Não é nenhuma novidade que o game brasileiro mais comentado aqui e no exterior é o grande projeto da Onanim Estúdio, Trajes Fatais (ou TRAF, na abreviação). O título está ganhando repercussão até em mídias que não costumam sequer citar esse meio, a não ser para envergonhar seus diplomas dizendo que eles são má influência para os mancebos mais inocentes, e ganhou destaque na primeira página do jornal O Povo, além de uma matéria no site deles. Mas por quê tanto hype em cima de um jogo brasileiro, se o senso comum era abusar da síndrome de vira-lata e já julgar como ruim apenas por ser nacional? Veremos a seguir.

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Fugindo também do senso comum, este review sobre a demo do título falará sobre o “caminho do guerreiro”, o game developer brasileiro que precisa não só vencer os preconceitos sociais por não ser um profissional formal de escritório, por pessoas que não consideram esforço o trabalhador que lida com imagens, áudio e video, a não ser que esteja em uma empresa já aceita pela opinião pública. Ele não precisa apenas vencer os preconceitos por ser brasileiro, por seus próprios compatriotas que condenam qualquer iniciativa nacional que use de nossa cultura. Existem os desafios de ficar meses a fio editando um game, programando, fazendo Pixel Art e rodeado de “desestimuladores” que todo Indie Maker precisa superar com sua equipe. TRAF é um monumento à indústria nacional de games de qualidade e um estímulo para outros criadores.

Voltando em 2007, Onofre Paiva, criador de Trajes Fatais, já era um conhecido Mugen Maker, criador para a engine de jogos de luta Mugen, que havia feito, junto do também talentoso Fervicante, a personagem Lucy Fernandez. A sambista acrobata lutadora fez tanto sucesso que não só a personagem foi escalada para o Kof Zillion, único jogo não oficial reconhecido pela SNK, quanto a homenagem que a Arc System Works fez a ela em 2008, com a personagem Litchi Faye Ling, de BlazBlue. Além de golpes iguais, colocaram em uma placa do cenário dela os dizeres ON/OFF, o nick de Onofre na época. Certamente só os brasileiros não gostaram, chegando ao ponto de dizerem que era o contrário, e que a indicação queria se aproveitar da situação, contrariando a lógica das datas nesse argumento falho.

A demo de Trajes Fatais traz quatro personagens, de um total de cinco, e já mostra a que veio: gráficos originais, Pixel Art detalhado e trilha sonora original e divertida (a minha preferida é a da festa nordestina), com um sistema de combos que vai atrair jogadores tanto casuais quanto dedicados. Abrindo mão dos clássicos comandos de Hadouken e Shoryuken, basta aprender cada golpe dos personagens e entender qual o alcance, pois todos os comandos são iguais, com apenas um botão de ataque onde os direcionais darão a variação de técnicas e os cancelamentos de super golpes. Por enquanto, só temos o modo Versus e podemos ir nos acostumando com o sistema de jogo ou enfrentando um amigo até termos uma nova versão para testes ou edição definitiva. Meu personagem preferido é o ninja da vila oculta da terra-seca, Lourenço Sombra.

Trajes Fatais pode se tornar o pioneiro não como jogo brasileiro que fica famoso no Brasil e exterior, pois já temos os maravilhosos Chroma Squad e Horizon Chase, mas também pode fazer a diferença no cenário de E-Sports, a ponto, quem sabe, de chegar em um EVO e trazer mais credibilidade interna ao contraditório panorama brasileiro de 4º maior mercado consumidor de games há duas décadas, mas cuja indústria é um feto de uma mãe fumante…

Você pode acessar a demo jogável pelo site que a Onanim disponibilizou no itch.io. Como Trajes Fatais já tem luz verde do Steam Greenlight, vamos esperar pra ver o fascinante desenrolar desta nova franquia de jogos de luta que nasceu em nosso Brasil!

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