existem dois caminhos para o jogador que sempre quis sentir-se em um campo de batalha real. O primeiro é enraizar de vez essa vontade, após ver tão de perto algo que poderia se passar por um combate na Idade Média, com todos os seus horrores e júbilos. O segundo, mais provável, é agradecer por nunca ter precisado segurar uma espada de verdade na vida.
Toda a violência de For Honor reforça como, naquele período, um deslize no combate era fatal. Apresentando isso na sua jogabilidade bem cadenciada, na qual cada golpe bloqueado ou desferido é verdadeiramente pesado, e ao caminhar, mesmo com as classes mais leves, sente-se a armadura. O título entrega, com isso, uma imersão no combate como poucos jogos. Nesse sentido, a Ubisoft fez um trabalho excelente. Porém, justamente onde essa nova franquia deveria brilhar, existem alguns problemas.
Após um cataclisma destruir tudo e todos, os cavaleiros, vikings e samurais sobreviventes entregam-se numa guerra desesperada pelos recursos que restaram. Contudo, mesmo após mil anos e os impérios se reerguerem, os combates, batalhas e mortes continuam.
O pareamento de For Honor necessita de uma revisão, pois partidas online podem levar uns bons minutos para começar, mesmo contra a inteligência artificial.
For Honor possui um modo história bem modesto, que serve, basicamente, como um grande tutorial para o multiplayer. Com um capítulo para cada facção, o game encontra em sua narrativa uma maneira de encaixar e apresentar as classes, estilos de combate e como sobreviver lutando até o fim. No entanto, o processo é maçante e repetitivo, transformando os poucos momentos diversificados, como uma perseguição a cavalo ou escalar um muro de castelo, em um alívio.
Outro problema é a falta de apego por nenhum personagem, com, apenas, a vilã Apollyon, que serve de ligação entre os episódios, tendo destaque. Ela, mesmo com o elmo todo o tempo abaixado, parece ter alguma humanidade, ou a falta dela, jogando as facções num triângulo odioso. A falta de empatia pelos protagonistas incomoda e eles lembram mais armaduras falantes do que seres com alguma fisionomia, chegando ao ponto de somente três rostos aparecerem no jogo inteiro, sendo um deles apenas no vídeo final.
Dificilmente existirão dois personagens iguais em For Honor. Do emblema que construímos assim que abre o jogo, das armas que carregamos e até os pequenos detalhes nas ombreiras e no topo dos elmos, tudo é customizável. Excluindo as classes unicamente masculinas ou femininas, pode-se mudar, também, o gênero dos guerreiros, deixando o processo de criação bastante imersivo, porém, infelizmente, restrito apenas ao Multiplayer.
Sobre as classes e seus detalhes, cada facção possui, até o momento, quatro tipos de personagens. Os Vanguardeiros, Pesados, Assassinos e os Híbridos – esse último precisando de uma nerfada generosa. Todas elas e seus representantes são únicos e cada um possui um set de golpes próprios, o que não impede que, em futuras atualizações, a lista de ambos aumente.
For Honor é um jogo prioritariamente multiplayer, onde o Aço recebido tanto no Modo História quanto nos duelos e combates online são direcionados para a melhoria dos personagens. No entanto, o ponto mais controverso do título são as compras internas desse item. Um artigo precioso, responsável pelo desbloqueio de todos os talentos e itens para montar e aprimorar armas e armaduras dos personagens. Eles iniciam com packs menores custando R$ 15,50 e chegam a absurdos R$ 306,90 no maior deles.
Esse desnivelamento entre jogadores que podem arcar livremente com os valores acima e os reles mortais poderia ser facilmente resolvido com um pareamento justo, considerando níveis e itens, porém samurais, vikings ou cavaleiros cobertos de ouro podem ser encontrados facilmente durante uma partida normal. É um sistema que necessita de uma revisão como um todo, pois partidas online podem levar uns bons minutos para começar. Mesmo contra a inteligência artificial, a demora não é diferente.
Entretanto, quando tudo funciona como deve, principalmente em Domínio, com quatro jogadores contra quatro, o jogo reflete todo potencial que possui, mudando o conceito do bate e defende dos duelos para a estratégia divertida do controle no campo de batalha. É o modo multiplayer mais divertido.
Provavelmente possuindo a velha maldição do “primeiro jogo da Ubisoft”, For Honor entra com facilidade para o hall de títulos com um grande potencial para sua sequência, onde uma história épica entre cavaleiros, samurais e vikings possa ser contada pelos bardos contratados a fazerem esquecer os problemas desse primeiro título.
O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Ubisoft.