Horizon

Horizon: Zero Dawn

por Ana Cruz

De zero a heroína

2017 vem cumprindo o que prometeu com uma quantidade enorme de lançamentos. Já tivemos a ressurreição de grandes franquias, e o nascimento de outras, com uma delas chegando em fevereiro, Horizon: Zero Dawn. No RPG de ação que se passa em um mundo pós-apocalíptico cibernético, a história gira em torno da jovem Aloy, que procura a aceitação do povo e deixar ser uma exilada.

Desenvolvido pela Guerrilla Games, a mesma de Killzone, Horizon não veio para ser mais um jogo de RPG. A desenvolvedora apostou em um mundo onde o apocalipse não foi bíblico ou nem de zumbis, mas, sim, das máquinas, onde o ser humano perdeu o controle sobre a tecnologia que ele mesmo criou.

Você encontrará diversos tipos de animais, desde os que são de carne e osso, como coelhos, raposas e javalis, até os cibernéticos, como Galopes, Catador, Vigias e até dinossauros, o Tirânico. Então, hora de coletar o maior número de itens e sucatas, enquanto, ao mesmo tempo, rola a história de Aloy e do mundo dominado pelas máquinas.

Já vimos isso antes

Em questão de jogabilidade e gráficos, Horizon é tão bem feito quanto qualquer outro game renomado. Mas, infelizmente, alguns pontos deixam a desejar, e o principal dele é a história. Não que ela não seja boa, mas o enredo em si não traz nada de inovador. Você encontra algo muito parecido, para não dizer igual, em animes, filmes, desenhos, séries e, arrisco dizer, até em fanfics.

Horizon: Zero Dawn correspondeu muito bem ao hype daqueles que esperavam um jogo grandioso e surpreendeu positivamente os que nem lembravam que ele seria lançado neste ano.

Seguindo o estilo clássico da “Jornada do Herói”, Aloy é o estereótipo desse tipo de personagem. Menina órfã, que recebe o chamado da aventura, mas o recusa porque seu foco é outro. Depois, temos o artefato que a ajudará nessa caminhada até sua meta, cavernas ocultas, mistérios sobre o passado e assim sucessivamente.

Você notará as semelhanças, logo no início do jogo, bem no estilo “O Rei Leão”, com o batizado da criança Aloy. Até então, você até se empolga, pois tem todo o conflito dos exilados, mas já viu isso em Naruto, por exemplo. Infelizmente, o enredo do jogo é tão previsível, que depois de fechar o primeiro arco, se prestar bem atenção logo em seguida, você já percebe o plot principal.

Fazendo a egípcia

As escolhas que o jogador faz raramente vão afetar a jornada em si, no máximo, permitem saber um novo fato aqui e outra acolá. As histórias envolvendo as tribos são muitos mais interessantes que a de Aloy. Apesar dos clichês, entretanto, a história é bem contada, mesmo deixando margem para uma possível continuação, pois todos nós sabemos que Horizon não veio apenas de passagem.

O defeito não está somente no enredo previsível, mas também na animação. Aloy é linda, tem um olhar curioso e feição simpática, mas o problema é que em algumas cenas que pediriam uma expressão raivosa ou desconfiada, o rosto dela congela. Isso não acontece somente com a protagonista, mas também com alguns personagens secundários, além do fato de que todos se mexem da mesma maneira em todos os diálogos.

Explorando um mundo novo

Apesar de toda a tecnologia, a sociedade em si, foi regredindo. Mil anos depois do domínio das máquinas, as pessoas vivem em tribos, inclusive com suas próprias regras. No começo da campanha, todas as vezes que você tentar conversar com algum cidadão da aldeia, poderá ser ignorado ou até hostilizado.

Apesar de todo o mapa ser lindo e ter diversos tipos de climas, ele só são enfeite. Você não terá problema nenhum com o terreno ao encarar algum animal ou humano.

Realizando as missões, tanto principais quanto secundárias, alguns vilarejos poderão ver Aloy com outros olhos. Ela deixa de ser apenas uma visita e passa a ser alguém que poderá salvar uma vida ou deter uma ameaça. Você vai se surpreender com a quantidade de missões que o jogo disponibiliza, principalmente no subterrâneo, que é onde sabemos os detalhes sobre o que aconteceu com a humanidade.

Mas o mais importante é que cada uma das tribos tem sua particularidade, até porque ficam em regiões diferentes. O mapa é bastante vasto e bem variado, apresentando desertos, florestas e áreas montanhas as. Tudo é muito bem feito e detalhado, com uma maestria que mostra que os anos de desenvolvimento valeram a pena. E claro que precisamos lembrar que os animais cibernéticos são impressionantes. Cá entre nós, quanto maior o bicho, maior a emoção no combate – principalmente contra Tirânicos.

Mas não são só as caçadas, mas suas atitudes também podem causar problemas no meio da vida selvagem. Um exemplo é quando você aprende a habilidade de converter as criaturas para usá-las como montaria. No momento em que você o converte, esse mesmo animal vira inimigo dos demais, ou seja, se deixá-lo sozinho, ele poderá ser atacado e morto. Então pense duas vezes antes de colocar a vida do bichinho em perigo. Quer natureza robótica mais viva do que essa?

Candidato ao GOTY?

Horizon vem com força. Gráficos tão bonitos quanto os de Uncharted 4, que dispensa comentários. Uma natureza viva, cheia de detalhes, principalmente à noite, quando os vaga-lumes voam pela vegetação e só deixam o ambiente ainda mais bonito. A dublagem é excelente, tanto no idioma original, quanto em português, com exceção de algumas frases aleatórias que são ditas do nada e podem causar certa estranheza. A jogabilidade não te deixará na mão em momento algum, pois é simples e precisa.

Em questão de jogabilidade e gráficos, Horizon é tão bem feito quanto qualquer outro game renomado. Mas, infelizmente, alguns pontos deixam a desejar.

Apesar de todo o mapa ser lindo e ter diversos tipos de climas, ele só são enfeite. Você não terá problema nenhum com o terreno ao encarar algum animal ou humano. Inclusive, em tempestades de areia e chuvas, que apesar de bem feitas, não irão influenciar em nada na jogatina, sua flecha irá com a mesma precisão contra o inimigo. Para alguns, isso pode ser visto como algo positivo.

Entretanto, quem recentemente viu The Legend of Zelda: Breath of The Wild, deve achar que esse é um detalhe que ficou faltando. Pelo menos a Aloy reclama do frio, com cabelo e roupas que se movem conforme o vento.

Horizon: Zero Dawn correspondeu muito bem ao hype daqueles que esperavam um jogo grandioso e surpreendeu positivamente os que nem lembravam que ele seria lançado neste ano. Porém, sejamos francos, mesmo tendo potencial e agradado grande parcela do público e da crítica, Horizon: Zero Dawn poderá ser esquecido simplesmente por ter sido lançado no começo do ano, sair um pouco antes do jogo mais bem avaliado da última década. É um jogo que merece mais que uma chance.