Lançado em 2015, Horizon Chase rapidamente se posicionou como um dos principais títulos a serem desenvolvidos no Brasil. São diversos os motivos para isso: a qualidade, pura e simples; as influências muito bem amadurecidas a partir do clássico Top Gear; a trilha sonora do compositor do antigo game de corrida, Barry Leitch; ou o fato de ele ser plenamente acessível, estando disponível nos celulares por preços baixos, mas, também, apresentando um desafio digno dos jogadores mais hardcore.
A cada review ou vídeo publicado, um destes aspectos era enaltecido pelos autores, ou todos ao mesmo tempo. Em nosso próprio texto, publicado em 2015 aqui no NGP, finalizamos a análise de Horizon Chase afirmando que o game poderia se tornar maior do que ele próprio, representando um marco no desenvolvimento indie brasileiro. Três anos depois, deixemos os condicionais de lado – isso é uma realidade.
Agora em uma versão convenientemente chamada de Turbo, o título de corrida da Aquiris Game Studio alcança velocidade máxima. Tudo aquilo que encantou a gente no lançamento original de Horizon Chase está de volta, agora, com recursos inéditos, o poder gráfico do PlayStation 4 e PC e, acima de tudo, o nível de controle que apenas um joystick pode proporcionar.
Ao ser relançado para plataformas de mesa, o título ganhou algumas novidades importantes. A principal delas é a adição do modo multiplayer e, mais especificamente, do velho competitivo de sofá. Aos moldes dos melhores títulos do passado, até quatro jogadores podem disputar corridas simultaneamente, em tela dividida, sem que existam muitos reflexos em termos de performance.
Pelo contrário, a todo momento, Horizon Chase Turbo é incrivelmente rápido (mais uma vez, fazendo jus ao recém-recebido subtítulo). Ao contrário da versão mobile, os carros agora possuem freio, mas parar na pista continua não sendo uma boa opção. Na maioria das vezes, o jogador deve resolver aquela curva complicada melhorando o traçado, em vez de reduzir a velocidade.
Mais do que um relançamento, Horizon Chase Turbo representa o apogeu de um título. É a Aquiris apresentando o potencial máximo de sua criação.
Entretanto, mais do que no clássico Top Gear, instinto e sorte, às vezes, contarão mais do que a habilidade efetiva nos comandos. Uma entrada perfeita em uma curva pode ser completamente destruída pela presença de um oponente, enquanto saber a hora certa de usar o nitro pode significar a diferença entre uma capotagem ou a vitória.
O título também se tornou mais competitivo para quem não está compartilhando o sofá com amigos, por meio de um sistema de comparação de tempos a cada corrida, que se aproveita da abrangência maior das redes online das plataformas, e também de um modo “ghost”. Os tais “fantasmas” reproduzem as performances dos oponentes nas pistas e representam um desafio ainda maior do que os rivais controlados pela IA, que permanecem sendo fãs de usar seus veículos como carrinhos de bate-bate. Aliás, a quantidade de máquinas, que já era grande, aumentou.
Outra marca de Horizon Chase Turbo é a abrangência. O game tem controles simples e intuitivos, com poucos botões e que permitem que qualquer um o jogue, mesmo com o desafio elevado. Ao chegar ao PC e PlayStation 4, ele fica disponível a todo um novo público, que pode não o ter jogado em seu lançamento original, para iOS e Android. Esse aspecto acessível fica ainda mais claro quando se leva em conta que, no console da Sony, as cópias físicas custam cerca de R$ 50, o que o torna uma proposta mais do que interessante em um país no qual nos consideramos sortudos quando um lançamento chega por menos de R$ 200. Na Steam, então, o game tem o preço de um Lanche da Copa, R$ 38.
Com a nova versão, a Aquiris mostra ainda que soube reconhecer os (poucos) problemas da versão original, principalmente no que tocava a câmera, que era próxima demais dos veículos e poderia dificultar a pilotagem nos trechos mais velozes. Aqui, com a força das novas plataformas e de uma resolução bem maior, que pode chegar até a 4K no PlayStation 4 Pro, dá para ver tudo direitinho e, se você bater, a culpa não será mais da falta de visibilidade.
Talvez, porém, você acabe colidindo enquanto aprecia os cenários incrivelmente belos. A volta ao mundo proporcionada pelo game recebe agora novas pistas e, mais uma vez, a força do PS4 e PC torna aquilo que já era bem bonito ainda melhor, principalmente quando acompanhado da trilha sonora de Leitch, que também compôs novas faixas para Horizon Chase Turbo.
O relançamento ainda reforça a escolha acertada da desenvolvedora, que decidiu se desviar do caminho padrão e batido da Pixel Art para apostar em um estilo próprio. Dessa forma, a Aquiris garantiu uma personalidade que torna Horizon Chase Turbo único – a grande noção aqui é que estamos jogando um game novo, mas com muitas influências do passado, e não uma cópia ou clone de jogos antigos.
Mais do que uma remasterização, relançamento ou “requalquer coisa”, Horizon Chase Turbo representa o apogeu de um título. É a Aquiris apresentando o potencial máximo de sua criação e, mais uma vez, mostrando que não basta apenas referenciar o passado e ser nostálgico – o que realmente faz um game ser lembrado pelas pessoas é sua personalidade própria. E, aqui, temos isso de sobra.
O jogo foi analisado no PC, em cópia cedida pela Aquiris Game Studio.