O Survival Horror nasceu, cresceu, desapareceu e, agora, está voltando. Com games como The Last of Us, Alien: Isolation e The Evil Within provando que o terror nos games ainda tem muitos sustos para dar, pareceu uma boa ideia ressuscitar Alone in the Dark, uma das franquias que criou o gênero. É uma pena que a imaginação não seja tão boa quanto a execução e, infelizmente, a saga não vai voltar a seus tempos de glória por enquanto.

Durante o último final de semana, a Atari liberou a Beta fechada de Alone in the Dark: Illumination, o próximo game da marca. Com a dura missão de fazer jus ao passado e, ao mesmo tempo, trazer novas mecânicas que agradem aos jogadores de hoje está a desenvolvedora novata Pure FPS, em seu primeiro game. Um péssimo precedente que se confirma assim que iniciamos a primeira partida.

Na versão, que foi disponibilizada exclusivamente para quem fez a pré-venda do game, estão disponíveis os quatro primeiros capítulos da aventura com Ted Carnby, neto do protagonista do game original. Ele será um dos quatro personagens jogáveis na versão completa, e aqui, aparece investigando uma mina de carvão abandonada pertencente à Deluge Multinational Company.

Pode ficar tranquilo: o novo Alone in the Dark não é em primeira pessoa

Rapidamente, tanto ele quanto o jogador percebem que há muito mais ali do que simples mistérios. Logo de início, já somos apresentados a uma nova categoria de monstros e a uma das dinâmicas principais da jogabilidade, o uso da luz. A iluminação, como o título do game já diz, é essencial para um combate eficaz entre as criaturas e o protagonista está completamente indefeso se não souber utilizá-la com cuidado.

Os cenários são grandes e incentivam a exploração, principalmente por conterem itens espalhados por toda sua extensão. Aqui e ali, lustres, refletores e até mesmo elementos incendiáveis podem criar fontes de iluminação para auxiliar nos combates. Falando assim até parece fácil, mas mesmo na dificuldade mais baixa, o novo Alone in the Dark pega forte no desafio, com inimigos que se acumulam rapidamente podem cercar o protagonista em alguns instantes. Eles também podem destruir ou apagar as luzes, acabando com a única vantagem de Carnby.

Apesar desse nível de estratégia necessário durante toda a experiência, os cenários e os comandos são simples o bastante para que o jogador salte rapidamente para a ação. Os controles são os mesmos da maioria dos jogos de tiro e, aqui, não deve haver dificuldade alguma, a não ser, é claro, quando os problemas de jogabilidade aparecem e se tornam uma ameaça tão grande ou maior que as próprias criaturas. E isso, acreditem, é só o começo.

Um fantasma de si mesmo

Enquanto representante de uma franquia que serviu como a gênese do Survival Horror, Alone in the Dark: Illumination se parece demais com suas crias. Basta dar uma olhada rápida em seu protagonista para perceber que Ted Carnby, na verdade, é Leon Kennedy, de Resident Evil. O cabelo loiro caído no rosto, a jaqueta jeans com detalhes nas mangas e a disposição dos equipamentos táticos gritam ao protagonista da série da Capcom, ao mesmo tempo em que esvaziam o personagem principal de personalidade.

O mesmo vale para o aspecto que permeia toda a jogatina, o uso da luz. Quem conhece Alan Wake com certeza sabe muito bem como tudo funciona e, aqui, a Pure FPS não faz muita questão de levar o conceito adiante. Tirando o fato de que os inimigos aparecem em grande quantidade e atacam com extrema violência, e sem parar, temos aqui uma cópia do sistema visto no game da Remedy, só que bem piorado.

Pode ficar tranquilo: o novo Alone in the Dark não é em primeira pessoa

Mesmo os poucos elementos originais de Alone in the Dark: Illumination falham em criar a ambientação necessária para criar um clima de terror, mesmo que mínimo. Apesar dos gráficos com bons efeitos de iluminação e bastante claustrofóbicos, a trilha sonora repete temas de poucos segundos, que com certeza, continuarão tocando na sua cabeça mesmo depois de algumas horas de jogatina.

O ideal, então, é desligar o som, o que acaba evidenciando a repetição também dos efeitos sonoros de personagens e armas. Nada soa realista, cru, nem violento, e tudo parece extremamente insosso. Um tiro com áudio pouco característico da poderosa metralhadora usada por Carnby gera efeito nenhum nos inimigos, a não ser que eles estejam sob a luz. Seu próprio personagem também, muitas vezes, não reage ao ser atingido, e a única indicação de que você está sofrendo dano acaba sendo a diminuição em sua barra de vida.

É claro, estamos falando de uma versão Beta, e problemas devem mesmo acontecer. Ainda assim, eles são tão constantes e parecem tão entranhados na engine que é difícil acreditar que eles possam ser corrigidos até o lançamento. Experimente perder uma partida de bobeira quando o personagem simplesmente trava em uma barreira invisível, ou tem seu movimento interrompido por um inimigo em sua animação de morte para perceber o quão frustrante pode ser a experiência.

Cooperativo e diferenciado?

As duas palavras acima definem a segunda metade da experiência com Alone in the Dark: Illumination, mas não estavam presentes na Beta cedida ao NGP pela Atari. Na versão final, serão quatro personagens, cada um com sua própria história e poderes especiais. Será possível jogar sozinho ou acompanhado, com um progresso que é mantido mesmo que o personagem morra.

Como sempre se comenta sobre jogos medianos, dividir a experiência com um amigo pode tornar tudo mais divertido pelo simples clima de zoeira. Apesar disso, não era para ser assim em Alone in the Dark: Illumination, um game que poderia representar o renascer de uma franquia clássica mas que acaba sendo apenas uma mistura piorada de muitos clássicos que nasceram sob sua influência.

Infelizmente, também não vai ser dessa vez que teremos um bom Alone in the Dark vai voltar. Mas, até lá, não se preocupe (muito), tem outras franquias. Illumination chega ainda neste primeiro semestre e, por enquanto, permanece como um exclusivo para o PC.

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