No final do mês de abril, foi liberado o segundo episódio de Hitman, continuando a jornada do Agente 47, agora na belíssima cidade de Sapienza, na Itália. O episódio mantém a qualidade do anterior, mas o maior problema está na falta de conteúdo que justifique comprar cada capítulo separadamente.
Sem perder muito tempo em relembrar onde paramos no último episódio, Sapienza já começa nos apresentado aos próximos alvos: um magnata italiano e sua pesquisadora, que estão envolvidos na produção de armas biológicas. O grande arco da história do jogo (agora se passando nos dias atuais, após os eventos de Absolution) ainda é nebuloso, com um personagem ainda sem nome coletando informações sobre várias organizações criminosas e usando a organização do Agente 47 para limpar seus rastros. Com apenas uma cutscene nesse episódio, será necessário esperar um pouco mais para descobrirmos quais são as intenções desse personagem.
O segundo episódio de Hitman consegue elevar o nível de qualidade do antecessor, mas sua breve duração faz questionar se o formato episódico foi o melhor caminho a ser tomado.
Os cenários continuam muito bem feitos e detalhados, e em uma fase ensolarada, é possível admirar melhor as vistas proporcionadas. O level design continua sendo o ponto alto, pois além de uma imensa mansão (com direito a laboratório subterrâneo), o jogador pode explorar a cidade litorânea de Sapienza e gastar várias horas em todas as casas, lojas e pontos turísticos. Jogando por algumas semanas, sinto que ainda não encontrei todas as possibilidades que o nível dispõe.
A grande surpresa também está nas histórias que os cenários contam sobre alguns personagens. Isso é algo aparente em Paris, mas muito mais aprofundado em Sapienza. Silvio Caruso, o gênio milionário e perturbado que você deve eliminar, sofre com a perda da mãe por conta de uma doença degenerativa. Dentro de sua mansão, é possível ouvir funcionários comentando sobre o assunto, ver fitas do alvo com a mãe quando ele era criança, assim como visitar o quarto da própria falecida, vazio e impecavelmente arrumado. Tudo isso pode passar despercebido para quem está focado na missão principal, mas é um esmero admirável por parte da IO Software em se preocupar em contar uma história de maneira tão sutil.
Tudo é um pouco maior que na fase de Paris, pois além dos dois alvos, é necessário infiltrar-se em um laboratório subterrâneo e eliminar uma amostra de vírus que está sendo produzido. É algo diferente das infiltrações em ambientes sociais que conhecemos nos jogos da série, nos forçando também a pensar em novas estratégias.
Ao contrário do episódio inicial, Sapienza conta apenas com seu cenário principal, que, mesmo com todas as possibilidades que oferece, pode acabar sendo um conteúdo muito diminuto para justificar sua compra separada. Uma maneira de amenizar isso foi a introdução dos Agravamentos, onde o jogo seleciona um alvo e impõe diversas restrições e desafios de maneira gradativa. Parece simples no início, até se perceber como é difícil eliminar um alvo sem nocautear nenhum NPC ou se disfarçar. É um modo desafiador e muito divertido para aqueles que enjoarem da campanha principal.
Sapienza é como um prato de um restaurante chique. Excelente no que se propõe, mas deixa a sensação que poderia vir em quantidade maior. Seu level design consegue ser melhor que o visto no primeiro episódio, dando um mundo de possibilidades a serem exploradas, tanto durante a campanha principal como no novo modo de Agravamento, que adiciona um pouco mais de conteúdo num episódio curto, mas muito bom.
O jogo foi testado em um Playstation 4, em cópia cedida pela Square Enix.