Faz um bom tempo que não testávamos um indie brasileiro, e principalmente, um jogo 3D de plataforma com visual sombrio e uma aventura macabra. Aqui, diferente de outros jogos, não há sangue e violência, e sim o medo do escuro e a temática de pesadelo, com o jogador resolvendo puzzles e evitando que inimigos obscuros ataquem a criança que só tem os vagalumes como recurso de iluminação e para passar obstáculos. Em Fireflies, a dificuldade começa nos controles e termina na falta de estímulo para continuar jogando, apesar do visual.

O jogo mostra a saga de uma criança vestida com algo parecido a um poncho peruano, que tem o poder de reunir a luz dos vagalumes nas mãos. Os insetos podem alterar coisas neste mundo sombrio dos sonhos, e quando ela desperta, precisa atravessar uma mansão que exige a resolução de puzzles e a esquiva de fantasmas, cães com olhos de lanterna e mobílias estranhas enquanto procura uma saída em um jogo em trilhos. Apesar da imersão em 3D, a simulação de ação é 2D.

A história vai se revelando de forma similar a outro indie brasileiro chamado Eternal Hope, que usa de visual sombrio e mensagens desestimulantes e explicativas para o jogador ir compreendendo do que se trata, sabemos que é preciso avançar e procurar um caminho passável. O puzzle de ativação de passagens utiliza os vagalumes para ativar totens, que, por sua vez, ativam algum desbloqueio de caminho, mas para chegar a eles, o jogador terá que andar muito, agachar e saber a hora de usar o poder dos insetos.

Como não há cutscene de introdução, não dá para saber a relação da criança com os vagalumes, além da utilidade deles na iluminação, quebra de obstáculos e ativação desses totens, que pode atrair fantasmas. Existem algumas questões básicas que dificultam ao jogador conseguir se divertir com o desafio proposto pelos desenvolvedores, pois os controles são incômodos, com o abaixamento involuntário do personagem se jogado no direcional analógico ou a ativação da luz verde sem ninguém ter solicitado o comando, o que pode atrair fantasmas e morte certa. Outro mistério é o disparo triplo da cúpula de luz de vagalume que necessita de mais refinamento na arte.

A intenção era fazer um jogo obscuro, mas é necessário ter esse controle da iluminação para que não se esconda o personagem ou obstáculos. Assim, a ideia é não gerar mais frustração, o que também inclui partes do cenário que entram na frente quando se executa ações simples, mas nem tanto, já que a movimentação é limitada pelos trilhos de movimentação. Um simples subir e descer de escadas tem que ser limitado ao botão de ação, tornando mais lento o ato de escalar, que não pode ser cancelado com um pulo, e fazendo homenagem ao primeiro Castlevania sem querer.

Apesar da clara referência ao famoso Limbo e outros jogos da mesma temática, Fireflies não consegue manter o interesse do jogador por muito tempo, pois a narrativa é estragada pelos controles rebeldes, a falta de agilidade na movimentação e nenhum recurso gráfico que cause admiração ou um personagem que desperte interesse ou apego. Tudo parece muito impessoal. Não existem itens, moedas, habilidades novas, nada que sugira evolução no gameplay ou que cative o jogador a ficar fazendo esses quebra-cabeças simples.

Não há um roteiro interessante ou mistério inovador por se tratar de um jogo narrativo. Tenho esperança que a equipe aperfeiçoe Fireflies, e em um próximo patch, ele rode lisinho e com uma experiência mais profunda entre personagem, contexto e trilha sonora imersiva.

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