Em uma raridade nesta coluna, vamos falar sobre um game de luta independente com destaque mundial, que se tornou free-to-play “daquele jeito” limitado que as empresas adoram jogar pra cima dos clientes, com seus muitos recursos trancados e modos de jogo desbloqueáveis se fizer chover a grana. A princípio, podemos localizar Fantasy Strike entre os clones de Street Fighter e afins dos anos 1990, mas sem que ele deixe de contribuir para a história do gênero de luta, para o bem ou para o mal.

Devido ao caráter do título, não falaremos absolutamente de todos os modos, mas apenas daqueles que podemos jogar livremente e onde está o core perceptível do jogo. São eles: Training e partidas contra a CPU e o modo online.

Fantasy Strike foi lançado oficialmente em 2017, e já em 2019 alcançou todos os consoles e plataformas como Linux e Mac, se tornando bastante acessível, com direito até a APK para Android. Não será difícil jogar este indie que sempre recebe notas altas por ser um jogo de luta competitivo simplificado, pois parece que as pessoas estão perdendo massa encefálica para fazer comandos de “meia lua” para a frente ou de segurar para baixo por dois segundos e para cima mais botão de chute.

Enfim, Fantasy Strike facilita tanto que o botão de abaixar não existe, sendo apenas um ataque normal, ao lado de outros dois para Super Ataques, Agarrão e Super. Tudo facinho, de mão beijada!

Falemos primeiro dos personagens, que sempre lembram algum outro que você já viu em outro lugar, clichês mesmo! Como esperado, o suposto personagem principal Grave tem suas técnicas orientais misturadas, que parecem ao mesmo tempo Karate, Kung Fu e Kendo, além de poderes baseados em vento, trovão e… chuva? No ar, pode invocar o vento como Rachel Alucard, de Blazblue, ou fazer um KohRin Kazan do Hanzo de World Heroes. No chão, há a magia de nuvem carregada ou uma espadada, o único golpe com a arma do personagem, pois seu Super no chão é um Shin Shoryuken e, no alto, um contra-ataque que agarra o oponente.

Jaina é uma arqueira que dá Shoryuken e perde vida com isso. Rook é o Aganos simplificado de Killer Instinct, com golpes do Zangief e Thwomp de Mario Bros. Valerie é uma pintora feliz, que mistura o pincel mágico do Taizan Morozumi de Samurai Shodown com as habilidades voadoras e de locomoção de B, Jennet de Garou, com seu Super que é similar ao de Charlotte no chão e, no ar, ao de Millia Rage.

Geiger mistura Relius Clover, de Blazblue, com Nash. DeGrey também tem muito de Relius Clover, até uma fantasma que agarra, única função da pobre alma, infelizmente, mas também tem os socos de Slayer, de Guilty Gear. Lum não é plágio por ser um Panda que luta, e sim por ser o Faust do jogo, arremessando itens aleatórios na tela, que agridem e curam. Setsuki já valeria um processinho maroto da Capcom, pois é uma menina ninja que tem tudo da Ibuki, menos o carisma. Midori é um mestre do protagonista que vira dragão, ficando muito injusto por pouco tempo, usando a pose de luta de Gouken.

Argagarg é uma mistura de Ranno, de Rivals of Aether, com Dhalsim, com sua cara de peixe-anfíbio, pose de eremita e seus membros que alongam, invocando seus poderes e até uma onda, estilo Armaggon, de Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters, mas só empurra e facilita que os peixes dourados avancem até o oponente. Entre os dois novos personagens, temos Quince, o mago lutador especializado em reflexos de espelho, que consegue criar de duas a três cópias, tanto para enganar os adversários quanto para acertarem mais de uma vez. Seus espelhos funcionam como Aegis Reflector do Urien e seu visual é baseado no personagem de Hunter x Hunter, Kastro, assim como algumas de suas habilidades. O outro novo lutador é Onimaru, que não tem nada de Oni, mas é um samurai steampunk com golpes bem originais, exceto seu Super terrestre, que é simplesmente a espada carregada de Hakumen. Ele consegue conjurar dois de seus soldados robôs e assume posturas de defesa e contra-ataque, se tornando meu personagem preferido.

Plágios a parte, Fantasy Strike tem gráficos maravilhosos e foi um dos jogos comparados com The King of Fighters XIV nesse aspecto, mesmo ficando aquém da geração. Os efeitos visuais, design de personagens, cenários (alguns plágios, também) e efeitos sonoros são muito legais e tudo roda certinho no modo online. As vozes estão nítidas e os personagens são bem animados. Certamente, a intenção era criar um jogo bonito e fácil de jogar para atrair novos adeptos ao gênero.

Deu tão certo que campeonatos de Fantasy Strike são muito frequentes e muitos YouTubers famosos pelo mundo já deram atenção para este icônico jogo de luta, que no fim das contas, é realmente muito divertido. Claro que uma jogabilidade mais avançada pode deixar tudo mais divertido, mas a faca de dois gumes é exatamente esta: se sofisticar demais, a geração Smash Bros. foge, mas ao se manter simples demais, os entusiastas do gênero podem desistir logo que sair um similar, como foi com Granblue Fantasy Versus.

Claro que existe também uma ótima perspectiva conceitual por trás de Fantasy Strike, que deseja ser o jogo “porta de entrada para os jogos de luta”, fazendo os novos adeptos entrarem calmamente em um mundo cheio de detalhes, termos, situações adversas, variantes e com várias mecânicas que se misturam e cancelam. São elementos que fariam muita gente sair correndo antes mesmo de ver a lista de comandos, que aqui é bem simples. O mais complexo é o direcional para algum lado e ataque normal, enquanto o Combo mais extenso é composto de ataque aéreo, terrestre e Super golpe, ensinado no Tutorial que merece os parabéns por ser tão completo, sem ser complexo.

Outra parte bem simples e original é que a barra de energia é segmentada em partes e cada ataque tira um segmento, ou seja, um simples combo pode remover metade da energia facilmente. Por isso, o padrão de número de rounds é de melhor de sete! Os personagens são divididos em categorias famosas de equilíbrio, com os mais rápidos tendo menos energia, e os mais pesados, mais, a lógica básica. Caso você não conheça nada disso, o próprio jogo demonstra na tela de seleção de personagens, um detalhe que foi copiado pela Arc System no novo Guilty Gear Strive. Então, não se surpreenda se seu personagem tem apenas cinco segmentos de energia e o adversário sete, pois, certamente, sua fraqueza é velocidade e alcance, a menos que ele vire dragão, solte trepadeiras para te agarrar ou seja um Samurai com uma Broadsword.

Em resumo, Fantasy Strike é um jogo indie muito divertido que vai agradar a gregos e troianos da comunidade de jogos de luta, além de fazer todos se reunirem em volta de uma diversão prática, honesta e, agora, acessível. Claro que para desfrutar de tudo que o jogo oferece só pagando, mas se for o que seu coração pede, compre sem medo, pois não custa nem R$ 40 e certamente terá nova expansão em breve, pois o título está em alta e tem poucos personagens para um jogo em sua quarta temporada.

O game está disponível para PC, Switch e PS4. A equipe ainda não deu um parecer oficial sobre a versão Xbox One, enquanto afirmam que restrições da Sony impedem que o cross-play seja pleno entre as plataformas. De qualquer forma, ainda é o jogo do gênero com maior alcance entre variadas plataformas e com muito futuro e polêmicas pela frente!

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