Just Cause 4

Just Cause 4

por Caio Vicentini

E o vento levou…

Just Cause 4 é o novo jogo da Avalanche Studios, parte de uma franquia que não é muito conhecida pela sua história quanto pelas explosões cinematográficas e manobras absurdas. Esse jogo não faz muito de diferente em sua estrutura, a não ser adicionar elementos que só potencializam o caos em meio ao cenário.

O que temos é um game perfeitamente razoável e divertido à sua própria maneira, sem grandes ambições de se tornar algo muito diferente do que é visto no restante da franquia. Tudo parece apenas uma progressão natural das aventuras de Rico e sua trupe. Isso é bom? Em partes, sim, prender um soldado inimigo à uma vaca com um propulsor nunca vai deixar de ser divertido, mas a Avalanche ainda precisa encontrar um meio de pegar essas bugigangas e inseri-las em um papel mais ativo da campanha.

Os ganchos e cordas, marcas registradas da série e já conhecidas pelos fãs, continuam lá, trazendo uma gama de soluções divertidas para conflitos, como colocar balões e propulsores em um tanque e transformar-se em um balão com canhões. O problema é que não parece existir um incentivo a ser criativo com esses brinquedos. Várias missões da campanha se resumem a destruir bases ou atacar e se defender de comboios inimigos, objetivos simples que podem ser uma maneira de a desenvolvedora deixar a cargo dos jogadores como proceder.

Por vezes, porém, o caminho mais fácil é apenas atirar e explodir tudo com granadas, pois não há qualquer incentivo extra ao uso criativo de ferramentas. Algumas missões de explorar territórios antigos da região usam um pouco das habilidades de movimentação de paraquedas, assim como do planador, mas no geral, a sensação é de que o jogador está a cargo de tornar as coisas mais divertidas do que o jogo pode proporcionar.

A maior adição do quarto jogo é a inserção de catástrofes climáticas, como tornados, para complicar ainda mais a vida de Rico. Eles adicionam um espetáculo visual muito interessante, tirando proveito de que quase tudo no cenário pode explodir ou ser arremessado para longe. Essas intempéries são causadas por máquinas que devem ser destruídas para evitar que acabem com tudo no caminho, uma solução talvez um pouco fácil e batida demais, mas não há de se negar que ir de frente com um avião em direção a um tornado é uma experiência única.

A série Just Cause é o “Sharknado” dos games. Isso é bom? Em partes, mas a produtora ainda precisa encontrar um meio de pegar essas bugigangas e inseri-las em um papel mais ativo da campanha.

A história de Just Cause 4 é quase um pano de fundo para dar contexto às explosões e caos que o jogador lançará sobre os inimigos, sendo bem previsível e pouco interessante boa parte do tempo. Agora como freelancer, Rico enfrenta as forças corporativas por trás do projeto Ilapa, que está desenvolvendo os aparatos responsáveis pelas mudanças climáticas extremas na nova região de Solís.

O jogo se tornou maior e mais geograficamente diverso que seu antecessor, com florestas, desertos e cidades à disposição para serem exploradas e, obviamente, destruídas. Além de todas as missões principais, o jogador ainda deve participar de uma revolução entre os locais e as forças paramilitares que oprimem os vilarejos, não muito diferente do que foi visto em outros jogos, mas com o detalhe que o jogador deve conquistar territórios.

Tais feitos são necessários para, por exemplo, destravar novas missões. No início é divertido ver que é necessário ser uma peça ativa na luta armada contra os vilões do jogo, mas depois de um tempo fazendo as mesmas coisas, a vontade é de ter só de um jeito de ir para a próxima missão sem destruir a quarta base inimiga seguida.

É talvez aí que apareça o grande problema da franquia que não parece que será resolvido tão cedo: tudo acaba envolvendo sempre o mesmo leque de ações que se repetem constantemente. A diversão de amarrar soldados em galões de gás o tempo todo não dura muito tempo.

A série Just Cause é o “Sharknado” dos vídeo games, comparação que se deve ao aumento constante do caos inserido a cada nova entrada das franquias e a falta de preocupação com coisas banais como realismo ou história (e agora as duas tem tornados!). Ambas são descompromissadas e só querem que as pessoas se divirtam com o que têm a oferecer, apesar de parecer que o que é trazido é só uma versão mais absurda da anterior, e está tudo bem com isso.

Em tempos de jogos com centenas de horas e histórias filosóficas sobre a humanidade e o universo, é bom não se levar a sério às vezes.

O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Square Enix.