“O começo de uma nova geração para Gran Turismo”. Foi assim que o criador da série, Kazunori Yamauchi, definiu o primeiro título da franquia para o PlayStation 4 em seu anúncio, feito no ano passado. Se a sequência de jogos que começaram lá no primeiro console da Sony foram a fase um da série, Sport dá início à fase dois.
É uma era mais focada nos esports, com os torneios relacionados ao game sendo reconhecidos, inclusive, pela FIA, a Federação Internacional de Automobilismo, que regula, por exemplo, a Fórmula 1 e boa parte dos esportes a motor. É, também, um título que pretende abrir um pouco mais de espaço para os pilotos iniciantes, que poderiam se sentir intimidados pela simulação extrema de Gran Turismo e seus gráficos, muitas vezes, só entendidos por engenheiros. A ideia é que o conteúdo atenda a todo mundo, mas sem folgas, e que os novatos, pouco a pouco, se tornem experts ao volante.
Com suporte ao PlayStation VR, torneios oficiais e a promessa de muito mais conteúdo do que os tradicionais Prologues lançados antes de entradas numeradas na série, Gran Turismo Sport foi um dos grandes destaques do estande da Sony na Brasil Game Show 2016. Mas quem é fã da série e passou por lá na esperança de ver o que há de novo aqui, entretanto, pode ter saído um pouco frustrado.
A bem da verdade, a demonstração presente na feira trazia um novo circuito – Tokyo Expressway, baseado em uma autoestrada real na capital do Japão – e uma primeira amostra do potencial gráfico que o PlayStation 4 está trazendo para a série. Mas as novidades param por aí, e no restante, o que vimos era nada mais do que Gran Turismo, com as configurações abrandadas para que os novatos não passassem mais tempo batendo do que correndo.
A versão, por exemplo, não possuía um sistema realístico de colisões, e encostar nos carros dos adversários ou vê-los fazendo isso com você quase não tinha efeitos na velocidade, andamento e visual dos veículos. Além disso, Tokyo Expressway é uma pista majoritariamente reta, com pouquíssimos pontos de frenagem e algumas curvas em alta velocidade que poderia até causar problemas para os jogadores menos experientes, mas não permitiam observar claramente as opções de simulação e controle.
Por outro lado, temos aqui a jogabilidade precisa e arrojada a que estamos acostumados na franquia. A demo de Gran Turismo Sport presente na Brasil Game Show era jogada em um volante, e o carro sempre respondia bem ao pressionamento de pedais e até mesmo às mais leves movimentações na direção. Os manjadores da franquia, em tais condições, com a dificuldade aparentemente no mínimo e os sistemas de física reduzidos, assim como a agressividade e dificuldade da inteligência artificial, não teriam o menor problema em liderar a prova com folga.
Chama a atenção, também, o conjunto visual, apesar de não se mostrar tão impressionante quanto o de títulos recentes, como Assetto Corsa, Project CARS ou até mesmo DriveCLub, da própria Sony. Gran Turismo Sport deixa a desejar, principalmente, nos efeitos de iluminação, uma característica que é tão marcante nos outros jogos de corrida da atual geração, e que mostra claramente suas raízes – estamos falando aqui de um título baseado em motores gráficos e sistemas criados originalmente para o PlayStation 3.
Se a ideia fosse apenas dar um aperitivo do que está por vir e apresentar aos jogadores algumas mudanças para o futuro, isso não seria um problema. Porém, pelo pouco que a demo da BGS 2016 permitiu avaliar, Gran Turismo Sport soa mais como um epílogo da era anterior da franquia do que o começo de uma revolução. Não há problema algum nisso, pois o título parece apresentar a mesma qualidade e fidelidade a que os fãs estão acostumados.
Resta apenas saber se as opções adicionais tornarão essa proposta um pouco mais consistente, ou se, pelo menos, servirá para atrair novos fãs para a franquia, algo que, por si só, já seria algo positivo para o futuro. Gran Turismo Sport é um jogo exclusivo para o PlayStation 4 e deve chegar no ano que vem.