Um projeto de fomento à produção nacional de jogos e um pequeno passo, ainda que modesto, rumo a um melhor mercado desse segmento no Brasil. Foram as conclusões obtidas durante audiência pública realizada na última terça (27), em Brasília, para discutir programas de incentivo aos games nacionais.
A promessa do governo é de financiar, até o final de 2014, 45 projetos de aplicativos e jogos chamados de “serious games” e focados para áreas como educação e saúde. São títulos e soluções que sairão do apoio governamental para serem distribuídos gratuitamente para os cidadãos que utilizam dispositivos móveis como celulares e tablets.
Não era exatamente o desfecho que esperavam muitos ansiosos, que debitavam na audiência pública a grande esperança para uma revolução no mercado de games brasileiro. Mas é, sim, o início de um caminho que pode nos levar a isso, já que jogos e conteúdos digitais começam, assim, a ter mais espaço na pauta governamental e podem, um dia, se tornar parte integrante das políticas públicas.
Para o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, James Görgen, esse é um setor que exibe uma grande dicotomia atualmente. Na mesma medida que o Brasil é o quarto maior consumidor de games do mundo, com cifras na casa dos R$ 850 milhões ao ano, é também um país que passa por dificuldades para se firmar como um polo de desenvolvimento de títulos, apesar de contar com mais de uma centena de empresas do ramo.
É uma situação que acaba causando, por exemplo, a fuga de talentos para companhias estrangeiras e que o governo federal agora deseja observar com mais atenção. Além de manter os profissionais no país, o Ministério das Comunicações quer investir também em educação e capacitação para o setor, com cerca de R$ 21 milhões já investidos em projetos criados em parceria com empresas. E tem muito mais por vir.
Evitando a discussão
Görgen também lembrou brevemente a recente isenção de impostos para smartphones produzidos no Brasil, que acabou possibilitando uma queda nos preços desse tipo de equipamento por aqui. Sobre os tributos relacionados aos jogos eletrônicos, porém, não houve nenhuma palavra, apesar de todos estarem cientes que esse é um dos principais fatores por trás dos altíssimos custos de consoles e jogos por aqui.
O Xbox One, fabricado no Brasil, é o mais barato da nova geração, estando disponível pelo preço oficial de R$ 2.299. A situação com o PlayStation 4, porém, é absurda, com os custos de importação do aparelho fazendo seu valor disparar para impressionantes R$ 3.999. É o incentivo que o mercado cinza precisa para continuar prosperando, enquanto freia o crescimento dos números de vendas no país.
Tudo tem o seu tempo e, provavelmente, ainda vamos ter que esperar um bom tempo para ver preços mais acessíveis e incentivos fiscais aos jogos no país onde “game não é cultura”. Ainda assim, dá para ficar pelo menos um pouquinho animado com as propostas do Ministério da Comunicação que, com todas as letras, disse estar disposto a trabalhar não apenas com as estruturas de telecom, mas também investir no mercado de conteúdo digital.
Com informações do Portal Brasil.